Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Do outro lado está a Vida
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Escrevo estas linhas num intervalo forçado de um tempo de retiro com o clero da nossa Diocese de Lisboa. Fazer retiro é sempre oportunidade de encontro ou reencontro, de aprofundar uma relação de amor com Deus e o seu Filho Jesus Cristo, de parar de um ritmo frenético, de escutar, de silenciar no meio de tantos ruídos que diariamente nos vão ocupando o coração. Chegou a Quaresma e, com ela, o apelo à mudança interior. É assim todos os anos e não devemos estranhar o facto de, neste tempo litúrgico, ouvirmos falar com muita insistência em “conversão”. De facto, a conversão é um caminho a que todos somos chamados durante toda a nossa vida e todos os dias temos a oportunidade de ir fazendo este caminho. A conversão vai acontecendo em cada dia e implica, muitas vezes, uma predisposição interior. Há acontecimentos de conversão ou que levam à conversão de uma vida, e há caminho de conversão que tem toda uma vida para transformar. Com a chegada da Primavera, vemos florescer as árvores trazendo sinais de vida nova. A conversão que em nós vai acontecendo, vai fazendo sobressair sinais dessa vida transformada, onde é preciso morrer em tantas coisas para renascer com um novo sentido. A Quaresma é, por isso, o tempo propício que todos os anos nos é oferecido para tomarmos consciência da nossa dependência. Se eu me penso autónomo, independente, em qualquer momento posso sentir-me só e abandonado no meio da balburdia em que muitas vezes a nossa vida se torna ou pode tornar com todas as dificuldades que vêm ao de cima. Mas se me sinto dependente, submetido por amor ao Amor Maior que é Deus, então aí faço um caminho solidário, isto é, um caminho conjunto em que percebo a presença d’Aquele que por amor dá a vida por mim, e torna-se vida para mim.

Este tempo de Quaresma deverá servir, então, para questionar: quero continuar a caminhar sozinho, fechado na minha autonomia e independência que me conduz ao vazio? Para a conversão é preciso pôr-me em caminho, de coração aberto e disponível para me reconhecer na minha fragilidade e deixar que Ele se coloque ao meu lado e me leve a atravessar o deserto. Porque do outro lado está a Vida.

 

Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor

p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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