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É uma paróquia pequena, com três mil habitantes, que se sentiu tocada pela proximidade e testemunho de D. José Traquina. A Paróquia de Igreja Nova recebeu, de 17 a 22 de janeiro, a Visita Pastoral, com o Bispo Auxiliar de Lisboa a valorizar a família “como critério da pastoral para a diocese”.
“Ter o senhor Bispo, durante estes dias todos, no meio de nós, a viver connosco, a caminhar no meio das nossas ruas e a ir ao encontro das pessoas marcou bastante a comunidade”. As palavras são do pároco de Igreja Nova, padre Manuel Custódio Langane, ao fazer o balanço de seis dias de Visita Pastoral de D. José Traquina a esta paróquia da Vigararia de Mafra. “As pessoas comentaram que só viam os Bispos à distância ou durante o Crisma, mas virem à nossa terra, à nossa paróquia e irem ao encontro das famílias, dos doentes, dos idosos foi muito positivo. Muitos sentiram-se verdadeiramente marcados pela proximidade do senhor Bispo, que falou quase com todos e foi ao encontro de tudo, das escolas, dos locais de trabalho, das unidades de produção”, prossegue este sacerdote, de 48 anos, ao Jornal VOZ DA VERDADE.
Classificando a Visita Pastoral como “muito positiva”, o padre Custódio destaca também os vários momentos de oração vividos ao longo da semana. “O povo gostou que o Bispo tivesse rezado connosco. Rezou o terço, celebrou a Eucaristia, confessou… no fundo, viveu o dia-a-dia do sacerdote na Igreja Nova. Parecia que o Bispo era um sacerdote com o padre que está lá a servir”, graceja. A nível pessoal, como pároco, o padre Custódio salienta “o apoio recebido” durante a semana de Visita Pastoral. “A presença do Bispo Auxiliar de Lisboa nestes dias foi como que um renovar da minha entrega e dedicação. Ver o senhor Bispo preocupado e interessado sobre como me sinto e como me encontro, quais as dificuldades que tenho, isto, para mim, como sacerdote, foi muito importante e senti-me valorizado e, ao mesmo tempo, encorajado e fortalecido”, descreve.
Bispo para o povo
A Igreja Nova é uma terra do concelho de Mafra, com 25,55 quilómetros quadrados de área e 3.037 habitantes, segundo os Censos de 2011. “Esta é uma aldeia cujas pessoas são todas naturais de cá e que vivia na base da agricultura. A maioria da população é idosa porque os jovens foram estudar para Lisboa. Os casais arranjam emprego noutras terras, porque na Igreja Nova não há quase nada”, conta o pároco, presente nesta paróquia desde 2012.
Integrado na Visita Pastoral, a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Igreja Nova recebeu, na noite de dia 20 de janeiro, o encontro vicarial com os cursistas. “Neste encontro com os Cursilhos de Cristandade, esteve presente o Cardeal-Patriarca, D. Manuel Clemente, os Bispos Auxiliares e também todos os padres da Vigararia de Mafra. Um dos meus paroquianos, um jovem, disse-me: ‘Parece que todo o Patriarcado está aqui, na Igreja Nova’. Foi um momento muito rico para o povo”, descreve o padre Custódio, realçando também o encontro dos jovens com D. José Traquina: “Os jovens ficaram muito felizes pelo facto de o senhor Bispo ter estado uma tarde com eles. Sentiram-se apoiados, animados e motivados”.
No dia 21 de janeiro, D. José Traquina celebrou 63 anos de vida e o aniversário foi passado em Visita Pastoral, na Paróquia de Igreja Nova. Um momento que sensibilizou a comunidade, segundo o pároco. “O povo ficou muito feliz porque o senhor Bispo podia não ter vindo à paróquia e ter ido festejar com sua família, mas veio celebrar connosco e passou o seu aniversário connosco. Foi muito importante na vida da comunidade, que viu o Bispo como um do povo, que mesmo no dia de anos está lá, porque a sua consagração e a sua entrega é mesmo para o povo”, salienta.
Família é “questão natural”
Em dia de aniversário, num encontro com toda a catequese da paróquia, D. José Traquina começou por sublinhar que “as crianças são a nossa razão de ser quando pensamos na catequese”. Na igreja paroquial, o Bispo Auxiliar destacou ainda a Constituição Sinodal de Lisboa, que “vai definir a ação pastoral da diocese nos próximos anos”. Convidando a “ler e refletir” o texto que resulta do Sínodo Diocesano, o prelado referiu que o documento sinodal “tem a família como critério da pastoral para a diocese”. “A família é um grande bem, é um grande dom para a sociedade e para o mundo. Por isso, é preciso valorizá-la. Sabemos que têm havido algumas iniciativas mundiais para acabar com a família, fazendo uma afirmação dura sobre a pessoa individual, só a pessoa individualmente. Nós afirmamos, em Igreja, que as duas denominações não se contrapõem mas, sim, ajustam-se, para um bem maior que é a família. É na família natural que surge a família cristã”, salientou, lembrando que “a família cristã não é apenas uma questão religiosa, mas uma questão natural”.
A família “é um grande bem para a sociedade, porque é escola”, reforçou o Bispo Auxiliar. “É na família que nós aprendemos a respeitar quem é o pai, quem é a mãe, quem são os irmãos, quem são os tios. É na família que aprendemos a estruturar a nossa consciência, o que se deve ou não fazer, o que é justo, o que é verdadeiro e o caminho a seguir”, apontou, frisando que “é preciso, em primeiro lugar, valorizar a família como célula fundamental da sociedade”.
D. José Traquina desejou ainda que “aqueles que reconhecem o seu chamamento e atração a constituir uma família se preparem, em consciência, para abraçar essa vocação”. Nesse sentido, salientou, “Deus pede aos pais que assumam essa responsabilidade, essa missão que lhes cabe da educação dos seus filhos”. O Bispo Auxiliar lembrou também que “a comunidade cristã deve-se organizar para apoiar a família na educação cristã das crianças”. No entanto, ressalvou, o objetivo da catequese “não é dar explicações religiosas, nem é só ‘passar’ um conhecimento”. “A catequese é ajudar as crianças a fazer um percurso de fé, onde elas recebem o testemunho do catequista, além do testemunho do pai e da mãe, e no seu grupo de catequese e na comunidade cristã faz uma experiência de oração”, frisou D. José Traquina, destacando “a importância de os pais acompanharem por perto a catequese dos filhos”. “A nossa preocupação de catequese, neste momento, em todas as paróquias e em toda a Diocese de Lisboa, consiste nisto: que uma criança, um adolescente ou jovem descubra a maravilha que é ser uma pessoa cristã. Não é a preocupação se é crismado ou se faz a primeira comunhão… isso demora uma hora ou uma hora e meia. A nossa preocupação é uma vida inteira! Aquilo que é importante é a felicidade dos filhos e é essa formação de consciência que interessa. Que eles façam a descoberta do que Jesus quer das suas vidas”, desejou.
Na Eucaristia que se seguiu a este encontro, na igreja paroquial de Igreja Nova, o Bispo Auxiliar do Patriarcado dirigiu-se aos mais pequenos da catequese, convidando-os a lembrarem-se da “grande verdade” de que “Jesus é nosso amigo”. Apontando que “o ódio e a vingança não dão futuro a ninguém”, D. José Traquina convidou a “perdoar sempre”, porque “o amor tem de ter sempre vitória”.
Pré-jovens e coro infantil
São cerca de 120 as crianças que estão na catequese na Paróquia de Igreja Nova, para pouco menos de 20 catequistas. “Temos todos os grupos do 1º ao 8º volume, depois juntámos o 9º e 10º e fizemos um único grupo, que chamamos o pré-jovens e que os encoraja e anima, porque o sentem já mais como um grupo de jovens do que propriamente como catequese. Só após o 10º volume, no ano pastoral seguinte, é que são crismados. Depois então, como têm cerca de 15 anos, passam a integrar o grupo de jovens. Esta é também uma maneira de o grupo de jovens ter uma continuidade”, refere o pároco.
Na Vigararia de Mafra, segundo este sacerdote, “não há muitos coros infantis”. Um dos que existe, contudo, é o coro infantil da Paróquia de Igreja Nova, constituído por cerca de 35 crianças da catequese, que anima as Missas vespertinas. “É algo muito bom para a paróquia e para a terra! Há muita gente que vai à Missa no sábado por causa do coro infantil, porque os pais, os avós, os tios, querem ir rezar mas também ver os filhos, os netos, os sobrinhos a cantar”, refere o padre Custódio, frisando que este coro infantil vai participar no I Dia dos Pequenos Cantores da Diocese de Lisboa, que decorre no dia 5 de fevereiro, na Paróquia de São Tomás de Aquino.
Caminhada sinodal
A Visita Pastoral de D. José Traquina, entre 17 e 22 de janeiro, foi um convite à unidade da paróquia, segundo o pároco. “O senhor Bispo falou muito da unidade nos encontros com os grupos. Por vezes vivemos numa terra onde há muita, digamos, rivalidade entre os vários lugares e os vários grupos da paróquia. Por exemplo, tinha muito gosto que um dia o coro infantil e o coro dos adultos se juntassem e cantassem na festa da padroeira”, deseja. Por outro lado, afirma, a presença do Bispo Auxiliar de Lisboa, durante uma semana, nesta pequena paróquia da Vigararia de Mafra, fez “a comunidade perceber que faz parte do Patriarcado e que a diocese se interessa” pela comunidade.
Contudo, no entender do padre Custódio, o caminhar para o projeto sinodal da diocese foi o “grande fruto” da Visita Pastoral. “Tanto o senhor Bispo ao longo dos dias, como o senhor Patriarca no encontro vicarial, falaram muito do Sínodo Diocesano e da caminhada sinodal, e lançaram esse desafio a todos os grupos da paróquia, que agora estão interessados em ter a Constituição Sinodal e fazer uma caminhada de estudo e reflexão do documento”, garante o pároco de Igreja Nova.
texto e fotos por Diogo Paiva Brandão