05.02.2017
Visita Pastoral à Paróquia da Malveira
Acolher os que chegam e ser “luz do mundo”
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Malveira vive uma realidade social dupla, com as pessoas originárias da terra e os muitos que têm chegado à paróquia nos últimos anos. “Gente que é preciso acolher”, frisa o pároco, padre Teodoro, a propósito da Visita Pastoral que D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, realizou de 22 a 29 de janeiro e onde convidou a uma “vida luminosa”.
Situada a pouco mais de 30 quilómetros de Lisboa, Malveira tem conhecido um crescimento populacional nos últimos anos, em especial devido à construção da autoestrada. Nos dias de hoje, segundo os Censos de 2011, são já mais de 6500 os habitantes desta terra, o que a torna numa das mais populosas da Vigararia de Mafra. “A Malveira é uma paróquia com duas características que habitualmente não se veem noutras: é uma paróquia muito antiga, com gente que tem raízes aqui na terra – há muitas pessoas que nasceram e têm vivido aqui. Há uma comunidade, não só a nível religioso mas também a nível civil, onde as pessoas se conhecem umas às outras, porque os pais e os avós também se conheceram. A par disso, há uma outra Malveira, que não está separada desta, que tem vindo a receber pessoas que vêm de fora, de Lisboa e dos arredores, talvez um pouco cansadas do barulho e do stress da cidade. São pessoas que vêm para aqui, que é um sítio mais pacato, onde podem encontrar casas e apartamentos mais baratos e que está à beira da autoestrada”, salienta ao Jornal VOZ DA VERDADE o pároco da Malveira, padre Teodoro Dias de Sousa, reforçando que “a construção da A8 mudou a realidade da vila”.
Presente na Malveira desde 2006, este sacerdote destaca as “muitas famílias novas” na paróquia. “Algumas destas novas famílias vêm ter comigo e pedem para lhes benzer a casa. É uma oportunidade que eu tenho para conhecer as novas famílias e elas conhecerem-me a mim, também”, aponta. Acolher os que vêm de fora instalar-se na Malveira é, por isso, o principal desafio da paróquia, segundo o pároco. “Temos feito pouco nesse sentido, temos estado à espera que as pessoas venham ter connosco. Mas esse não é o melhor processo, porque o Papa Francisco manda-nos sair e não que estejamos à espera. É um grande desafio: como acolher esta gente nova que chega à Malveira”.
Fé Cristocêntrica
A Paróquia da Malveira recebeu, no final do mês de janeiro, a Visita Pastoral – um momento que não acontecia desde 1989 – e o pároco faz um balanço “muito positivo” da presença do Bispo Auxiliar de Lisboa. “As pessoas acolheram bem o senhor D. Joaquim Mendes, não só pela forma como organizaram e desenvolveram a visita, mas via-se que, no final, a comunidade estava satisfeita com o senhor Bispo”, realça o padre Teodoro, de 68 anos, considerando que “a Visita Pastoral foi um incentivo muito grande” para toda a paróquia. “Estas visitas mobilizam as pessoas para as várias atividades que se vão criando, o que ajuda a desenvolver o espírito comunitário. Acredito que é nestas alturas que, se eventualmente existiram alguns pequenos muros, eles são derrubados… porque a verdade é que se sentiu uma solidariedade muito grande nesta semana de Visita Pastoral, que foi de grande proveito espiritual”, garante.
Referindo que “todos os momentos da Visita Pastoral foram muito intensos”, o pároco enaltece a visita à Obra Social do Pousal, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que fica situada no espaço geográfico da paróquia e que acolhe homens e mulheres com deficiências profundas, doenças degenerativas ou raras. “Um momento que impressionou muito o senhor Bispo foi a visita ao Pousal, um equipamento que acolhe doentes profundos, físicos e mentais. O senhor D. Joaquim foi de quarto em quarto visitar os doentes, dizer-lhes algumas palavrinhas, estar com eles e abençoá-los”, conta.
A Paróquia da Malveira tem como padroeiro São Paulo, tendo sido organizada, na semana da Visita Pastoral, uma conferência sobre o apóstolo dos gentios. “Nessa conferência, o senhor D. Joaquim Mendes focou muito que a nossa fé, como São Paulo depois também a desenvolveu e como Jesus tinha feito, tem que ser Cristocêntrica, fundada em Cristo. Se nos desviarmos de Cristo, estamo-nos a desviar do Evangelho. São Paulo diz: ‘Para mim, viver é Cristo’ e o senhor Bispo, não só nessa conferência mas também nas várias Missas a que presidiu, desenvolveu muito esta ideia de que temos de nos centrar em Cristo”, lembra.
Catequese, caridade e música
O padre Teodoro sobressai também a importância da catequese na paróquia. “Os pais estão muito envolvidos na catequese, porque os catequistas têm sabido muito bem envolvê-los na caminhada religiosa dos filhos”, manifesta, lembrando os cerca de 200 catequizandos e praticamente 30 catequistas que se encontraram com D. Joaquim Mendes na tarde do dia 28 de janeiro.
A paróquia tem também “um grupo de acólitos muito interessante” e as Conferências de São Vicente de Paulo “fazem um trabalho discreto, como convém”, mas são “muito ativas e ajudam muito as pessoas da Malveira, que têm necessidades materiais mas também espirituais”. Na Malveira, há ainda “um cuidado especial pelo canto”, fruto da ligação do padre Teodoro à música. “Temos duas Missas na Malveira: uma ao sábado e outra ao Domingo. A vespertina é animada pelos jovens e com uma música mais dedicada a eles; contudo, não foge das normas litúrgicas e eles têm sempre a preocupação de escolher os cânticos conforme as leituras. O coro de Domingo é completamente identificado com o espírito da liturgia, veem no jornal Voz da Verdade e noutros sites que sugerem os cânticos”.
Comunidade-família
Na Missa de encerramento da Visita Pastoral à Paróquia da Malveira, na manhã do passado Domingo, 29 de janeiro, D. Joaquim Mendes agradeceu o testemunho de fé desta comunidade. “Dou graças a Deus pelo testemunho de fé e de pertença à Igreja de todos vós e dizer-vos que me senti e sinto verdadeiramente em família. A comunidade cristã, a Igreja, é isto mesmo: uma família de famílias, unida pela fé, pelo Batismo e pela comunhão com Jesus, partilhando com Ele a vida e a missão. Procurai crescer neste espírito de comunidade-família, família de famílias e família para aqueles que não têm família, uma comunidade aberta e acolhedora, que dá testemunho de Jesus, evangeliza e cuida com solicitude dos mais frágeis”, desafiou. Lembrando depois o Evangelho daquele Domingo, sobre as Bem-Aventuranças, o Bispo Auxiliar de Lisboa convidou os cristãos da Malveira a serem luz do mundo. “Viver segundo as bem-aventuranças é exercer a missão de ser «luz do mundo», abrir caminhos novos, ter uma vida luminosa, que revela àqueles que buscam a felicidade, que esta se encontra no caminho que Jesus nos abriu e nos propõe nas bem-aventuranças. Um caminho que nos faz grandes e felizes no tempo e na eternidade”, garantiu.
Após a celebração eucarística na igreja paroquial, D. Joaquim Mendes visitou o Lar de São Pedro, uma residência sénior privada com capacidade para 32 utentes e que acolhe atualmente 29 idosos. Acompanhado de Adelaide Morais, ministra da comunhão que frequentemente visita o lar, o Bispo Auxiliar transmitiu palavras de conforto aos idosos, abençoando-os.
texto e fotos por Diogo Paiva Brandão