Fundado em Lisboa, em 1957, pelo cónego Serrazina, o movimento familiar Casais de Santa Maria celebra 60 anos. Presente em nove dioceses portuguesas, este movimento pretende ajudar a fortalecer os laços matrimoniais dos casais, difundindo os valores cristãos junto de outros casais e famílias.
Foi há 60 anos, em 1957, que o cónego José Mendes Serrazina sentiu a necessidade de criar um movimento que acompanhasse os casais cristãos. “O padre Serrazina sempre foi uma pessoa muito ligada à pastoral da família, às pessoas. Quando lemos a biografia dele – e quem o conheceu, como eu tive o prazer de o conhecer –, percebe-se essa sensibilidade. A dada altura, o padre Serrazina teve a ideia de fundar o movimento dos Casais de Santa Maria, começando com os grupos de casais no Ribatejo. Ele era um dinamizador muito grande, nos retiros, nos encontros – basta dizer que foi o assistente de quase todos os grupos iniciais do movimento”, conta ao Jornal VOZ DA VERDADE Mário Rodrigues, da direção executiva nacional do movimento familiar Casais de Santa Maria. Lembrando que inicialmente o movimento se chamava Casais Rurais, Mário refere que “o objetivo foi sempre o mesmo: permitir que os casais fizessem uma caminhada de fé de uma forma diferente”. “Através da espiritualidade mariana e a vida em casal, o movimento visa fortalecer os laços matrimoniais, sobretudo através da entreajuda, com vista à educação dos filhos segundo a vontade de Deus e com vista à difusão dos valores cristãos junto de outros casais e famílias”, salienta este responsável, que pertence ao movimento, juntamente com a sua mulher, Ana Rosa, há 32 anos.
Reuniões mensais
Os grupos dos Casais de Santa Maria são constituídos por seis casais e um assistente. “Alguns grupos terão sete ou oito casais, outros cinco, mas a norma são os seis casais e um assistente, que preferencialmente será o pároco, mas pode ser um outro sacerdote, um diácono, um religioso ou uma religiosa. Mas cada grupo de casais terá que ter um assistente”, refere.
O esquema da reunião mensal é comum a todos os grupos. “O encontro, na casa de um dos casais, começa com a leitura do Evangelho do Domingo seguinte à reunião. É uma reflexão sobre o que aquela Palavra nos diz nos dias de hoje. E aqui cada um, cada casal, conforme entender, com a espontaneidade que entender, vai pondo as suas dúvidas, as suas questões. No final deste pequeno diálogo, o papel do assistente é crucial para nos centrar na mensagem do Evangelho. Depois temos um tema de trabalho, preparado antecipadamente, e que foi realizado a partir de um caderno comum de temas. O casal prepara, discute entre si o tema e esta é a parte que, para nós, é mais recomendada, de forma a que o casal dedique algum tempo ao tema, faça o seu crescimento, o seu diálogo e depois partilhe o que entender. Há ainda a um espaço para os casais, que chamamos o espaço da entreajuda, de partilha de situações mais pessoais, e a oração final, de petição e ação de graças. No final, há grupos que têm refeição, outros têm lanche ou um pequeno convívio, mas há sempre também esta partilha porque, por vezes, à volta da mesa também se cresce”, relata Mário.
Este responsável destaca ainda a importância do testemunho e orientação espiritual do assistente no grupo. “Para nós, casais cristãos, a presença assídua do assistente nas nossas reuniões, a sua orientação espiritual, o seu testemunho como homens, como padres, como pastores da Igreja, são estímulo para a nossa caminhada com eles e em Igreja”, garante.
Presença em Lisboa
O movimento Casais de Santa Maria está presente, atualmente, em nove dioceses portuguesas: Lisboa, Aveiro, Beja, Coimbra, Évora, Portalegre - Castelo Branco, Porto Setúbal e Viana do Castelo. “Pelos números que dispomos, somos atualmente 62 grupos, o que quer dizer que seremos à volta de 400 casais”, revela Mário.
O Patriarcado de Lisboa é a diocese que, neste momento, tem mais grupos, 22 no total, essencialmente na zona Oeste. “Em Lisboa, na cidade alargada, havia quatro ou cinco grupos, mas atualmente temos somente dois, e já estão um pouco envelhecidos. O movimento está muito presente na zona Oeste, no concelho de Torres Vedras, na Paróquia de A-dos-Cunhados, em Caldas da Rainha e Alvorninha…”, refere.
Uma segunda família
Ana Rosa e Mário Rodrigues casaram-se em 1982, têm três filhos – dois rapazes e uma rapariga, a filha do meio – e foram convidados a integrar o movimento três anos depois do casamento, em 1985. “Estávamos ligados à Igreja por várias coisas, como a catequese ou os escuteiros, e fomos desafiados a integrar um grupo que já existia. O grupo tinha o seu ritmo e foi a generosidade, a abertura, o querer partilhar com os mais novos aquilo que, a eles, tanto ia ajudando. Aceitámos e fomos descobrindo-nos, aceitando-nos, ajudando-nos, numa cumplicidade abençoada por Maria”, salienta Mário.
Este casal é da Paróquia de Torres Vedras e o grupo é também da paróquia, muito embora tenha dois casais que, atualmente, já não estejam a residir na cidade. “Sendo um movimento nacional, tem uma raiz muito paroquial, pelo facto de os grupos serem constituídos preferencialmente por casais da mesma paróquia”, descreve, testemunhando: “A nossa vida cristã seria completamente diferente se não fosse o grupo de casais. E a nossa vida como cidadãos, como pessoas, como casal, também era muito diferente, porque efetivamente, cria-se um grupo de amigos que está connosco em todos os momentos, nas alegrias e nas tristezas, nas dificuldades e nas coisas boas. E isso é imprescindível, criando-se ali quase que uma segunda família”.
Mário refere ainda uma particularidade do movimento familiar Casais de Santa Maria. “Alguns grupos iniciais tinham, na sua constituição, casais que viviam maritalmente e o facto de receberem e poderem partilhar, com naturalidade, todas as alegrias e dificuldades da vida à luz do Evangelho, abriu-lhes o coração e permitiu-lhes fazer uma caminhada cristã no sentido do casamento segundo as normas canónicas. Esta particularidade transformou-se numa característica do nosso movimento e, hoje, continuamos abertos aos casais em situação matrimonial irregular que, sendo cristãos, pretendam fazer uma caminhada com outros casais no crescimento da fé e na partilha da vida a dois”, explica.
“O movimento precisa de crescer”
Nestes 32 anos de caminhada com os Casais de Santa Maria, Ana e Mário assumem que sempre procuraram refletir sobre a vida do movimento a nível nacional, “principalmente naquela fase em que o padre Serrazina adoeceu”. “O movimento sentiu muito a falta do padre Serrazina. Houve uma altura, um período de cerca de três anos, em que não houve sequer direção nacional e as dioceses ficaram um pouco por si”, lamentam. Como já integravam a equipa diocesana de Lisboa, Ana e Mário foram eleitos, em 2013, casal presidente da direção executiva nacional do movimento, tendo visto o mandato renovado três anos depois. “O rejuvenescimento do movimento em algumas dioceses, com o surgimento de novos grupos de casais, são o sinal de esperança que muito nos anima a continuar”, assegura o casal presidente. Mário Rodrigues assume que “o movimento precisa de crescer” e “partilhar com mais famílias a graça que é fazer a caminhada cristã desta forma, em casal, em família”. “É uma riqueza que temos e queremos partilhá-la com outros”, deseja.
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Um movimento que ajuda ao bom ambiente familiar
O Bispo Auxiliar de Lisboa D. José Traquina destacou a importância que o movimento familiar Casais de Santa Maria teve na vida familiar de tantos casais cristãos, desde a sua fundação, em 1957. “A maior riqueza da vossa casa, da vossa família, é o bom ambiente que podeis ter. Se o movimento dos Casais de Santa Maria vos ajudou a descobrir isso – e já terá ajudado a muitos, ao longo destes 60 anos – então reconheçamos que valeu muito a pena esta iniciativa, pelo bem que já aconteceu”, frisou D. José Traquina, na capela do Seminário de Penafirme, na homilia da Missa com que terminou a celebração dos 60 anos do movimento dos Casais de Santa Maria, no passado dia 15 de outubro. Dando “graças por aqueles que já cá não estão mas que tiveram esta iniciativa de fundar o movimento”, o Bispo Auxiliar de Lisboa, que recentemente foi nomeado Bispo de Santarém, desafiou ainda ao perdão: “Para uma vida familiar, é preciso trabalhar, sustentar a família, sustentar uma casa, os compromissos que temos, mas é também preciso perdoar. Também é preciso perdão, porque é assim que se chega à festa, à festa uns com os outros e com Deus”.
No final da celebração, o assistente diocesano de Lisboa do movimento familiar Casais de Santa Maria, padre João Vergamota, transmitiu uma mensagem do grupo Ribatejo 1, que foi o primeiro a ser constituído e que, nos dias de hoje, é ainda composto por quatro viúvas e um casal. “Diga no encontro que sem o movimento dos Casais de Santa Maria a nossa vida de casal nunca teria sido o que foi. Muito temos a agradecer ao movimento e tudo o que fizemos foi com uma alegria enorme. O movimento Casais de Santa Maria fez a diferença”, foi a mensagem transmitida pelo sacerdote.
O casal presidente da direção executiva nacional dos Casais de Santa Maria faz, ao Jornal VOZ DA VERDADE, um balanço muito positivo do dia vivido no Seminário de Penafirme, na comemoração dos 60 anos deste movimento familiar. “Comemorámos em conjunto e celebrámos todos esta festa. Foi espetacular! Foi bom em todos os sentidos, foi uma verdadeira festa, onde estiveram presentes cerca de 220-230 pessoas, em que tivemos a felicidade de ter o senhor Bispo D. José Traquina connosco o dia inteiro. Também foi muito importante a presença de sacerdotes assistentes do movimento, que testemunharam a importância, para as suas vidas de sacerdote, de pertencerem ao movimento”, refere Mário Rodrigues.
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Caderno de temas 2017/18 dos Casais de Santa Maria
Tema geral: ‘Famílias à imagem de Santa Maria’
Out: Famílias que escutam à imagem de Santa Maria
Nov: Famílias que levam Cristo, à imagem de Santa Maria
Dez: Famílias que dão à luz, à imagem de Santa Maria
Jan: Famílias que se oferecem, à imagem de Santa Maria
Fev: Famílias que servem à imagem de Santa Maria
Mar: Famílias que abraçam a Cruz, à imagem de Santa Maria
Abr: Famílias que esperam o Céu, à imagem de Santa Maria
Mai: Famílias que peregrinam, à imagem de Santa Maria
Jun: Famílias que agradecem, à imagem de Santa Maria
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Cónego Serrazina: o fundador dos Casais de Santa Maria
Nascido na Moita do Gavião, Benedita, no dia 2 de julho de 1924, o cónego José Mendes Serrazina, sacerdote do Patriarcado de Lisboa, fundou em 1957 – sete anos após a ordenação – o movimento familiar Casais de Santa Maria. O cónego Serrazina, ou o ‘padrinho padre’, como o tratavam os seus familiares, faleceu a 12 de maio de 2010. (na foto, durante uma palestra com os Casais de Santa Maria)
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Bênção Apostólica do Papa Francisco
Por ocasião dos 60 anos dos Casais de Santa Maria, o Papa Francisco enviou a Bênção Apostólica para este movimento familiar. “É uma bênção que muito nos impele e interpela e, ao mesmo tempo, assinala este 60º aniversário”, refere o casal presidente.
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A direção executiva nacional do movimento familiar Casais de Santa Maria (da esquerda para a direita): Osvaldo e Fernanda, casal de Setúbal, Mário Rodrigues e Ana Rosa (casal presidente), casal de Lisboa, e Godinho e Fátima, casal de Évora
Email: interdiocesana.casaissantamaria@hotmail.com;
Facebook: www.facebook.com/csmnacional
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