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Assembleia Diocesana de Catequistas, no Externato da Luz, em Lisboa, reúne 800 catequistas
Uma “esperança realista” marcada pelo “discernimento”
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“Torna-se claro que a família é insubstituível na educação da fé”, lembrou José Eduardo Borges de Pinho, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), durante a Assembleia Diocesana de Catequistas, realizada no passado dia 26 de março, subordinada ao tema ‘Família e Educação da Fé’.

 

Durante a manhã, no Externato da Luz, em Lisboa, os cerca de 800 catequistas presentes, representantes de todas as vigararias do Patriarcado de Lisboa, ouviram o docente apresentar “um olhar sobre a realidade” daquilo que considerou ser “o papel da família na educação da fé”. “Torna-se claro que a família é insubstituível na educação da fé. Também sabemos que a realidade plural de hoje comporta consigo uma complexidade que já não nos permite falar de família, mas de famílias que procuram ser cristãs”, referiu Borges de Pinho, na sua intervenção que se baseou nos pontos fortes dos inquéritos enviados a todas as paróquias do Patriarcado sobre a exortação pós-sinodal ‘Amoris Laetitia’, do Papa Francisco. Para José Eduardo Borges de Pinho, os resultados do inquérito mostram que “existe uma distância entre a catequese dos filhos e a vida familiar” que vão desde as situações “em que os pais, eles próprios, detém pouca formação cristã” até aos casos em que “os pais agem como não crentes, mas continuam a querer a formação cristã para os seus filhos, sobretudo por causa dos valores”. O mundo da pós-modernidade, secularizado, “também contribui, com o seu olhar pluriforme, para o questionamento dos mais novos que perante as múltiplas perspetivas questionam a sua própria visão cristã do mundo”, sustentou.

O professor da UCP citou o inquérito onde “muitos pais estão conscientes de que lutam contracorrente na educação dos filhos” e propôs aos catequistas para “não serem pessimistas, mas assumir uma atitude de esperança realista perante a realidade de hoje”. “Devemos partir do princípio de discernimento que implica olhar para a família como família de famílias e isso pressupõe considerar que não existem mais fórmulas que sirvam de resposta para todas as realidades” e aceitar “que todos têm algo para dar, mesmo que seja muito pouco”, não enchendo “os pais com ‘deveres’ que estão para lá deles próprios”.

Num segundo ponto da sua reflexão, Borges de Pinho sustentou que é fundamental a existência de “mentalidades abertas a processos de aprendizagens e disponíveis para caminhos de renovação”. “A experiência de hoje mostra-nos que o processo de educação exige capacidade de abertura e capacidade de aprendizagem muito rápida, criatividade e maneabilidade como atitude fundamental cristã”.

Para o docente de UCP, o grande desafio “não é chegar a todos, mas sim chegar ao maior número possível com propostas personalizadas”. “Uma Igreja em saída é isto que significa e não suporta uma atitude defensiva que fecha a porta a tudo o que é diferente e que mantém instituições sem vida e modos de agir que perde a credibilidade”, afirmou.

Outro aspeto, realçado pelo docente, partindo do inquérito, traduz-se na “relação entre a comunidade e a família” e no modo como “ainda vão existindo dificuldades em aprofundar a veracidade do testemunho da fé no núcleo das comunidades como suporte da vida comunitária”. Como terceiro elemento, o docente propôs um “novo olhar para a tarefa da transmissão da fé que envolva toda a comunidade” e isso passa “pela comunicação do que de bom fazemos”. Num quatro ponto, deve levar “os catequistas a ver o seu papel como representantes qualificados das suas comunidades”.

Por fim, José Eduardo Borges de Pinho convidou os catequistas “a acompanharem e ouvirem as famílias de modo a que estas se tornem sujeitos ativos na comunidade”.

 

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Ateliês de formação para catequistas

Após a conferência de Borges de Pinho, os catequistas reuniram-se em 18 ateliês de formação orientados por 34 animadores, em temas como ‘Catequese familiar’; ‘Escola paroquial de pais’; ‘Despertar da fé’; ‘Dinâmicas familiares com adolescentes’; ‘O papel dos avós na transmissão da fé’; ‘Casais bíblicos’ ou ‘Pensar a vocação matrimonial na adolescência’.

 

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Cardeal-Patriarca elogia dedicação dos catequistas

Na Missa de encerramento da Assembleia Diocesana de Catequistas, o Cardeal-Patriarca de Lisboa elogiou a “dedicação” destes agentes. “Neste ramo, não há desemprego”, gracejou. Referindo-se a um encontro “muito significativo”, D. Manuel Clemente saudou a “dedicação e abnegação” dos cerca de sete mil catequistas da diocese e apresentou-se como “primeiro catequista” da diocese. Lembrando que a luz de Cristo faz a “diferença” na vida pessoal e social, o Cardeal-Patriarca deixou votos de que os encontros catequéticos sejam “luminosos” e apresentem a mensagem cristã como “histórias de vida, de encontro iluminador” e não “lendas”.

texto por Pedro Quintans; fotos por João Cláudio Fernandes
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