Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Tornar a cruz mais leve
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Nesta quarta-feira, 14 de setembro, dia em que escrevo este Editorial, a Igreja celebra a Festa da Exaltação da Santa Cruz. Uma festa de longa tradição na Igreja, que nos deve fazer parar para refletir.

Falar de cruz remete-nos, numa primeira abordagem, para a dor, o sofrimento, lembrando o que o próprio Jesus sofreu carregando aos ombros aquela cruz grande e pesada, com as dores do Mundo, até ao lugar do Calvário. Falar de cruz faz-nos olhar para o alto e sentir aquele calafrio interior ao ver as mãos pregadas e ensanguentadas daquele Homem que voluntariamente deu a sua vida, para redenção de todos nós. O próprio Deus fez-se homem para sofrer com os homens, sentir as suas dores, estar com os mais pobres, os frágeis, os doentes, as viúvas, os afastados, os pecadores…

Mas falar de cruz faz-me hoje pensar, particularmente, em todos aqueles que carregam a sua cruz. As crianças que são vítimas de maus tratos e tantas vezes abandonadas, os que sofrem de bullying nas escolas, de violência doméstica, os que são marginalizados, os que vivem a pobreza sendo muita dela envergonhada, os viciados, os refugiados, os idosos abandonados, os doentes... Poderia continuar a descrever o rol de todos aqueles que, nos dias de hoje, carregam a sua cruz. Porque são tantos e cada um sabe qual a sua!

Porém, a cruz não é sinal de fim ou de morte, porque ela é salvação e conduz à vida. Muitas vezes entre a cruz e aquele que a carrega está alguém de coração aberto, solidário, disponível para tornar a cruz do outro mais leve. A Igreja, tantas instituições e organizações a ela ligadas, inúmeros voluntários em todo o mundo, têm exercido esta missão que se torna, assim, social e caritativa. Foi, por isso, com alegria que acolhi o reconhecimento do nosso Presidente da República sublinhando, esta semana, o papel das instituições solidárias no momento atual. Numa mensagem vídeo que dirigiu aos participantes do XXX Encontro Nacional da Pastoral Social, que decorreu esta semana em Fátima, Marcelo Rebelo de Sousa acentuou o papel da Igreja no período da crise económica que se tem vivido em Portugal. “Garantiram que a crise fosse um pouco menos dura do que aquilo que poderia ter sido, sendo embora muito penosa”, observou o Presidente da República relevando, ainda, que a “preocupação social da Igreja se mantém na ação de todos os dias, neste período de saída da crise”. Esta tem sido a missão da Igreja de hoje e de sempre.

Numa última palavra, e sublinhando uma reportagem que publicamos neste número, gostava de dar graças a Deus pela vida, ministério e missão exercida pelo cónego Joaquim da Conceição Duarte, pela importância que teve para a pastoral vocacional no Patriarcado de Lisboa. Este aspeto foi relevado por D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, na Missa exequial e é importante que o tenhamos presente. Nos anos 70, numa altura que o contexto social e político português levou a uma crise vocacional nos seminários, o cónego Joaquim da Conceição Duarte, na sua ‘salutar teimosia’, persistiu no contacto com a juventude nas paróquias propondo, em primeiro lugar, a reflexão do Evangelho e depois, mais tarde, fazendo a proposta vocacional. Também por este sacerdote, que durante tantos anos acompanhou espiritualmente as vocações ao sacerdócio na nossa diocese, o Espírito Santo agiu e fez história connosco.

 

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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