DOMINGO XXX COMUM Ano A
“Amarás o Senhor teu Deus…[…]
Amarás o teu próximo…[…].”
Mt 22, 37.39
É uma ousadia tremenda de Jesus sintetizar a Lei e os profetas no mandamento do amor! E unir o amor a Deus ao amor ao próximo, de tal maneira que nem se distinguem, é “escaqueirar” todo o “negócio” religioso, consolidado pelo legalismo e o escrúpulo em torno dos 613 preceitos da Lei. Estavam lá, escritos no meio dos outros; o primeiro, repetido todos os dias em oração e profissão de fé, o segundo facilmente esquecido e relegado a um plano muito inferior. Reler a Bíblia, a Palavra de Deus nas palavras dos homens, à luz deste único e duplo mandamento, é descobrir a verdade fundamental acerca de Deus (“Deus é Amor” 1 Jo 4, 16), e a verdade acerca do seu desejo para nós (“Amai-vos uns aos outros” Jo 13, 34).
Estes dois imperativos quase parecem pôr em causa o que é tão essencial ao amor: a liberdade. Conta-se que um imperador, ao fazer revista às suas tropas, deteve-se diante de um dos soldados que tremia “como varas verdes”. Perguntou-lhe: “Porque tremes assim?” Ao que o pobre soldado respondeu: “Porque tenho medo de vós!” E a resposta irada do imperador foi: “Medo? Ordeno-te que me ames!” Não se conjuga o medo, a obrigação, a violência, com o amor. O amor a Deus, como é dito no texto bíblico, sublinha que se vive com todo o coração, toda a alma e todo o espírito. Não pode existir num coração dividido, a “amar” a conta no banco, o estatuto social, o poder e a fama. Implica escolhas essenciais, e não pactua com a falsidade. Reclama a inteligência para não andar ao sabor de emoções passageiras e procurar as razões da fé e da esperança. São “imperativos-meta”, quer dizer, convidam-nos às surpresas felizes que o amor verdadeiro oferece a quem o abraça, e a quem o quer viver!
A maior novidade da resposta de Jesus é dizer que amar o próximo é semelhante a amar a Deus. Está ao mesmo nível, não é secundário: não pode existir o “primeiro” sem o “segundo”! Amo a Deus quando amo os outros! E não se trata do “próximo” identificado com os “filhos de Israel”, ou a minha família e amigos: Jesus estende até aos inimigos, e ao infinito o alcance deste “próximo”. Na parábola do bom samaritano dirá mesmo que o “próximo é quem se aproxima” dos outros! Não diz que é fácil, diz mesmo que há-de ser à sua maneira, com cruz, dando a vida como Ele! É possível ainda pensar em “matar”, “condenar”, “odiar”, “passar ao lado”, “esquecer” alguém em nome de Deus?
Não basta ler ou saber “de cor” palavras da Bíblia. Conhecê-la e acolhê-la como “um livro através do qual Deus fala”, nas palavras do Papa Francisco, é continuar a “escrevê-la” na vida de cada um dos discípulos de Jesus, e na vida do mundo. Que este “Domingo da Palavra” no Patriarcado de Lisboa seja uma nova etapa para que a Palavra de Deus seja escutada, vivida, celebrada e testemunhada. Ela é a história do amor de Deus à humanidade e do amor que Ele nos pede para vivermos!
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