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Roma
“Matar em nome de Deus é satânico”
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O Papa Francisco lembrou o padre Jacques Hamel, assassinado em França. Na semana em que falou do Jubileu da Misericórdia como uma oportunidade, o Papa recebeu a Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, alertou para a situação de grave crise política no Gabão e avisou para os perigos da escravidão.

 

1. “Como seria bom que todas as religiões dissessem que matar em nome de Deus é satânico”, afirmou o Papa na homilia de uma Missa que celebrou na capela da Casa de Santa Marta, no Vaticano, esta quarta-feira de manhã, 14 de setembro. As palavras do Papa foram proferidas a propósito do martírio do padre Jacques Hamel, sacerdote brutalmente assassinado em Rouen, França. “Homem bom, foi assassinado como se fosse um criminoso. É o fio satânico da perseguição”, afirmou Francisco. “Hoje há cristãos martirizados, torturados, presos e degolados porque não renegam Cristo. Nesta história, chegamos ao padre Jacques, que faz parte desta cadeia de mártires”, começou por dizer. “Os cristãos que hoje sofrem a prisão, a tortura e a morte experimentam a crueldade da perseguição que exige a apostasia e que é satânica. Como seria bom que todas as religiões dissessem que matar em nome de Deus é satânico”, desejou o Papa.

A celebração contou com a presença de vários familiares do sacerdote, bem como de elementos da comunidade de Saint-Etienne-Du-Rouvray. O ataque ocorreu no dia 26 de julho, quando dois homens armados com facas fizeram cinco reféns e uma vítima mortal: o padre Jacques Hamel. “Que o martírio da sua vida nos ajude a avançar sem medo. Devemos rezar-lhe, pois ele é mártir e está no céu. Rezar-lhe, para que nos dê a doçura, a fraternidade e a paz. E também a coragem de dizer sempre a verdade: que matar em nome de Deus é satânico”, pediu o Papa. Ao reconhecer que a morte do padre Hamel constitui um ato de martírio, o Papa Francisco afirmou o seu estado de beato, algo que expressou claramente na sua homilia: “Ele deu a vida por nós, para não negar Jesus. É mártir e os mártires são beatos”, afirmou.

 

2. Ainda nesta quarta-feira, o Papa destacou o Jubileu da Misericórdia como uma oportunidade de as pessoas se aproximarem da Igreja e revigorarem forças no regaço de Deus. “Neste Jubileu, peregrinos de todo o mundo passaram a Porta Santa da Misericórdia em busca de conversão. Ao aproximarmo-nos de Deus descobrimos que o seu jugo é leve: Jesus, que carrega os fardos e dificuldades da humanidade, mostra-nos o caminho da salvação”, salientou Francisco, durante a audiência-geral, na Praça de São Pedro.

Neste encontro público semanal, o Papa Francisco salientou ainda a importância de os cristãos confiarem as suas dificuldades a Cristo. “Quando estamos cansados e desanimados, que não tenhamos medo; pois a nossa esperança em Cristo nunca será confundida”, concluiu.

 

3. A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, criada pelo Papa em março de 2014, anunciou esta segunda-feira que vai apresentar a Francisco um conjunto de “diretivas” para evitar e enfrentar eventuais casos de abusos sexuais na Igreja. “A comissão desenvolveu um modelo de diretivas na proteção e salvaguarda das crianças, adolescentes e adultos vulneráveis que vão ser apresentadas em breve ao Santo Padre, para a sua consideração”, adianta uma nota publicada pela Sala de Imprensa da Santa Sé.

O anúncio foi feito após a reunião de trabalho da comissão, durante uma semana, que decorreu em Roma. O comunicado refere que uma das vítimas de abusos sexuais ouvida pela comissão, e que foi abusado na infância, propôs a instituição de uma Jornada de Oração como parte do “processo de cura” e da “maior tomada de consciência” destes casos. O Papa Francisco pediu que as Conferências Episcopais dos vários países “escolham um dia apropriado para rezar pelos sobreviventes e as vítimas de abuso sexuais” como partes deste Dia Mundial de Oração. A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores, presidida pelo Cardeal Seán Patrick O'Malley, manifestou a sua “satisfação” por vários organismos episcopais estarem a dar “passos” para concretizar essa proposta.

 

4. O Papa alertou, no passado Domingo, 11 de setembro, para a situação de “grave crise política” no Gabão. Francisco rezou em particular pelas vítimas dos confrontos e os seus familiares. O Presidente do Gabão, Ali Bongo, foi reeleito para um segundo mandato de sete anos, com 49,80% dos votos contra 48,23% do líder da oposição, Jean Ping, que contesta o resultado. Após o anúncio da reeleição de Bongo, na quarta-feira, o Parlamento foi incendiado, a sede de campanha da oposição foi tomada de assalto e vários apoiantes detidos. Também há registo de confrontos nas ruas dos quais resultaram sete mortos. Francisco associou-se aos apelos dos Bispos católicos no país africano para “convidar todas as partes a recusar qualquer violência e a ter sempre como objetivo o bem comum”. “Encorajo todos, em particular os católicos, a ser construtores da paz no respeito pela legalidade, no diálogo e na fraternidade”, desejou.

O Papa Francisco disse ainda que nenhuma pessoa é “irrecuperável” para o perdão de Deus e convidou os católicos a viver a “festa” da misericórdia divina nas suas vidas. “Não há pecado em que tenhamos caído do qual, com a graça de Deus, não nos possamos levantar, não há uma pessoa irrecuperável, ninguém é irrecuperável, porque Deus nunca deixa de querer o nosso bem, mesmo quando pecamos”, explicou, perante milhares de pessoas reunidas para a recitação do Angelus, na Praça de São Pedro.

 

5. Na audiência jubilar do Ano da Misericórdia, no passado sábado, 10 de setembro, o Papa Francisco avisou para os perigos da escravidão, em nome de uma falsa liberdade. “Quantas ilusões são vendidas sob o pretexto da liberdade e quantas novas escravidões são criadas, nos nossos dias, em nome de uma falsa liberdade! Há tantos, tantos escravos: ‘Eu faço isto porque quero, tomo droga porque gosto, sou livre, faço o que me apetece’. São escravos! Tornam-se escravos em nome da liberdade. Todos nós já vimos pessoas assim, que acabam de rastos”, lembrou, considerando: “Precisamos que Deus nos liberte de todas as formas de indiferença, de egoísmo e de autossuficiência”.

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