DOMINGO XXV COMUM Ano C
“Nenhum servo pode servir a dois senhores (...).
Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”
Lc 16, 13
É interpeladora a afirmação de Jesus que reconhece o dinheiro como “senhor”. Quer dizer, “alguém” que é o mais importante, que manda, a quem se serve. É possível então colocar no dinheiro e nas riquezas materiais, a fé e a confiança que se coloca no Deus vivo? São dois modos de viver opostos, e o ténue fio que os separa deve ser motivo de constante revisão. Foi esse tema que originou a discussão (anedótica!) de três representantes religiosos sobre a divisão da colecta nas suas comunidades. Um traçava um risco no chão e atirava o dinheiro ao ar: o que ficasse de um lado era para ele e o que ficasse do outro era para Deus. Outro desenhava um círculo e também atirava o dinheiro ao ar: o que ficasse dentro do círculo era para Deus, e o que ficasse fora era para ele. O terceiro era ainda mais engenhoso: simplesmente atirava o dinheiro ao ar, o que Deus apanhasse era para Deus, ... o que caísse no chão era para ele!
O uso dos bens e das riquezas é exercício da responsabilidade humana. No fundo, cada um de nós responde pela riqueza primeira da vida e do tempo de cada dia, do ser e do fazer que se escolhe nos passos que damos. O administrador desonesto da parábola foi elogiado, segundo os estudiosos da Bíblia, porque prescindiu dos lucros pessoais que a condição de intermediário lhe conferia. Sim, continua frequente esta ganância dos intermediários (que também somos todos nós, em diferentes situações), bastando olhar para a ânsia doentia de ricos quererem ser ainda mais ricos, e de nada saciar quem já muito tem. A afirmação “sou um banqueiro a fazer o trabalho de Deus” proferida em 2009 por Lloyd Blankfein, Presidente (CEO) do Goldman Sachs, o maior banco de investimento do mundo, que muitos defendem ser o banco que manda no mundo, é reflexo dessa insaciabilidade.
Mas o elogio do administrador desonesto pode também referir-se à sua rápida decisão, à prontidão e inteligência com que decidiu algum despreendimento. É essa decisão que Jesus reclama dos seus discípulos face ao Reino de Deus. Quem, e o que escolhemos? José Luís Cortés, um padre-desenhador espanhol apresenta as diferenças entre “servir Deus” e “servir o dinheiro”: “Estar a favor da vida de todos por igual, ou estar a favor dos privilegiados; apreciar as pessoas pelo que são, ou pelo que têm; basear as relações no amor e na confiança, ou no interesse; ser generosos com o pouco, ou ser tacanhos com o muito; viver confiados, ou seguros a todo o risco; dedicar tempo a “perder tempo”, ou ser escravo do tempo; desfrutar com qualquer coisa, ou precisar de muitas coisas para desfrutar; deixar-se surpreender pelo novo, ou procurar sempre o seguro; ser progressista – ‘o melhor está sempre para vir’, ou ser conservador – ‘qualquer coisa passada foi melhor’; saborear a vida, ou consumir a vida!”
Servir Deus é reconhecer quais os maiores bens da vida e vivê-los generosamente com todos. Jesus dá-nos, sem medida, os bens do Pai: o perdão, o amor, a misericórdia, o céu em cada encontro e em cada milagre. O seu ter é, essencialmente, dar. Que modo de viver é o nosso?
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