“Não passamos por aquilo que estamos a passar sem um custo”, alerta a psicóloga Joana Tinoco de Faria. Em entrevista ao Jornal VOZ DA VERDADE, esta profissional que faz parte da direção da Associação dos Psicólogos Católicos propõe uma maior “consciência” sobre o impacto das notícias da pandemia e fala da importância do “papel libertador” que a religião pode ter para ajudar a viver esta fase.
Lemos constantemente que as consequências da pandemia, sobretudo das experiências de confinamento e do luto, vão provocar, no futuro, sequelas a nível psicológico. Também tem esta convicção?
Nós não passamos por aquilo que estamos a passar sem um custo. A nível psicológico, sem dúvida, mas também nas outras dimensões da vida, quer sejam nas relações pessoais ou no nosso trabalho. Em tudo, a nossa humanidade está a ser ‘esticada’.
Hoje, vamos tendo, cada vez mais, consciência do medo. Muitas vezes, fica difícil perceber se sofremos pelo vírus ou se sofremos pelo medo. Vivemos uma situação de um certo medo coletivo que perdura no tempo… e claro que isto tem um custo! É preciso pensar em que medida e o que é que podemos ir fazendo para prevenir consequências na área da saúde mental.
Quando qualquer coisa acontece, estamos feitos de uma forma em que toda a humanidade se move para reagir, para se adaptar. Estamos nessa fase de reação, mas já num prolongamento. Portanto, os nossos recursos já estão, de alguma forma, desgastados. Como não vemos o fim a este problema, este é um dos grandes fatores que podem originar consequências, no futuro.
O que é ainda possível fazer para minorar esse “medo coletivo”?
Eu acho que não se tem consciência do impacto que as notícias dadas têm, ou, então, desvaloriza-se o que se sabe sobre isso. Gostava muito que se tivesse consciência disso, a nível dos meios de comunicação social, da sociedade civil e do próprio Governo.
Ouvir os números diários da pandemia parece já não causar muita diferença...
Já não, mas, ao mesmo tempo, mantém-nos num estado de alerta constante, porque não nos permite irmo-nos organizando com a informação que temos. Estamos sempre a ser bombardeados com informação e a forma como ela é escrita, noticiada, também tem aqui um efeito de nos pôr neste estado de alerta. Nós estamos em estado de emergência e de alerta do ponto vista psicológico. E isto tem um preço e vê-se, por exemplo, na forma como as pessoas estão reativas. Estamos num tempo de resposta de sobrevivência. Portanto, ou estamos paralisados de medo ou estamos, de uma forma mais agressiva, a tentar defendermo-nos.
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