O Leste europeu é, de facto, um outro mundo, desconhecido para nós, gentes das margens atlânticas. Tivemos, quando muito, alguma noção da sua existência e da sua realidade quando, anos atrás, chegaram a Portugal imigrantes vindos desses lados da Europa.
Mas hoje, com a integração dos imigrantes que por cá foram ficando, quase voltámos a esquecer esse outro lado do continente. Quando muito, esses países e culturas do mundo eslavo aparecem hoje referidos nos noticiários apenas por motivos políticos, habitualmente de um modo negativo. E ficamo-nos por uma aceitação passiva da avaliação que a comunicação social (sempre politicamente correcta) nos apresenta.
Durante a passada semana o Metropolita Hillarion Alfeyev, Presidente do Departamento de Relações Exteriores do Patriarcado de Moscovo, esteve entre nós. Falou-nos das perseguições ao cristianismo e aos cristãos, em particular daquelas que ocorrem nesta nossa Europa e no Médio Oriente. E falou da secularização em que o nosso modo de viver está progressivamente a mergulhar. Não hesitou em fazer uma comparação: em finais do séc. XIX e no início do séc. XX, o cristianismo na Rússia era uma realidade quase apenas formal, sem a verdade da fé vivida no quotidiano – uma sociedade secularizada. Foi essa situação que tornou possível a ditadura comunista que assombrou o mundo durante quase todo o século.
É certo que o nosso país tem uma vocação atlântica. Mas o facto de se encontrar nas margens ocidentais do continente, não o impede de ter, igualmente, uma vocação europeia. E Fátima e a prometida conversão da Rússia (a conversão dos sistemas que se opõem a Cristo) não deixam de nos convidar a ter bem presente o Leste europeu, a dialogar com ele e a aprender as lições da sua história.
E não podemos esquecer o apelo de S. João Paulo II, ele que provinha de uma cultura-fronteira entre estes dois mundos europeus: “fazer com que a Igreja torne a respirar plenamente com os seus dois pulmões: o Oriente e o Ocidente”. E acrescentava o Papa: “Como já afirmei, por mais de uma vez, isso é necessário mais do que nunca, nos dias de hoje”.
A Europa só o é verdadeiramente quando for capaz de respirar com estes dois pulmões. Esse é um caminho que ainda está por percorrer. No mundo político e cultural, mas também na Igreja.
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