Contou-me ontem um meu amigo a conversa tida com um grupo de jovens no velório de um conhecido: porque que era necessário ter um padre no funeral? Que diferença fazia? Por muito que se esforçasse por dar razões, o meu amigo não conseguiu convencer os interlocutores. Mas quando lhes perguntou porque é que não se deixavam os corpos humanos no lixo, eles reagiram, escandalizados.
Claro que quem não vive a fé, quem não partilha e vive a fé numa comunidade; quem não acredita na vida eterna, mesmo que acredite na existência de um Deus que tudo criou (essa espécie de relojoeiro que criou a máquina, deu corda, e se desinteressou por ela), tem óbvias dificuldades em perceber o porquê de um funeral cristão. Tudo não passa de um último adeus ao amigo que, a partir desse momento pertence apenas ao álbum das recordações.
Ao contrário, a vida da fé dá-nos outros horizontes, um novo olhar para o mundo – o olhar de Deus, que nos faz deixar o círculo fechado de um mundo finito para nos abrirmos à vida eterna, aquela que Deus partilha connosco. E dá-nos uma companhia com quem partilhamos a existência, a peregrinação da vida: aqueles que nos ajudam e a quem nós ajudamos no caminho, por entre sofrimentos e alegrias, e a quem damos mutuamente testemunho da ressurreição do Senhor. E ajuda-nos a perceber, mesmo existencialmente, a comunhão dos santos, ou seja, a família daqueles grandes em humanidade e fé, os santos, e que nos é dada no batismo: aqueles que foram cristãos antes de nós e fazem parte da mesma Igreja, e que, junto de Deus, intercedem por nós e nos ajudam a fazer a vontade do Pai.
Mas àqueles jovens, que vivem sem nenhuma destas referências (pobres!), ficou, apesar de tudo, um ponto firme, que resistia e que clamava por algo mais: o ser humano não é, absolutamente, como os outros seres. Mesmo morto, é portador de uma dignidade que ultrapassa o objecto descartável. Podem não acreditar em Jesus ou na vida eterna. Podem não querer ter nada a ver com a Igreja. Mas há algo no ser humano que resiste e que não desaparece com a morte.
No nosso coração, no coração de todos, a morte continua a ser a fronteira que clama por vida, e por vida eterna (aquela vida verdadeiramente feliz, que só Deus pode oferecer, e que é para sempre).
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