O que fazer, como fazer nascer em cada paróquia um grupo impelido e nutrido pela Cáritas de Jesus, o Homem-Deus para o outro? Como fazer parte de uma das maiores redes de ajuda humanitária do mundo?
Sem que aconteça por razões de capricho ou moda, o amor-apaixonado da Igreja, em qualquer estação do ano, pelo incondicional bem-estar do Outro, nosso irmão, tem por nome Caridade – nunca é demais relembrá-lo. E ultimamente, nestes tempos tragicamente tocados pela pandemia, a sua importância e urgência têm-se feito notar, em todo o mundo, com redobrada força e vitalidade.
O mandato de Jesus, “Ide por todo o mundo” foi sempre um convite ao amor. “Ir” significou sempre “amar” indiferenciadamente. E “amar” não poderia jamais denotar outra atitude do discípulo de Jesus que não fosse viver-servindo, partilhando dons, talentos, haveres, para que nada, ninguém vivesse alguma vez na indigência, na necessidade do que é fundamental à vida. A quem procura a felicidade, mais de 2 mil anos de história do Cristianismo provam que felizes foram sempre os que, desapegados de si e do que administravam, se encontraram, na dádiva de si aos outros, serenos e com o suficiente. No dar se recebe, e é nessa abnegada entrega, que nada espera em troca, que a reciprocidade acaba por acontecer, residindo nela a “pérola” que todos procuram encontrar e viver por ela.
Apesar de ser um convite feito a cada um, “ir” foi sempre uma tarefa colocada a um “plural” de pessoas. Talvez se chegue mais rápido a um destino, partindo, atuando sozinhos, mas também aqui, a experiência de outros revela que, ainda que mais pausado, demorado, conversado, refletido, negociado, o caminho e o seu destino são bem mais robustos, sustentados e organizados, quando trabalhados juntos. São infindáveis as pessoas que diariamente se dão, mas aquelas que geralmente conseguem que o seu serviço seja sustentável, constante e duradoiro, são as que o fazem com outros de forma organizada. Precisando de cuidados a curto, médio e longo prazo, é desta coletiva mão por que anseiam pessoas em situação de pobreza e exclusão social, ainda que o vizinho do lado seja momentaneamente de uma enorme empatia e real ajuda.
E é esta, sem desprimor de qualquer ação mais individual, a forma de ser por excelência do amor-apaixonado da Igreja pelo bem-estar de quem nos é próximo, estando perto ou longe. Nas paróquias das nossas dioceses talvez não se tenha clara consciência de que toda a ação sócio caritativa, feita sob o comando do “Ir evangélico”, é Caridade, e que mesmo que Grupos Paroquiais de Ação Social (GPAS) se deem um nome, e que com o nome vivam uma particular espiritualidade ou forma de ser, os grupos serão sempre grupos “Cáritas”, e que, como tal, poderão beneficiar, na diocese (assim o desejem), das estruturas de apoio oferecidas pela Cáritas Diocesana. Sendo ela mesma composta por uma relação de forças de diversa perícia, o que a Cáritas Diocesana tem para oferecer a grupos constituídos ou com vontade de se organizarem (com total respeito pela experiência motivadora ou fundadora de cada um), é do que mais frequentemente carecem e mais dificuldade têm de se proporcionarem a si mesmos, ou seja, formação, acompanhamento, cooperação na realização de projetos ou iniciativas, monitorização e medição de impactos.
Sem que se tenha por chave capaz de resolver todas as problemáticas sociais, a Cáritas Diocesana tem por vocação relembrar a comunidade cristã da sua missão de amor, estimulando o nascimento (caso ainda não existam) de grupos de ação social que sejam expressão e testemunho vivo, efetivo e estruturado da alegria do Evangelho. Numa paróquia poderão existir os mais diversos movimentos, grupos com os mais variados nomes, mas atrevemo-nos a dizer que sem uma forte Cáritas Paroquial que todos congregue, nascida do esforço de todos, e por todos conhecida, sustentada e amada, qualquer comunidade eclesial carece da expressão que melhor define a veracidade da fé que se tem em Cristo.
A Cáritas Diocesana de Lisboa (CDL) iniciou há muito uma persistente itinerância, que a tem levado a encontrar-se com vigararias e paróquias da diocese, a quem é feita a proposta de constituição de uma Cáritas Paroquial. Pessoas generosas, voluntárias, uma enorme alegria e vontade, e o parecer positivo do pároco, são essenciais para que o processo possa iniciar-se, e ter de seguida o justo e adequado acompanhamento da CDL. Cada caminho é diferente, pois diferentes são as pessoas disponíveis, assim como os territórios, as pessoas que os habitam, as suas necessidades, e a visão que se tem das coisas. Mais vagaroso, mais célere, mais difícil, complexo ou mais fácil, no final, será sempre pela tenacidade de todos que a Cáritas Paroquial se ergue no interior da comunidade.
Os efeitos devastadores da pandemia sobre a vida, as famílias, o trabalho, os negócios são mais que visíveis – uma realidade que não se pode negar. A esperança vive hoje numa vacina e nos comportamentos que devem ser sempre mais responsáveis e respeitosos. Como estaremos no final de 2021 ninguém o pode prever. Mas o que há a fazer por quem mais sofre as consequências de uma inimaginável crise sanitária é já hoje gigantesco e precisa de todos nós.
Esta é a hora do real testemunho da Igreja. Esta é a hora da Cáritas emergir, se preparar e de sair ao encontro do rosto desprotegido, vulnerável e só, em todas as periferias da diocese de Lisboa.
Contacte-nos. Saiba mais: geral@caritaslisboa.pt; tel:. 213 573 386
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Caritas Interparoquial do Tojal
Tem 10 anos. Começou como um grupo informal ligado a uma loja solidária. O grupo foi crescendo até se tornar num grupo Caritas, sendo atualmente composto por 20 voluntários. Atua nas paróquias de Santo Antão e São Julião do Tojal, através da loja solidária, da distribuição de cabazes de alimentos, do acompanhamento de proximidade, da entrega de medicamentos e de outros serviços técnicos e logísticos. Até ao início da atual pandemia apoiavam cerca de 50 famílias. Em outubro-novembro já eram 85, num total de 200 pessoas abrangidas.
Cáritas Paroquial de Nossa Senhora da Vitória de Famalicão da Nazaré
Existe desde dezembro de 2019. Constituída por um grupo de 7 pessoas, colaboram, na resposta à pandemia, com diversas entidades e apoiam atualmente 22 famílias.
Cáritas Paroquial de Vila Franca de Xira
É uma IPSS. Na freguesia intervém através de 3 valências: Serviço de Apoio Domiciliário (60 utentes), Centro de Dia (30 utentes) e Atendimento Social (129 famílias/372 pessoas).
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