Inebriados pelo imediato e sempre ligados em rede, é cada vez mais difícil esperar. Tudo está revestido de urgência. O silêncio, a quietude, a contemplação, a paciência, parecem perda de tempo ou até “tempo morto”. Que o digam pais e educadores sobre as dificuldades de atenção, concentração, e espera dos mais novos. O “já” e o “agora” tornam-se exigências, e perde-se o encanto da expectativa e do encontro. Aquele encanto que a raposa contava ao Principezinho, de Saint-Exupéry: “Por exemplo, se vieres às quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz. E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sinto. Às quatro em ponto hei-de estar toda agitada e toda inquieta: fico a conhecer o preço da felicidade!”
Os primeiros cristãos viveram na expectativa do imediato regresso de Jesus ressuscitado. Com o passar do tempo entenderam que essa espera implicava viver em esperança e acção, com a fé acesa mais do que as candeias, com o amor que transforma o mundo. Certamente se reviam nesta parábola de Jesus sobre umas bodas, e como a vinda tardia do esposo, para as jovens que deviam esperá-lo, foi alegria para umas e tristeza as outras. Ainda que todas tivessem adormecido, a sabedoria das primeiras, precavidas com azeite a mais para as lâmpadas, alcançou-lhes a alegria de entrar para o banquete nupcial. Às outras, atrasadas pela busca de mais azeite, restou-lhes a resposta dura e fria do esposo: “Não vos conheço!”
A frieza destas palavras, mais do que um castigo, é uma advertência e um convite à sabedoria. A espera nunca é passiva. Pode ser aquela que é necessária para o amadurecimento e o crescimento de tudo o que não depende de nós. É certamente aquela que ajuda a ver mais longe, a prevenir antes de remediar. É um apelo à responsabilidade, e a não deixar apagar a luz que cada um tem em si. Essa luz que é, principalmente, para os outros. Um pouco como dizia, numa carta, o cantor Miguel Araújo à filha quase a nascer, na última Visão: “A vida é mesmo assim. Vai pegar em ti e levar-te para onde achar que lhe fazes mais falta, onde sentir que lhe fazes mais diferença. (…) Vivemos num tempo em que se fica com a ideia que temos de escolher aquilo que é melhor para nós, aquilo que mais nos agrada. Mas isso é o grande engano dos nossos dias. Temos é que deixar que seja a vida a escolher-nos para aquilo que for melhor para os outros.”
É verdade que podemos abraçar a insensatez ou a sabedoria. Somos capazes de jogar a vida no que é insignificante e no que é sublime. Às vezes semeamos trevas e outras vezes resplandecemos luz. No tempo que nos é dado, no valor de cada presente, a espera cristã é reconhecer a vinda de Jesus a cada momento. Dando a luz a quem pede, a quem sofre, a quem está só, a quem é vítima da violência e da injustiça, a quem é esquecido. É já esse o esposo que esperamos!
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