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DOMINGO DE PENTECOSTES Ano A

“Soprou sobre eles e disse-lhes:

«Recebei o Espírito Santo.»”

Jo 20, 22


Não era novo o tema da notícia: “Na Marinha Grande mais de 500 crianças praticam diariamente meditação na escola. Uma forma de concentração absoluta antes de começar as aulas. Os professores garantem que os resultados escolares melhoraram e muito” (RTP 15.05.2017). Noutros espaços escolares testemunham-se experiências similares. Curioso! No meio deste jeito de “viver por fora”, de viver depressa, de consumir o mais que se puder, de “estar sempre ligado”, de ter “horror ao silêncio”, parece que há quem acredite na importância da interioridade? Os estudos sublinham benefícios sobre a atenção, a concentração e as relações interpessoais, que certamente contrastam com as 5 milhões de doses diárias de “ritalina” tomadas pelas crianças portuguesas até aos 15 anos! 

José António Pagola, citando o teólogo Karl Rahner que referia a “mediocridade espiritual” como o grande problema da Igreja, diz no seu comentário para o Pentecostes: “É triste observar que tão pouco as comunidades cristãs sabemos cuidar e promover a vida interior. Muitos não sabem o que é o silêncio do coração, não se ensina a viver a fé a partir de dentro. Privados da experiência interior, sobrevivemos esquecendo a nossa alma: escutando palavras com os ouvidos e dizendo orações com os lábios enquanto o nosso coração está ausente.”

O vento e o fogo do Pentecostes, símbolos da presença do Espírito Santo, revelam o movimento criador e renovador de Deus em nós e em tudo. Se no início o “Espírito pairava sobre as águas”, agora desce sobre os temerosos apóstolos e enche as suas vidas de um fogo de amor para levar a outros. Passam da interioridade do acolhimento à exterioridade de anunciarem em todas as línguas as maravilhas de Deus. A vida interior que o Espírito Santo oferece não se manifesta num discurso para convencer nem numa sabedoria de académicos. A Babel da incomunicabilidade e da incompreensão é curada pela linguagem do amor e da comunhão. O vento e o fogo do Espírito renovam o interior de cada um para nos darmos mais autenticamente, partilhando a riqueza íntima de cada um.

É possível falar muito de Deus sem escutar a sua presença silenciosa no mais íntimo de nós? É possível dizer que fazemos a sua vontade quando o nosso coração não bate ao ritmo do seu? Infelizmente, sim. Não só é possível, como “de pouco serviram os intentos de reforçar as instituições, salvaguardar a liturgia ou vigiar a ortodoxia” (Pagola). Não deixemos apagar a experiência interior e feliz do mistério de Deus que já experimentámos. E o Espírito Santo, que arde e sopra, avivando a fogueira, não nos convidará a acolhê-l’O melhor? Em dinamismos pessoais e também comunitários, não teremos instrumentos e testemunhos para esta renovação? E como ofereceremos a outros esse fogo e esse vento que nos dá tanta felicidade? Vive-se no Espírito a partir de dentro, onde o Pai e o Filho nos convocam para a vida de amor que se contagia!

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