Conheço cada vez mais pessoas que gostam de caminhar. Porque o médico recomendou, porque é bom fazer exercício físico, porque gostam de descobrir novas paisagens, porque saboreiam o silêncio e abrem os ouvidos para outros sons, porque caminham com outros, porque têm uma meta ou um santuário a alcançar. Há tantos caminhos quanto caminhantes. E cada caminho reclama despojamento, coragem e confiança. Pois quem procura comodidade e segurança, pode até viajar muito mas chegará sempre ao mesmo lugar.
Os evangelhos apresentam-nos Jesus sempre em caminho. Ao chamar os discípulos para “andarem com Ele” imaginariam eles as distâncias que iriam percorrer? Distâncias percorridas com os pés, e outras ainda maiores com a mente e o coração, no conhecimento de Deus e do seu projecto de amor. Nos encontros que tem com pecadores e doentes, pela palavra e pelos milagres, Jesus nunca ninguém deixa na mesma: “vai”, “levanta-te”; há sempre um futuro mais à frente e é preciso caminhar para ele. No caminho para Jerusalém, que ocupa grande parte do evangelho de S. Lucas, os discípulos aprendem lições fundamentais. Que serão para todos os que O quiserem seguir, ao longo dos tempos.
Nenhum caminho está feito à partida. Ainda que haja estradas ou trilhos, são os nossos passos, as pequenas e grandes escolhas de cada um e de cada comunidade que importam. Por isso, a decisão de partir é fundamental. Sabendo que haverá reais dificuldades. Umas por dentro: fadiga, desencanto, saudade do que se deixou. Outras por fora: rejeição, indiferença, perseguição. Logo na primeira etapa os discípulos descobrem que a rejeição acompanha Cristo e o Evangelho: uma aldeia de samaritanos recusa acolhê-los. Não será a violência o sinal dos seguidores de Cristo, mas a humildade.
Os três encontros de Jesus com “candidatos a discípulos” são também desconcertantes. Dois oferecem-se e um é chamado. Ao primeiro, Jesus aponta a confiança no Pai como condição fundamental para O seguir. Toda a instalação, pessoal e comunitária, tende a atrofiar as pernas e os sonhos. E acaba por aprisionar o pensamento, justificar rotinas vazias, limitar os horizontes. Mais do que as raposas e as aves, que nos parecem tão livres, somos chamados a uma liberdade maior. Ao segundo, Jesus propõe o novo sentido da vida que se liberta da morte. Não para desprezar o cuidado por quem faleceu, mas para não ficar preso a um luto que não vê mais além. O amor é a chave que abre um novo caminho. Ao terceiro, Jesus propõe a urgência do desapego. Olhar para trás quando se ara um terreno só produzirá linhas tortas.
Com Jesus percorremos sempre um caminho novo. De trás trazemos sabedoria. Haverá lugar na mente e no coração para o que vamos encontrar pela frente?
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