Nos testemunhos que nos foram dados por idosos, pelos seus familiares e por colaboradores somos capazes de reconhecer os tempos difíceis em que vivemos, com o olhar de quem acabou de passar por uma situação de alguns casos positivos de Covid-19 que felizmente não geraram mais contágios no Lar.
Não podemos deixar de celebrar e agradecer a entrega e a disponibilidade para cuidar do outro com amizade e carinho e pela solidariedade encontrada na procura das melhores soluções.
Inspirados pelo serviço da caridade, no encontro e cuidado ao próximo, tendo em vista o bem comum, sabemos que estas mãos que cuidam são um sinal muito presente do amor de Deus! Com esperança e sentido de comunidade, somos mais fortes para enfrentar os desafios que temos pela frente!
“Foi numa quinta-feira, ao final do dia, que recebi a informação que tinha três colaboradores infetados com Covid-19. O facto invadiu o meu coração e a minha cabeça como uma flecha. Onde é que falhei, foi a primeira pergunta que me fiz, para com a mesma rapidez me dizer que era tempo de agir e levantar os braços. E assim passei a noite desse dia em branco, a refletir o que deveria ser feito no dia seguinte.
Acionei o plano de contingência. Fiz os contactos que devia, e marquei uma reunião de urgência com toda a equipa. Foi duro olhar para os olhos de cada um e perceber o quanto assustados estavam. Emocionei-me e fiz um esforço desmedido para que as lágrimas não começassem a cair pelo meu rosto, quando vi toda a equipa unida, firme e pronta para fazer um inesperado e desconhecido caminho, encorajado pelas contínuas palavras ao telefone dos familiares dos residentes.
As horas entre a testagem de todos e o seu resultado foram das mais longas da minha vida. Gerir emocionalmente os familiares, a equipa e os residentes foi uma tarefa árdua e muito exigente. Fiz inúmeros “refresh” ao meu email, e sempre com medo, para perceber se já tínhamos alguma informação. E tive uma descarga imensa de adrenalina, com as lágrimas percorrem-me a cara, quando li que os residentes e restantes colaboradores não estavam infetados. Sucederam-se quatorze dias de isolamento, não tendo sido fácil, por um lado, explicar a cada residente, alguns com demência, que teria de permanecer no quarto mais uns dias, e por outro, fazer a gestão do seu tempo, preenchida, neste caso, pela escuta e apoio emocional, por videochamadas, pelo ouvir da rádio, por exercícios de ginástica, pela leitura e oração.
É verdade que estamos todos, cansados, exaustos, fartos. Queremos que todo este stress passe rápido. Estamos cansados emocionalmente. Fico de coração apertado ao observar a minha equipa cansada e exausta, mas é reconfortante saber que nem por um minuto baixam os braços, deixam de se ajudar, ainda mais agora. Não existem palavras que descrevam o constante “sim” de cada colaborador quando diz: “sim, eu ajudo”, “sim, eu faço outro turno”, “sim pode contar comigo”. Não existe dinheiro, objetos que compensem este amor constante, este compromisso e entrega total aos nossos Residentes, a esta Causa e a esta Casa.”
(Mariana Calderon Júdice, Diretora Técnica)
“Uma semana no quarto leva a um sentimento de solidão muito grande. O facto das cadeiras não terem o conforto dos sofás tornavam-se incómodas e davam dores no corpo. Tínhamos os livros, o rádio e a companhia uma da outra. O sentimento da solidão e receio têm impacto no nosso bem-estar, e mesmo nas leituras que tanto gosto de fazer, retiram a minha concentração. Sabíamos que estávamos a salvo, mas não ficamos descansadas pela nossa família, que anda lá fora, porque têm que trabalhar. Todos os dias me preocupo, até falar com a minha filha à noite e saber que estão todos bem.”
(Residente, desejou aparecer anónima)
“O confinamento é sempre difícil, tanto para quem tem consciência do que está a acontecer, como para quem possa encontrar-se mais confuso – muitas vezes não existe uma expressão verbal, mas as pessoas ficam mais tensas e reativas. O sentimento de se estar preso, de solidão e de medo são inevitáveis. Temos a noção que estas decisões protegem as pessoas, mas não deixam de ser violentas e de nos custar, enquanto cuidadores, sentir o impacto que têm no seu bem-estar, na sua vida e na das suas famílias.”
(Inês Morgado Melo, Psicóloga)
“Angústia, tristeza, impotência e um grande aperto no peito, pois os nossos residentes, que tanto tentamos resguardar, estavam em perigo. Mas reforçadas as medidas de segurança e todos sincronizados, senti-me segura e confiante que tudo ia correr bem. E correu.”
(Teresa Silva, Fisioterapeuta)
“Após 7 longos meses de apreensão, saudade, incerteza e privação, mas ao mesmo tempo de esperança, no caminho já percorrido, recebo a notícia que não queria ouvir, desde que tudo começou. A esperança transforma-se em angústia, a dúvida em tormento e espero que passem três longos dias. Temo pela minha mãe e por todos aqueles que ao longo destes 5 anos pude conhecer, conviver, partilhar momentos e histórias de vida. São depois boas as notícias que chegam e me permitem lentamente expirar de uma inspiração contida pelo medo (todos os testes negativos). Continuemos este caminho que é de todos, do qual não conhecemos nem o fim, nem os atalhos. Continuemos assim a cuidar o melhor que pudermos.”
(Guilhermina Pinheiro, Filha de Residente)
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