O novo Bispo de Santarém, D. José Traquina, dirigiu-se à sua nova diocese para assegurar “proximidade” como pastor e apelar à edificação da Igreja “no coração do Ribatejo”. Aos 63 anos o até agora Bispo Auxiliar de Lisboa volta à região onde decidiu entrar no seminário e onde cumpriu o serviço militar.
D. José Traquina admite que não contava com esta nomeação do Papa Francisco. Em declarações à Renascença, o novo Bispo de Santarém diz contar agora com o apoio dos seus colegas Bispos, dos sacerdotes e dos leigos da sua nova diocese. “Conto com o apoio dos meus colegas Bispos, com a sua sabedoria, com a sua experiência, para desempenhar esta missão e obviamente que confio também nos sacerdotes da Diocese de Santarém, em quem confio, nos muitos cristãos leigos que nela exercem a sua missão, a sua dedicação, têm as suas vidas e certamente esperam da minha parte, e podem contar, com a minha melhor vontade de corresponder à missão que Deus me confia", referiu. “Serei próximo como pastor, irei de coração inteiro, isto é, com a melhor vontade para, com os nossos sacerdotes e com todos aqueles que têm maiores responsabilidades, podermos edificar a Igreja no coração do Ribatejo”, manifestou o novo Bispo de Santarém.
Aos 63 anos, o até agora Bispo Auxiliar de Lisboa foi nomeado pelo Papa Francisco para substituir D. Manuel Pelino que apresentou, há um ano, a resignação por ter alcançado o limite de 75 anos. A nomeação foi conhecida no passado sábado, dia 7 de outubro, e a entrada solene de D. José Traquina vai decorrer no dia 26 de novembro de 2017, pelas 16h00, na Igreja de Santa Clara, em Santarém.
Regresso
A Diocese de Santarém volta a estar no percurso de D. José Traquina que, aos 21 anos cumpriu o serviço militar na Escola Prática de Cavalaria, situada precisamente em Santarém. “Vivi em Santarém cerca de 20 meses a cumprir o meu serviço militar e foi exatamente em Santarém que decidi a minha entrada no seminário. Não podia imaginar que voltaria para aquela cidade como Bispo. É uma diocese que foi, em tempos, uma zona pastoral da Diocese de Lisboa, que se tornou uma diocese própria e, portanto, há uma ternura, um afecto e esta proximidade vai-se manter com certeza de forma ainda mais presente pela minha ida para lá”, afirma o novo Bispo de Santarém, em declarações à Renascença.
Pouco tempo depois, ingressou no Seminário de Almada e no Seminário dos Olivais onde, em 1980, concluiu a formação. Em 1985, com 30 anos, foi ordenado padre por D. António Ribeiro e, em 1992, foi nomeado pároco do Bombarral, Vale Covo e Roliça. Entre 1995 e 1997 integrou a equipa do Pré-Seminário de Lisboa, foi professor de Educação Moral e Religiosa Católica e coordenador do Núcleo do Oeste do Corpo Nacional de Escutas. Em 2003, o padre José Traquina foi nomeado Cónego da Sé Patriarcal e, entre 2007 e 2014, foi pároco de Nossa Senhora do Amparo de Benfica, em Lisboa, acumulando com as funções de diretor espiritual do Seminário Maior de Cristo Rei dos Olivais, entre 2012 e 2014. Atualmente, D. José Traquina faz parte da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, Laicado e Família e da Missão e Nova Evangelização.
Caminho a seguir
Na mensagem dirigida à Diocese de Santarém, no dia da sua nomeação para Bispo diocesano, D. José Traquina também manifestou “profunda gratidão” ao Patriarcado de Lisboa, onde foi Bispo Auxiliar nos últimos três anos, e afirmou que os “meios tradicionais” para a transmissão da fé “são insuficientes”, sendo necessário “propor o Evangelho com testemunho e criatividade pastoral”. “Assim, na sequência do caminho percorrido, será em união com Cristo e no Espírito Santo, alma da Igreja apostólica e missionária, que havemos de discernir o caminho a seguir, ‘com Maria, missão de paz’, em amor, dedicação, alegria e em comunhão com o Papa e com as outras Igrejas Diocesanas, particularmente as que são do nosso país”, escreveu.
Falando da sua “nova missão”, D. José sublinhou a “necessária atenção aos pastores presbíteros, à pastoral vocacional, os jovens, os casais novos, as famílias, os pobres e os que andam mais afastados ou indiferentes, desconhecendo que são muito amados por Deus”. Na mensagem agradeceu também ao seu antecessor, D. Manuel Pelino, “o testemunho e a dedicação”, e saudou os sacerdotes e diáconos, de quem espera “a melhor vontade” para juntos trilharem “caminhos de fidelidade vocacional”.
D. José Traquina dirigiu-se também aos “irmãos e irmãs religiosas de vida Consagrada, os seminaristas, os que se dedicam à causa da evangelização na Catequese, na Pastoral Juvenil, no Escutismo, na Pastoral da Família, nos diversos serviços da Liturgia, na Pastoral Social e ainda os que assumem especiais responsabilidades nas Paróquias e outras Instituições eclesiais”, assim como às “comunidades paroquiais, os movimentos de apostolado, os jovens, os adultos, os mais idosos, os doentes e os irmãos com deficiência”.
Acolhimento
A Diocese de Santarém foi criada em julho de 1975 e tem uma superfície de 320 mil quilómetros quadrados, que não coincide com os limites do distrito civil; numa população de cerca de 300 mil pessoas, há mais de 230 mil católicos, distribuídos por 112 comunidades paroquiais, segundo a Agência Ecclesia. D. José Traquina é o terceiro Bispo de uma das dioceses mais recentes do país, sucedendo assim a D. Manuel Pelino que, por sua vez, sucedeu a D. António Francisco Marques, em 1998.
Em declarações à Agência Ecclesia, o agora Bispo emérito de Santarém sente que a nomeação do seu sucessor foi uma “grande prenda, uma dádiva” e que não precisa de lhe deixar conselhos. “Sinto que D. José Traquina tem um sentido de proximidade, de alegria e simplicidade que o torna acolhido naturalmente, desde que sinta na diocese a sua família e ponha esta gente a participar ativamente e ter o gosto de ser Igreja, a colaborar na missão é o que desejo”, referiu. D. Manuel Pelino que foi acolhido “em festa” na Diocese de Santarém, há cerca de 19 anos e acredita agora que o povo escalabitano também vai acolher D. José Traquina da mesma forma.
Na assembleia diocesana que decorreu no dia 7 de outubro, precisamente no dia da nomeação do novo Bispo de Santarém, D. Manuel Pelino destacou algumas linhas de atuação para a sua diocese. “Houve apostas na diocese como a proximidade com as paróquias, a formação dos leigos e a prioridade dada à Palavra. Penso que estamos a dar passos importante e descobrir o encanto da espiritualidade; o espírito sinodal é agora que estamos a pôr em prática, por exemplo, porque temos uma igreja ainda muito piramidal, centrada na hierarquia e não no povo de Deus”, apontou o prelado.
D. Manuel Pelino afirmou ainda “não estar com nostalgia do passado mas aberto ao futuro”, sente que tem de haver espaço para os leigos, as famílias e os jovens na Igreja e tem como preocupação “encontrar caminhos novos e dentro das minhas forças continuar a servir a Igreja numa condição diferente”. “Fiz o possível por ter uma relação próxima, positiva e alegre, penso que os frutos não se veem de imediato e que o meu sucessor está na mesma linha de alegria e proximidade, de ver o positivo e não estar só a lamentar o que está mal porque há tantas possibilidades de fazer melhor”, concluiu D. Manuel Pelino.
Também o Colégio dos Consultores da Diocese de Santarém assegurou, no dia 10 de outubro, através de uma mensagem, a “comunhão e obediência filiais” bem como a “oração perseverante”. O organismo consultivo manifesta a intenção de, com o novo bispo, crescer “como Igreja viva, abertos aos tempos novos”, com “ousadia evangélica e criatividade pastoral”. “Recebemos o nosso Bispo na alegria e na esperança, de coração disponível para a necessária conversão que nos permitirá sonhar e construir a Igreja que Deus quer e o mundo precisa”, acrescenta o texto.
_________________
Mensagem de D. Manuel Clemente pela nomeação de D. José Traquina como Bispo de Santarém
A Santa Sé acaba de anunciar a nomeação do Senhor D. José Augusto Traquina Maria, Bispo Auxiliar de Lisboa, para Bispo de Santarém. A nomeação suscita dois sentimentos, assim expressados:
Primeiro, a ação de graças a Deus pela vida e ministério do Senhor D. José Traquina entre nós, o Patriarcado, onde nasceu e cresceu, onde foi Sacerdote e Bispo, com tanta generosidade, piedade e acerto pastoral. As qualidades sempre demonstradas fazem dele um autêntico sacramento de Cristo Pastor no meio do seu povo. Muito aproveitámos nós no Patriarcado e muito aproveitarão os seus novos diocesanos.
Segundo, os parabéns à Diocese de Santarém, tão próxima de nós pela geografia, a história e a atualidade eclesial. Na continuidade do fecundo trabalho dos Senhores D. António Francisco Marques e D. Manuel Pelino Domingues, D. José Traquina saberá corresponder inteiramente às necessidades e expetativas dos seus novos diocesanos.
Rezemos por ele e rezemos por todos, confiantes em Cristo e na Mãe da Igreja!
+ Manuel, Cardeal-Patriarca
7 de outubro de 2017
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
A Santa Sé acaba de divulgar o tema da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026....
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Domingo é o Dia Mundial das Missões. Há 99 anos, decorria o ano 1926, o Papa Pio XI instituiu o Dia Mundial...
ver [+]
|
![]() |
Pedro Vaz Patto
No âmbito das celebrações do ano jubilar no Patriarcado de Lisboa, catorze organizações católicas (Ação...
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Há notícias que nos entram pelo coração adentro deixando-nos um misto de sentimentos. A nomeação do P.
ver [+]
|