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P. Gonçalo Portocarrero de Almada
E se Maria tivesse aparecido em Düsseldorf?
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Outubro, mês do rosário. Aniversário, no dia 13, do milagre do Sol e da última aparição de Maria em Fátima, quando se revelou como sendo a Senhora do Rosário e pediu que se rezasse, diariamente, essa oração.
Um pedido inédito? De modo nenhum, porque já no primeiro encontro, a 13 de Maio desse ano, a “Senhora mais brilhante do que o Sol” não só tinha dito aos videntes que rezassem “o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”, mas acrescentara ainda que o Francisco que, tal como a Lúcia e a Jacinta, iria para o Céu, teria “que rezar muitos terços”.
Ficou tudo por aí? Não, porque no mês seguinte, não fossem os jovens interlocutores esquecer a mensagem que lhes tinha sido transmitida um mês antes, Maria voltou a aparecer-lhes, a 13 de Junho, para lhes dizer: “quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem” e “que rezeis o terço todos os dias”.
E assim foi, de facto. No dia 13 de Julho lá estavam, outra vez, os três pastorinhos. Que lhes foi dito nesta ocasião pela Mãe do Céu? Pois bem, exactamente o mesmo: “que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário”.
Ficou marcado novo encontro para o dia 13 de Agosto, a que faltaram os videntes, então detidos pelo administrador do concelho. Não faltou, contudo, a Senhora, que voltou a falar com os três, mas a 19, nos Valinhos: “Quero que continueis a ir à Cova da Iria no dia 13” e “que continueis a rezar o terço todos os dias”.
A 13 de Setembro, repetiu-se a transcendente visão, de que consta o já conhecido pedido: “continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da guerra”. Um mês depois, também no dia 13 – número talvez aziago para os supersticiosos, mas felicíssimo para todos os crentes em Deus e devotos de Maria! – a mensagem foi, uma vez mais, recordada à Lúcia: “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem a rezar o terço todos os dias”.
Que teria acontecido se, por disposição da divina Providência, as aparições não tivessem ocorrido em Fátima mas, por exemplo, na Alemanha? Seria até mais lógico que fosse essa a nação escolhida: não só era uma das principais potências beligerantes da primeira Grande Guerra, mas também, poucos anos depois, viria a ser a desgraçada protagonista da segunda guerra mundial, em que, de novo, sofreu uma terrível derrota.
Pois bem, se Nossa Senhora tivesse aparecido, por hipótese, em Düsseldorf e não na Serra de Aire, de certeza que não teria que se fazer ver uma meia dúzia de vezes, repetindo sempre a mesma mensagem. Quem conheça a tradicional fidelidade e eficiência do nobre povo alemão, sabe muito bem que, nesse caso, uma só vinda da celestial Senhora teria sido mais do que suficiente. Se assim tivesse sido, é de supor que os hipotéticos videntes não careceriam de tantas e tão repetitivas insistências sobrenaturais. Sabendo das bem conhecidas e muito apreciadas virtudes germânicas, a que certamente os interlocutores da Senhora e seus compatriotas e irmãos na fé fariam jus, é certo que todos os católicos dessa nação conheceriam, acatariam e cumpririam, escrupulosamente, o mandato mariano. Não seria difícil imaginar o que seria, supostamente, a sua resposta unânime aos pedidos da Virgem Maria: “Jawohl!”.
E … em Portugal? A capela, pedida na última aparição, construiu-se efectivamente e ainda hoje lá está, restaurada e ampliada, tão acolhedora quanto um regaço materno, no centro de um esplêndido recinto, abraçado por duas imponentes basílicas.
E o terço diário, que tão insistentemente nos foi expressamente pedido, tantas vezes? Não me atrevo a dizê-lo, mas temo que seis vindas de Nossa Senhora a este nosso país, que se orgulha de ser terra de Santa Maria, não tenham bastado para que todos os católicos portugueses honrem tão reiterado pedido da sua Rainha e celestial Padroeira…