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P. Manuel Barbosa, scj
12 desafios “fratelli tutti”
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Em partilha recente sinalizei a semana de estudos sobre a vida consagrada, realizada de forma digital ao longo da Quaresma, e acenei à reflexão da Irmã Conceição Mesquita que propõe 12 desafios ou atitudes à luz da encíclica “Fratelli tutti”. Destaco-os agora por constituírem fortes interpelações à essência da nossa vida cristã: a filiação em Deus e a fraternidade de irmãos, na sua intrínseca união. Algumas dicas dessa reflexão (as citações são da encíclica):
1. Amabilidade. “A amabilidade é uma libertação da crueldade que às vezes penetra nas relações humanas, da ansiedade que não nos deixa pensar nos outros, da urgência distraída que ignora que os outros também têm direito de ser felizes. Hoje raramente se encontram tempo e energias disponíveis para se demorar a tratar bem os demais, para dizer com licença, desculpe, obrigado. O exercício da amabilidade não é um pormenor insignificante nem uma atitude superficial ou burguesa. Dado que pressupõe estima e respeito, quando se torna cultura numa sociedade, transforma profundamente o estilo de vida, as relações sociais, o modo de debater e confrontar as ideias”.
2. Caridade. No centro da nossa vida cristã e social está a caridade, o amor de Deus derramado nos nossos corações, que nos transforma o olhar e nos leva a perceber a dignidade do outro.
3. Cuidado. O amor leva-nos a cuidar dos outros e da nossa casa comum, a contruir um mundo melhor. Cuidar da fragilidade de cada homem e mulher, com a mesma atitude solidária e solícita de proximidade do bom samaritano, é cuidar com ternura e fecundidade.
4. Diálogo. Para procurar juntos a verdade no diálogo, “precisamos de comunicar, descobrir as riquezas de cada um, valorizar aquilo que nos une e olhar as diferenças como possibilidades de crescimento no respeito por todos”.
5. Hospitalidade. Ser hospitaleiro é acolher e amar a todos sem distinção, com pequenos gestos de cuidado mútuo, com sentido gratuito, com o coração aberto para o diferente. “Quando se acolhe com todo o coração a pessoa diferente, permite-se-lhe continuar a ser ela própria”.
6. Proximidade. Ser próximos é cuidar das relações fraternas, escutar o outro, cultivar a cultura do encontro e da proximidade. “Habituamo-nos a olhar para o outro lado, passar à margem, ignorar as situações até elas nos caírem diretamente em cima”. No nosso quotidiano somos “próximos” ou “sócios”?
7. Perdão. “O perdão livre e sincero é uma grandeza que reflete a imensidão do perdão divino. Se o perdão é gratuito, então pode-se perdoar até a quem resiste ao arrependimento e é incapaz de pedir perdão”.
8. Reconciliação. Somos convidados a cultivar a reconciliação intimamente ligada ao perdão, a solidariedade e a paz, uma reconciliação reparadora que nos ressuscita e nos faz perder o medo a nós mesmos e aos outros.
9. Solidariedade. Ser solidário é agir com bondade e compreensão para com o próximo, ser responsável com os outros na procura do destino comum, estando ao serviço dos outros e do bem comum.
10. Estar alerta. É urgente estar alerta em relação aos vírus que prejudicam a fraternidade universal: as notícias falsas, as fofocas, a indiferença, o individualismo, o relativismo, o racismo explícito ou dissimulado, entre outros… e tomar as vacinas apropriadas para cada vírus.
11. Educar. O Papa Francisco convida-nos a “armar” os nossos filhos com as armas da ternura, da proximidade, da solidariedade, do diálogo, a ensinar-lhes o bom combate do encontro, porque a vida não é tempo que passa, mas tempo de encontro; ou nos salvamos todos ou não se salva ninguém.
12. Esperança. A esperança dá solidez a estes desafios e atitudes, abre-nos aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna. É urgente manter um olhar de esperança face à realidade da vida pessoal e comunitária, uma esperança que nos faz caminhar sempre na alegria, que para nós é a alegria do Evangelho.