Há dias li a notícia de que uns “cientistas”, psicólogos da Universidade da Carolina do Norte, “reconstruíram o que os americanos pensam que é o rosto de Deus”. O método foi muito simples (ainda que tenha sido classificado como “nova técnica”...): 511 cristãos escolheram entre vários rostos humanos aquele que achavam se parecia mais com Deus. Depois, foi só combinar os rostos seleccionados e obter um resultado, como se Deus fosse a soma daquilo que os homens pensam dele.
E quem escreveu a notícia ficou surpreendido (quase escandalizado): Deus “tem o rosto de homem comum!”
Não sei se a notícia dava conta exacta do que foi o “projecto de investigação” dos cientistas. Mas confesso que, num primeiro momento, me irritou tanta ignorância. Se deram rostos de homem para que aqueles americanos escolhessem o que mais se parecia com Deus, é óbvio que Deus se iria parecer com um homem. E se o fizeram entre cristãos, é óbvio que se iria parecer com um homem comum!
É que, já de há 2000 anos a esta parte, os cristãos anunciam isso mesmo: Deus tem o rosto de Jesus de Nazaré e identifica-se com um homem comum.
Diante de Jesus que perdoa os pecados, os fariseus interrogam-se: “Como pode esse homem falar desse modo? Está blasfemando! Quem afinal pode perdoar pecados, a não ser exclusivamente Deus?” (Mc 2,7). E os próprios discípulos se questionam depois de Jesus ter amainado o vento e o mar: “Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Mc 4,41).
E o próprio Jesus identifica-se com o homem comum que sofre: “Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste-me ver” (Mt 25,35-36). E poderíamos juntar tantas outras passagens dos evangelhos e dos outros escritos do Novo Testamento.
O anúncio cristão sempre foi este de que Deus se fez homem naquele homem concreto, Jesus de Nazaré. É por isso que podemos representar Deus. E é por isso que, quando queremos falar de Deus, não podemos, desde esse momento, deixar de nos referirmos a Jesus.
Mas, por isso também, quando falamos do homem não podemos deixar de falar do Deus que é Jesus de Nazaré. Em Jesus, Deus e o homem encontram-se para sempre unidos. E não existe realidade mais excelente para o próprio homem que esta de viver unido a Deus. Por isso também o cristianismo não é ultrapassável como defesa e exaltação do humano (e de cada ser humano em concreto), que assim adquire um valor único.
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