Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
Sociedade de eus

Um amigo holandês disse-me há dias que se tinha cruzado com o seguidor duma seita satânica que distribuía panfletos pela rua. Falou com ele. Perguntou-lhe quais eram as grandes doutrinas em que assentava o seu culto. “Duas e muito simples”, respondeu. “A primeira é: Satanás pode fazer mais por ti do que pensas, e a segunda: ama-te a ti próprio”. “Inicialmente fiquei baralhado” – confessou o meu amigo – “É que a primeira ideia é lógica e facilmente se compreende. Já para a segunda esperava qualquer coisa do estilo: procura semear o ódio à tua volta. Mas não: bastava amar-nos a nós mesmos e esquecer os outros”.

Contudo, vendo bem, estas duas realidades (semear o ódio e o amor exclusivo de nós mesmos) não andam assim tão distantes. Quando nos colocamos a nós no centro do mundo; quando procuramos desesperadamente ocupar o primeiro lugar; quando nos preocupamos essencialmente connosco, com o nosso bem-estar, deixamos de dar atenção aos que se encontram à nossa volta: passam a ser, simplesmente, um meio para atingirmos os nossos objectivos. E, se todos pensam assim, não existe melhor caminho para as guerras, e melhor modo de semear o ódio.

Não tenho dúvidas de que a maioria das pessoas não é assim. Não tenho dúvidas de que, a grande maioria, seria capaz de se esquecer de si mesmo para cuidar de alguém que necessitasse, ali, num momento de emergência. E, no entanto, se é verdade que num instante de emergência somos capazes de cuidar do próximo, também não deixa de ser verdade que a ideia central da nossa vida – aquela que nos vendem todos os dias e que vai dando forma ao nosso viver – é bem o contrário. Construímos, em cada dia que passa, uma “sociedade de eus”. Esse acaba por ser o nosso primeiro critério: o que eu penso; o que eu gosto; a minha opinião; o que eu quero.

Habituarmo-nos a dar aos outros o primeiro lugar: grande caminho de conversão para esta Páscoa!

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