Embora seja padre há quase uma década, há mais de vinte anos que estou ligado ao jornalismo. Tive as minhas oportunidades de seguir uma carreira profissional na comunicação social, mas quis Deus que a minha vida fosse de resposta a uma vocação sacerdotal. E sou feliz por isso. Costumo dizer que sou ‘padre jornalista’, porque, em primeiro lugar, vivo o ministério sacerdotal com esta missão, hoje mais alargada, como pároco na cidade e jornalista. Desde há muitos anos que vou acompanhando o panorama da informação religiosa no nosso país. Ao longo dos anos temos vindo a assistir a um decréscimo muito grande de leitores de jornais, o que tem levado ao encerramento de alguns títulos e à transformação de outros. No panorama regional, a imprensa tem vindo a atravessar grandes dificuldades, sobretudo pela falta de apoios e incentivos financeiros que permitam o desenvolvimento de um trabalho profissional com qualidade. Na imprensa não se pode brincar ao jornalismo nem aos jornalistas, e a imprensa regional, onde grande número de jornais surge de contextos religiosos, também deve assumir essa qualidade. Mas, muitas vezes, faltam os meios porque os leitores também não são suficientes. Há, por outro lado, também, uma independência que os meios precisam ter, na fidelidade ao que pode ser o estatuto editorial de cada órgão e na obediência, que deveria ser cega, à Deontologia. Vamos percebendo que, cada vez mais, há forças políticas e poderes económicos a quererem governar a imprensa criando lobbies com intenções específicas. Mas também vou vendo que o leitor é, cada vez mais, menos exigente e deixa-se formatar por aquilo que lhe vai sendo dado sem a capacidade de reflexão, ou então, a sua reflexão é apenas eco do que circula em modo viral nas redes sociais que hoje podem ser, também, meio de manipulação de consciências.
Parece-me que o leitor de hoje se tornou, apenas, um consumidor de conteúdos para um entretenimento. Ou melhor, o leitor tornou-se um espectador de acontecimentos, mais do que um participante activo na sociedade com o que pode ser a sua reflexão e os actos que daí podem advir. Do lado das redações também há dificuldades, e este artigo não chega para reflectir sobre isso. Os fundos são escassos, os meios humanos tornam-se poucos, logo o trabalho aumenta e a qualidade reduz. Se não há consumo, não há possibilidade de produzir com a qualidade esperada, e quando depois não há sustentabilidade, termina um projecto que podia, até, ser o melhor do mundo.
Já o tema religião é, muitas vezes, vendido na comunicação social pelos acontecimentos que nenhum de nós gostaria de ler ou de escrever. Mas a vida de fé, o testemunho que cada um pode dar na sua vida, pelo que faz ou é, o modo como pode cada um ajudar a transformar o mundo para melhor, ou contributo que cada comunidade pode dar naquilo que defende e faz, não se torna notícia. E quando o é, a notícia fica apenas no papel, não sendo mediatizada. Alargando a reflexão, poderia, ainda, dizer: o digital já não é o futuro, é a actualidade. Mas queremos que acabe o papel para sermos todos digitais?
Editorial, pelo P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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