DOMINGO XIII COMUM Ano A
“Quem vos recebe, a Mim recebe;
e quem Me recebe, recebe Aquele que Me enviou.”
Mt 10, 40
Passam amanhã, 3 de julho, trinta anos sobre a morte do P. Alberto Neto. E ia passar-me desapercebida a data, como tem acontecido noutros anos, não fosse encontrar, entre os livros de um alfarrabista, o único livro que conheço sobre ele, um tesouro de testemunhos e de homilias suas que o P. Stilwell coordenou dois anos depois da sua morte. “Testemunhos de uma voz incómoda – Capela do Rato (68-73)” é a frase que segue ao título com seu nome, simples e direto, como o desenho do rosto sorridente da capa. É assim que o lembro, com a sua careca reluzente e o entusiasmo contagiante por Cristo e por todos, especialmente os jovens e os alunos, aos quais tenho a alegria de ter pertencido como seu aluno na Escola Secundária de Queluz, que hoje tem o seu nome. Muito do que sou também lhe agradeço!
Não quero fazer aqui uma memória biográfica: se alguém tiver curiosidade em saber quem foi o P. Alberto Neto, procure. Encontrará certamente muitos que o conheceram melhor do que eu. E poderá mergulhar nas suas palavras e sentir a frescura do Evangelho que nos contagiou. Dói-nos a muitos o silêncio do seu assassinato, mas o que ele semeou, por onde foi dando a vida, é mais importante. E se está também associado a um dos episódios importantes da história do catolicismo português, o da “Capela do Rato”, é porque ele e os que com ele o viveram assumiam o “acto de seriedade e de coragem de saber ler as coisas com espírito de Igreja [...] Só nos dignifica e define como cristãos a capacidade de sabermos rezar e agir para que a paz seja de facto possível” (Homilia da Epifania de 1973). Pois disso se tratava: discutir o problema da Guerra do Ultramar e rezar e agir pela Paz. E o P. Alberto, por ser cristão e padre, e amar a Igreja e os homens, não podia ficar quieto!
Neste Domingo de Ordenações em Lisboa e em muitas outras dioceses, o Evangelho fala da radicalidade no seguimento de Jesus. De como Deus se faz presente no acolhimento dos seus discípulos, e do valor da generosidade de um pequeno copo de água fresca. E de como a vida “perdida” com Jesus é verdadeiramente encontrada. É a vida encontrada em Deus que importa transmitir e testemunhar, a vida que se reflete e ama, que se põe ao serviço dos outros, que “incomoda” porque ama a verdade e a justiça, que tem “a coragem de perder privilégios”, que “luta contra o mal”, em que “a verdade seja comida a uma mesa onde cada um participa e dialoga”, e “a igreja seja o grande sinal de alarme” para a humanidade [títulos de algumas homilias do P. Alberto].
Toda a história tem o seu contexto, e nós vivemos nele e construímo-lo. Mas perdura em fruto o que de eternidade nos habita, e lançamos sementes no coração de outros. As que o P. Alberto lançou, de amor a Jesus e à Igreja, de transformação do mundo e luta pela liberdade, de liturgia renovada e felicidade comprometida com todos, foram de um entusiasmo e generosidade enormes. E aquelas que todos recebemos na fé e na esperança, que são o tesouro da nossa vida, que nos fazem bater o coração ao ritmo do coração de Deus, que nos interpelam para construirmos um mundo melhor, vamos deixá-las fechadas dentro de nós? “Somos figueira de que Deus espera frutos”, dizia ele!
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