Na Tua Palavra |
D. Nuno Brás
E tudo se tornou Hollywood!
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Confesso que quando ouvi falar pela primeira vez na noção de “indústria cultural”, da autoria dos filósofos Adorno e Horkheimer, não fiquei muito convencido. Estávamos nos inícios da década de 90, e ainda demasiado dominados pela contraposição entre Leste e Oeste na Europa.

Contudo, olhando hoje para este nosso mundo ocidental, estou bem tentado a dizer que não apenas a arte e o seu significado mas toda a nossa vida se tornou uma grande dependência de Hollywood— literalmente! Tudo se tornou espectáculo: a política, a economia, o pensamento, e até os crimes, sejam eles de “colarinho branco” ou de “faca e alguidar”. De nada nos envergonhamos; tudo é público, e limitamo-nos a dizer: “somos assim”…

A própria moral tornou-se espectáculo e, o que é ainda mais grave, tem como medida os comportamentos das estrelas de Hollywood.

Cada um pensa-se a si mesmo (e deseja ser) como uma estrela de cinema: com as suas atitudes mais ou menos arrogantes, com as suas inseguranças e com o seu dinheiro. Se as estrelas de cinema têm corpos elegantes, porque não ir todos os dias ao ginásio — afinal, não é isso que os torna famosos? Se as estrelas de cinema se divorciam e voltam a casar dezenas de vezes, porque não também toda a gente — afinal, não é isso que os torna famosos? Se as estrelas de cinema são a favor da ideologia de género, porque não impô-la a toda a gente — afinal, não é isso que os torna famosos? Se as estrelas de Hollywood consomem drogas, porque não deixar que o consumo de estupefacientes seja livre — afinal, não é isso que os torna famosos? Se as estrelas de Hollywood dizem ter pena dos pobres e, depois, levam vidas milionárias, porque não fazer exactamente o mesmo — afinal, não é isso que os torna famosos? Se as estrelas de Hollywood dizem ser a favor da paz, mesmo que depois façam filmes de guerra em que todos se matam uns aos outros, que nos custa dizer também que somos a favor da paz: dizer não custa nada — e não é isso que os torna famosos?

Os velhos concursos de beleza (também eles ao estilo de Hollywood), eram ridicularizados, entre outras coisas, porque as concorrentes davam sempre as mesmas respostas, como se tudo tivesse sido ensaiado e nada fosse autêntico. Olhemos um pouco para este nosso mundo e vejamos se a grande maioria (adolescentes, jovens ou adultos) não anda a fazer o papel de pretendente ao lugar de “miss” não sei o quê, repetindo exactamente o que dizem as estrelas de Hollywood!

Artigo ‘Na Tua Palavra’, por D. Nuno Brás, Bispo Auxiliar de Lisboa
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