Cada vez mais fico preocupado com o futuro da nossa sociedade. É certo que não há mundos ideais, sociedades perfeitas porque onde está o homem, está também a sua marca pessoal de pecado. A perfeição é divina, e quando a queremos alcançar corremos o risco de cair no perfeccionismo ou até no orgulho e na soberba. Mas não se trata disso. Trata-se, sim, de olhar para a realidade e ver uma sociedade que vai pondo de lado valores essenciais da própria humanidade, como é o da Vida. O que acontece, quando consideramos que podemos controlar desde os nascimentos até à própria morte, rejeitando a vida seja no início seja no fim de uma caminhada, como o aborto e a eutanásia, respetivamente.
A vida é dom de Deus, não dos homens. Quando olho, apenas, para o meu umbigo não sou capaz de ver mais longe porque tenho o meu olhar centrado em mim. No que quero, no que desejo, no que sinto vontade, no que sonho, no que faço. Na verdade, os sonhos da humanidade, a procura da sua satisfação, das suas realizações vão concentrando, cada vez mais, os seus feitos no que lhe é mais favorável.
Hoje, se alguém que não pode gerar quer ter um filho recorre a outro ventre para o fazer, instrumentalizando-o. A criança conhecerá uma mãe por direito diferente da do ventre que a gerou como um serviço prestado. Porém os laços afetivos, entre esses, criam-se no tempo da gestação.
De acordo com o diploma aprovado na Assembleia da República, o recurso a uma ‘barriga de aluguer’ nunca pode ser feito de forma onerosa ou tendo como contrapartida qualquer tipo de pagamento ou doação de qualquer bem ou quantia à designada gestante de substituição. No entanto, há uma instrumentalização de outra mulher para realizar o que é um sonho ou um desejo pessoal.
Com o correr do tempo, passará este a ser um novo serviço com reconhecimento oficial, pagamento de impostos ou por recibo verde?
Sei que estou a exagerar mas facilmente poderemos encontrar conotações com outras ditas ‘profissões’ não reconhecidas ou não legalizadas no nosso país, onde o corpo humano também é instrumentalizado, e muitas vezes até chegar a ser escravizado. Virão essas também a ser legalizadas em breve?
Quando se aponta a igualdade de direitos como justificação para responder ao umbigo em vez de gerar vida para o outro estou a gerar vida para o meu umbigo. Preocupo-me com uma sociedade e com um país que coloca nas suas prioridades a resposta a questões que visam o indivíduo fechar-se cada vez mais em si próprio. Porque assim, deixa o umbigo de ser meio de alimento de uma vida para ser alimento de mim próprio.
P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
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