“De que necessita para ser feliz?” — este foi, aqui há dias, o desafio que a locutora de um conhecido programa de rádio fez aos ouvintes.
A minha atenção ficou presa porque aquele desafio me fez recordar a pergunta do chamado “jovem rico” (Mc 10, 17-22): “Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?”. À questão, Jesus respondeu: “Conheces os mandamentos…”. E o homem insistiu, talvez querendo justificar a pergunta: “Tudo isso observei desde a juventude”. Então Jesus disse-lhe: “Falta-te uma coisa: vai, vende o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-Me”.
Recordei esta passagem talvez porque nos encontrássemos nas proximidades do dia de Santo Antão (17 de janeiro) — ele que, ao entrar numa igreja, escutou aquelas palavras do evangelho e as tomou como sendo para si: vendeu todas as propriedade (que eram muitas) e distribuiu os bens pelos pobres, entrando de seguida num mosteiro para estar e ser todo para Deus.
Passados alguns momentos, no entanto, a voz da rádio dava uma resposta, em tom de confidência: “a mim, faltam-me unhas”… A locutora confessava ter o vício de roer as unhas. Minutos depois, também alguns ouvintes foram acrescentando aquilo que lhes faltava: pequenas coisas insignificantes do quotidiano.
Num primeiro instante, dei comigo a pensar como, apesar de dois mil anos e de sermos cristãos há tantas gerações, continuamos a pensar e a viver como se nos faltassem as pequeninas coisas do quotidiano, esse pequeno fundo do poço onde se encontra o nosso horizonte de vida — nosso, e da esmagadora maioria dos seres humanos. A vida feliz ainda não é a vida eterna, a vida com Deus; e o que nos falta, dramaticamente, são aquelas pequeninas coisas, de facto sem importância.
Mas, logo depois, dei comigo a pensar que, verdadeiramente, nos faltam “unhas” — para usar a expressão portuguesa, creio que retirada do provérbio: “só quem tem unhas é que toca guitarra”. A nós, individual e comunitariamente, faltam-nos unhas, não para tocar guitarra mas para viver nesse horizonte de vida eterna que Jesus nos propõe. Faltam-nos as unhas da conversão, do coração generoso, da abertura ao dom da graça divina. Faltam-nos unhas para acolher, radicalmente, a vida nova.
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