Há dias o Santo Sepulcro foi reaberto ao público, depois de obras necessárias. Ao dar a notícia do acontecimento, um jornalista dizia com o à-vontade característico: “foi reaberto ao público o Santo Sepulcro, onde muitos crêem que repousam os restos mortais de Cristo”… Já estamos, infelizmente, habituados à ignorância mediática sobre as expressões da fé cristã (aquela, precisamente, onde a maioria dos jornalistas foram batizados, fizeram a primeira comunhão, o crisma… e de onde, depois, desapareceram). Mas não é disso que hoje quero falar.
Hoje quero falar do vazio do sepulcro. Não daquele vazio silencioso de Sábado Santo, quando os discípulos não perceberam o que se passou nem o sentido dos acontecimentos que viveram – o vazio de quem se sente perdido e vê cair por terra todas as esperanças. Nem quero, sequer, falar daquele outro vazio com que Maria Madalena e, depois, Pedro e João se depararam na madrugado do Domingo de Páscoa, e que os fez pensar como normalmente pensaríamos: “roubaram o meu Senhor e não sei onde o puseram!”. Hoje quero falar daquele cântico, ao mesmo tempo intenso, alegre e firme que diariamente é entoado pelo Santo Sepulcro. Quero falar daquela “certeza serena com que o dia proclama vazio para sempre o sepulcro de Cristo”.
O Sepulcro vazio não prova nada. Apenas o encontro do Ressuscitado com os seus afirma a ressurreição – na sua Primeira Carta aos Coríntios (15,5-8), S. Paulo dá-nos uma lista daqueles que viram o Ressuscitado: Cefas (Pedro), os Doze, mais de quinhentos irmãos, Tiago, todos os Apóstolos, e finalmente, o próprio Paulo. É sobre o seu testemunho que se ergue a fé – testemunho passado de mão em mão, de coração a coração, de vida a vida. Testemunho que se espalhou por todos os continentes e que ultrapassou tempos e barreiras culturais.
Mas aquele Sepulcro vazio (sem nada, nem sequer “os restos mortais”), para onde acorrem diariamente milhares de cristãos, também ele grita: aquele vazio choca todos os pensamentos humanos, todos os raciocínios científicos, todas as vidas que se constroem (que se destroem) apenas no cuidado da carne e dos ossos humanos e que terminam sempre “nos restos mortais”. O vazio do Sepulcro grita uma outra vida – aquela que não somos capazes de nos dar e de construir, a vida de Deus, a vida eterna, mas que Deus teima em nos oferecer. O Sepulcro vazio ali está, em Jerusalém, teimosamente, a proclamar ao mundo inteiro: “Não está aqui. Ressuscitou!”.
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