Mais de metade de todos os escuteiros da Região de Lisboa participou no Dia de São Jorge, em Sintra. “Foi um recorde absoluto, com cerca de 7500 escuteiros”, revela ao Jornal VOZ DA VERDADE o chefe do núcleo que organizou esta atividade escutista na vila de Sintra. Na celebração, D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, destacou a referência que deve guiar os ‘escutas’.
O dia estava feio, chuvoso, cinzento. Passavam poucos minutos das 9 da manhã, no passado Domingo, 22 de abril, e, da estação de comboios da Portela de Sintra, seguia um ‘comboio’ de escuteiros, em fila indiana, rumo à Escola EBI D. Carlos I, num percurso de pouco mais de um quilómetro, feito praticamente sempre debaixo de chuva. Eram mais de 7 mil os escuteiros, entre os 6 e os 22 anos, vindos de toda a Região de Lisboa, que queriam celebrar o Dia de São Jorge, patrono do Corpo Nacional de Escutas (CNE). E nem a chuva desarmava o entusiasmo das crianças e jovens, que se reuniam no campo de jogos da escola para a Eucaristia, o primeiro momento desta comemoração anual. E de repente, ao aproximar das 10 da manhã, a hora marcada para a celebração, a chuva pára, as nuvens começam a ‘abrir’ e o sol, radioso, começa a erguer-se nos céus de Sintra. “Esta celebração, e o facto de não ter chovido durante esta hora de Eucaristia, é a prova, mesmo, de que Deus está entre nós”, manifestava, no final, o chefe regional de Lisboa, João Carvalhosa.
“Procuremos pôr os nossos pés nos d’Ele”
D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, presidiu à Missa tendo convidado os 7500 escuteiros ao testemunho da fé. “Hoje é um grande dia para a família escutista da Região de Lisboa. Reunimo-nos para celebrar São Jorge que testemunhou a sua fé e o seu amor a Cristo com o martírio – um verdadeiro «cavaleiro de Cristo», uma referência para os escuteiros católicos e todos os tempos. Pedimos-lhe que nos ajude a ser cristãos como Ele foi. Cristãos que dão testemunho da sua fé”, começou por referir, na sua homilia.
Perante milhares de escuteiros, que participaram em pé na celebração, D. Joaquim Mendes lembrou depois que a Igreja celebrava, naquele dia, o Domingo do Bom Pastor. “Como Bom Pastor, Ele quer estabelecer connosco uma relação pessoal de proximidade, de confiança, de intimidade, bem expressa nos verbos «chamar pelo nome», «conhecer», «ouvir a voz», «dar a vida»”, apontou o Bispo Auxiliar do Patriarcado.
O São Jorge deste ano foi celebrado no Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Uma data que foi lembrada aos escuteiros, nesta Eucaristia. “«Vocação» significa isto mesmo: “chamar pelo nome”. Jesus chama a cada um de nós pelo nome, conhece-nos, conhece o desejo de felicidade que está radicado no nosso coração. Nada do que há em nós lhe é estranho. Ele conhece-nos e ama-nos como somos, e quer que O conheçamos também, para que aconteça esta reciprocidade de conhecimento: ‘Conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-me’. «Conhecer» para Jesus, não é saber coisas sobre Ele, mas é um conhecimento que nasce de um encontro, de uma relação pessoal de confiança, de amizade, de partilha de vida”, destacou.
No final da celebração, antes da bênção, D. Joaquim Mendes apontou a uma referência para os escuteiros. “Que Cristo, Bom Pastor, seja sempre a nossa referência. Procuremos pôr os nossos pés nos d’Ele, porque assim caminhamos por vias seguras”, garantiu.
Conhecimento pessoal de Jesus
O Dia de São Jorge, na Região de Lisboa, foi este ano organizado pelo Núcleo Serra da Lua, que abrange as zonas da Amadora e Sintra e tem 17 agrupamentos de escuteiros, a caminho dos 18. O padre Francisco Simões é, desde há cerca de um mês e meio, o assistente deste núcleo e faz ao Jornal VOZ DA VERDADE um balanço muito positivo desta atividade escutista de toda a diocese. “O São Jorge cria sempre um espírito de comunhão e um espírito cristão, dentro da missão que o escutismo tem na educação plena e integral dos jovens”, aponta. Este sacerdote, que desde há três anos e meio é vigário paroquial (coadjutor) das paróquias de Alfornelos e Brandoa, destaca também o desafio feito por D. Joaquim Mendes, durante a celebração eucarística, para que os escuteiros tenham “um conhecimento de Jesus maior do que um conhecimento intelectual ou histórico”. “Fica o desafio a que os escuteiros tenham um conhecimento pessoal de Jesus. Que se deixem atrair por Jesus, que vai transformando a nossa vida”, deseja o padre Francisco, que é natural de Évora, onde foi lobito e explorador no agrupamento de escuteiros.
Nas suas paróquias, Brandoa tem agrupamento de escuteiros desde o ano 2000, enquanto Alfornelos não tem, mas está perto de vir a ter. É que, em 2014, teve início a formação de dirigentes para a criação do agrupamento de escuteiros de Alfornelos. “Eu acompanhei todo esse processo, nos últimos dois, três anos e ainda não há agrupamento oficialmente, mas já há uma secção, que é uma extensão do agrupamento da Brandoa”, revela. No São Jorge deste ano, o padre Francisco levou consigo os caminheiros da Brandoa e os lobitos do futuro agrupamento de Alfornelos, num total de cerca de 30 a 40 elementos. “Eles estavam contentíssimos. Os lobitos, então, era a primeira vez que estavam a participar numa atividade destas e a verem tantos escuteiros de outros núcleos… Foi muito bom para todos os escuteiros”, garante o assistente do Núcleo Serra da Lua, que organizou o São Jorge 2018.
O mais participado
O Dia de São Jorge deste ano foi o mais participado de sempre. A garantia é deixada ao Jornal VOZ DA VERDADE pelo chefe do Núcleo Serra da Lua, Nuno Silva. “Este foi o São Jorge, de que há memória, mais participado de sempre! Nunca houve tantos escuteiros num Dia de São Jorge. A Região de Lisboa, que vem desde a Nazaré até à cidade de Lisboa, tem pouco menos de 15 mil escuteiros e estiveram presentes 7500, portanto mais de metade do efetivo. Foi um recorde”, realça este dirigente, que durante toda a vida pertenceu ao agrupamento 704 Mira-Sintra, perto do Cacém, mas que desde 2008 colabora somente no Núcleo Serra da Lua, nos últimos quatro anos como chefe.
O Dia de São Jorge 2018, na Região de Lisboa, teve como tema ‘À Descoberta da Cidade’. Após a celebração, no final da manhã e durante toda a tarde, os elementos das três faixas etárias mais novas – 2000 lobitos, com idades dos 6 aos 10 anos; 2350 exploradores, com idades dos 10 aos 14; e 1700 pioneiros, dos 14 aos 18 – realizaram jogos, pela Portela de Sintra e pelo centro histórico sintrense, no sentido de descobrirem, juntos, como funciona a cidade. “Cada secção teve atividades diferentes. Os lobitos, os exploradores e os pioneiros fizeram jogos de cidade, isto é, uma espécie de ‘peddy paper’ pela vila de Sintra. Cada um na sua zona, tinham postos para percorrer, com o seu imaginário, as suas dinâmicas e com as suas provas, sempre com o intuito de conhecer a vila de Sintra, por intermédio do jogo”, explica Nuno Silva. Os mais velhos – cerca de 500 caminheiros –, deslocaram-se em 22 autocarros à Pedra Amarela, na Serra de Sintra, “com o intuito de limpar caminhos e ajudar na erradicação de espécies de árvores infestantes” que ‘concorrem’ com a flora autóctone.
No final do dia, o chefe do Núcleo Serra da Lua fazia um balanço “muito positivo” do São Jorge. “Estas atividades, pedagogicamente, nunca são o forte, mas é a celebração, a festa, o encontro, o divertimento, a alegria, o estarmos todos juntos, o dar a noção de fraternidade e de dimensão aos rapazes”, frisa Nuno Silva, sublinhando que “a parte pedagógica do escutismo é feita nos agrupamentos, nos acampamentos, enquanto o São Jorge é festa”.
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Região de Lisboa tem novo chefe
João Esteves é o novo chefe regional de Lisboa do CNE. O anúncio foi feito pelo chefe cessante, João Carvalhosa, no final da celebração eucarística do Dia de São Jorge. “A equipa regional está a acabar o mandato. Daqui a duas, três semanas vai tomar posse a nova equipa regional. O João Esteves é o futuro chefe regional, parabéns! O facto de haver pessoas que se disponibilizam para esta missão, para este trabalho enorme, é, já de si, um feito”, manifestou João Carvalhosa, perante os aplausos dos mais de 7 mil escuteiros e dirigentes presentes em Sintra. No seu último Dia de São Jorge como chefe regional de Lisboa, este dirigente lembrou a missão do movimento escutista com as crianças e jovens e deixou uma palavra de agradecimento. “Nestes últimos três anos, tenho-me esforçado por dizer aos dirigentes que a única missão, o único motivo porque nós estamos aqui, é pelas nossas crianças e jovens, estes 7 mil escuteiros e os 13 mil da Região de Lisboa, que as famílias nos entregam, mesmo em dias chuvosos como este. Muito obrigado aos dirigentes, por continuarem este trabalho em prol dos jovens, que é a única coisa que nos interessa”, garantiu João Carvalhosa.
João Esteves, de 45 anos, foi eleito chefe regional de Lisboa nas eleições realizadas no passado sábado, 21 de abril, véspera do Dia de São Jorge. Ao Jornal VOZ DA VERDADE, o novo chefe regional de Lisboa, que integrava a equipa anterior como secretário regional para a gestão, diz querer traçar o mesmo rumo, abraçando novos desafios. “A nova equipa, que ainda não tomou posse, vai ter oito elementos e tem como nome ‘Equipa Infante D. Henrique’. O nosso lema é: ‘Mesmo rumo, novos desafios’. E mesmo rumo porquê? Porque mais de metade da equipa atual continua, dando um efeito de continuidade ao projeto que começámos há três anos. Depois, novos desafios porque já conhecemos alguma coisa do caminho, sabemos que há ainda muito caminho a fazer, que vamos ter algumas dificuldades, que vamos ter alguns ‘cabos das tormentas’ – e aí entra o Infante, a navegação, o mar e os oceanos –, mas gostávamos de contribuir para os transformar em ‘cabos da boa esperança’”, refere João Esteves, escuteiro desde 1984 e que pertence “desde sempre” ao agrupamento 71 Parede.
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