DOMINGO XXXII COMUM Ano B
“Na sua pobreza, ofereceu tudo o que tinha,
tudo o que possuía para viver.”
Mc 12, 44
Costumamos dizer que o importante não é a quantidade, mas a qualidade. E é verdade, principalmente quando os frutos são poucos, mas até são saborosos, ou a produção em massa acaba por desvalorizar o produto. Em contraponto, o evangelho e a primeira leitura deste domingo, apresentando como heroínas inesperadas duas viúvas, revelam-nos uma novidade: o que é verdadeiramente importante é a totalidade. Quando o pouco é tudo confirma-se o dito popular: “o pouco com Deus é muito, e o muito sem Deus é nada”!
Sempre as mulheres foram heroínas de segundo plano e tem sido lento e doloroso o seu reconhecimento na sociedade. Do judaísmo onde havia uma oração (de homens!) em que se dizia “Dou-te graças ó Deus… por não ter nascido mulher!”, a tantas realidades ainda actuais de exploração, injustiça e violência, muito se evoluiu mas há ainda tanto a mudar! No contexto hebraico uma viúva era duplamente pobre: por ser viúva, não herdando nenhuns bens do marido, e por ser mulher! Deus revela a sua preferência pelos pobres, e Jesus anda na sua companhia, anuncia-lhes a Boa Nova do amor que transforma a vida, não faz distinções de pessoas.
Por entre a multidão que circulava no Templo, Jesus observa. Vê ricos que lançam avultadas ofertas na arca, e vê a humilde e discreta viúva que coloca duas pequenas moedas. São duas riquezas diferentes: a de quem é rico e pode dar o que sobra, e a de quem é rico porque dá tudo o que tem. A primeira é a famosa riqueza acumulativa, ostensiva, quantas vezes aumentada à custa de pessoas e países mais pobres, geradora de um fosso crescente entre ricos e pobres, alimentada e justificada por políticos e economistas credenciados. A outra é a riqueza que não endeusa os bens, que os oferece generosamente, que se faz dom de si mesmo e não apenas de coisas, que valoriza o que cada um pode dar, e acode quem verdadeiramente precisa. Uma é riqueza que mata (uns pelo excesso e outros pela penúria!), a outra é riqueza que dá vida (porque a transforma, e põe tudo e todos ao serviço do maior bem).
Somos responsáveis pela vida como primeiro dom, e por todas as outras realidades que possuímos. Pela vida de cada um e pela vida dos outros! O que nos faz ricos não é o que acumulamos, mas o que é dado por amor. Aprender isto da viúva anónima do Evangelho foi o que Jesus pediu aos discípulos. E pede-nos a nós. Porque Ele o fez, totalmente dado ao Pai e a nós. Podemos ser seus amigos sem dar tudo?
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