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A uma janela de Roma
Papa espera “abundantes frutos” da viagem à Turquia
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O Papa acredita que a viagem que realizou à Turquia pode ter influência no “diálogo com os irmãos ortodoxos”. Na semana em que líderes de várias confissões religiosas assinaram um acordo, no Vaticano, para erradicar a escravatura, teve início o Ano da Vida Consagrada.

 

1. A recente visita à Turquia, de 28 a 30 de novembro, foi o tema da catequese na audiência-geral da passada quarta-feira, dia 3 de dezembro, com o Papa Francisco a referir-se a cada um dos dias da sua viagem apostólica, começando por salientar que o primeiro dia foi mais dedicado a encontros com as autoridades do país. O Santo Padre registou o facto de que a Turquia é de maioria muçulmana mas tem uma Constituição que garante a laicidade do Estado. O Papa aproveitou a oportunidade para lembrar a importância de que cristãos e muçulmanos trabalhem juntos na promoção da solidariedade, da paz e da justiça. “Por isso insisti na importância de que cristãos e muçulmanos se empenhem juntos pela solidariedade, pela paz e a justiça, afirmando que cada Estado deve assegurar aos cidadãos e às comunidades religiosas uma liberdade de culto”. O segundo dia da viagem à Turquia, prosseguiu o Papa, teve como centro a celebração eucarística, na qual participaram os pastores e fiéis dos diversos Ritos católicos na Turquia. Também estiveram presentes representantes de outras Igrejas e comunidades eclesiais, que se uniram na invocação ao Espírito Santo pela unidade da Igreja. “Juntos invocámos o Espírito Santo, Aquele que faz a Unidade da Igreja: unidade na fé, unidade na caridade, unidade na coesão interior”. O terceiro e último dia, Festa do Apóstolo Santo André – observou ainda o Santo Padre –, ofereceu o contexto ideal para fortalecer as relações fraternas entre o Bispo de Roma e o Patriarca Ecuménico de Constantinopla. Foi assinada uma Declaração conjunta que representa mais uma etapa na estrada da plena comunhão entre católicos e ortodoxos. “Pela intercessão de Nossa Senhora, possa esta viagem produzir abundantes frutos no diálogo com os irmãos ortodoxos, com os muçulmanos e contribuir para a construção da paz entre os povos”, concluiu o Papa Francisco.

Antes da audiência-geral, o Papa recebeu na Ala Paulo VI cerca de 30 participantes do III Encontro de líderes cristãos e muçulmanos, sublinhando que a visita “ajuda a fortalecer a nossa fraternidade”. “Este é o caminho da paz: o diálogo”, reforçou.

 

2. No primeiro dia da visita à Turquia, em Ankara, Francisco condenou o fundamentalismo, falou de direitos humanos e liberdade religiosa; mas também ouviu como resposta, por parte das autoridades políticas e muçulmanas, que é preciso condenar a islamofobia, ou seja, o ódio contra o Islão. Na manhã seguinte, em Istambul o Papa cumpriu o gesto simbólico de entrar descalço na mesquita azul (tal como Bento XVI o tinha feito em 2006) mas, neste Domingo, após ter encontrado jovens refugiados que fugiram do Médio Oriente, com as suas famílias, vítimas do fanatismo islâmico, Francisco voltou ao assunto, em conversa com os jornalistas, a bordo do avião. O Papa esclareceu que “nem todo o Islão é mau e que o Corão é um livro de paz”, mas que é preciso haver “uma condenação mundial do extremismo islâmico por parte dos líderes políticos, religiosos e intelectuais muçulmanos”.

Francisco revelou que gostaria de ter ido a um dos 22 campos que acolhem mais de um milhão de refugiados junto à fronteira turca, mas que isso não foi possível, não por vontade sua... Ainda a propósito dos cristãos vítimas dos radicais islâmicos, o Papa também mostrou vontade de ir ao Iraque, chegou mesmo a falar com o Patriarca dos Caldeus, monsenhor Louis Sako, enviou àquele país o cardeal Fernando Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, mas todos reconheceram que a sua presença naquela zona “aumentaria ainda mais os problemas de segurança”.

Quanto ao diálogo com os ortodoxos de Constantinopla, o caminho tem tido progressos, com mútuos sinais de amizade e desejo de comunhão, com uma declaração conjunta assinada por Francisco e Bartolomeu, onde se reconhece que “não nos podemos dar ao luxo de agir sozinhos, porque os atuais perseguidores dos cristãos não perguntam às vítimas qual é a Igreja pertencem”. “O caminho será longo e requer paciência”, conclui Francisco, com um sorriso, no regresso a Roma. E os ortodoxos de Moscovo, o que pensarão disto? Resposta do Papa: “Temos de esperar, também gostaria de lá ir, ou ter um encontro com o Patriarca Kyrill, mas por causa da guerra [na Ucrânia], isso agora passou para segundo plano”.

 

3. O Papa uniu-se, no dia 2 de dezembro, a vários líderes religiosos mundiais numa declaração comum pela erradicação da escravatura até 2020 e para sempre. Francisco qualificou como crime de lesa humanidade todas as formas de escravatura moderna. “Trabalharemos juntos para erradicar o terrível flagelo da escravidão moderna, em todas as suas formas: a exploração física, económica, sexual e psicológica de homens, mulheres e crianças acorrenta dezenas de milhões de pessoas à desumanização e à humilhação”, referiu, na sede da Academia Pontifícia das Ciências, no Vaticano, onde estiveram presentes líderes anglicanos, muçulmanos, hindus, budistas, judeus, ortodoxos e católicos.

 

4. Foi inaugurado o Ano da Vida Consagrada, na Basílica de São Pedro, na manhã de Domingo, 30 de novembro, numa celebração presidida, em nome do Papa, pelo prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal João Braz de Aviz. No início da celebração, o secretário deste dicastério, arcebispo José Rodríguez Carballo, leu a mensagem que o Papa enviou para esta ocasião: “Ao convocar este Ano da Vida Consagrada, 50 anos após a promulgação do Decreto conciliar ‘Perfectae Caritatis’ sobre a renovação da vida religiosa, antes de tudo queria propor a toda a Igreja a beleza e preciosidade desta forma peculiar de seguir a Cristo, representado por todos vocês”.

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