Nas várias vezes em que estive com o Senhor D. Manuel Martins (e foram muitas, desde o meu tempo de seminarista à Conferência Episcopal) sempre me tocou o seu modo de viver livre, como homem, como cristão e como bispo.
Quem o conheceu sabia bem que era tudo menos “uma cana agitada pelo vento”. Percebíamos que era um homem de convicções profundas. Mas, ao mesmo tempo, para além do simpático acolhimento humano, D. Manuel dava espaço àqueles que pensavam e viviam de modo diferente, também na vida da fé. Bastava que se dispusessem a “trabalhar na vinha do Senhor”. E isso mesmo procurou imprimir no rosto da sua recém-criada diocese. Não sem dificuldades e incompreensões.
Não é fácil ser livre e aceitar que os outros o sejam. E não raras vezes também dentro da própria Igreja a liberdade foi palavra vã. Contudo, podemos dizer que, ao longo destes dois mil anos, a vida da Igreja, sobretudo se a compararmos sem preconceitos à história dos poderes políticos e económicos, é uma história de liberdade. Basta recordar as palavras fundantes de S. Paulo na sua Carta aos Gálatas (5,1): “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou”. A obediência ao Evangelho cria um enorme espaço de liberdade interior, fruto da ação do Espírito Santo, que se manifesta também exteriormente no respeito e no acolhimento daquele que é diferente e que pensa de modo diferente, bem como no modo como nos colocamos perante os poderes do mundo.
Não tenhamos dúvidas de que o Evangelho nos abre o caminho para a verdadeira liberdade. Contudo, este caminho traz consigo a necessidade de sempre o percorrermos e aprendermos, porque o nosso modo natural de ser é antes aquele de impor aos outros os nossos gostos e pensamentos.
A tentação de “rotular” alguém, o preconceito, as imagens pré-concebidas de “progressista” ou “conservador” estarão, infelizmente, sempre presentes. Fazem parte do pecado humano. E se, no tempo em que vivemos, facilmente regressam esses “tiques de ditador”, sirva-nos de exemplo a figura de D. Manuel Martins.
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