“Fiéis, generosos e trabalhadores”. Foram estes os pedidos que o Bispo Auxiliar de Lisboa D. José Traquina deixou aos ‘escutas’, no final do Dia de São Jorge que reuniu mais de 5 mil escuteiros, em Vila Franca de Xira. Chefe da Região de Lisboa do CNE lembra ao Jornal VOZ DA VERDAE que “o escutismo tem de viver na paróquia e com a paróquia”.
O Dia de São Jorge da Região de Lisboa juntou cerca de 5 mil escuteiros de toda a diocese no Parque do Cevadeiro, em Vila Franca de Xira. Foi no passado dia 23 de abril, sábado, e desde as 9 horas da manhã que, bem junto à Praça de Touros, os ‘escutas’ foram chegando para atividades e encontro. “O Escutismo não pode ser visto como um reflexo ou fruto da sociedade que temos. O Escutismo tem de ser considerado como uma boa proposta, e um grande contributo, para a renovação da sociedade”, salientou D. José Traquina, Bispo Auxiliar de Lisboa, na Eucaristia com que concluiu esta festa dos escuteiros.
Neste ano 2016, o Dia de São Jorge foi celebrado precisamente no… dia litúrgico de São Jorge (23 de abril). Na homilia da celebração, o Bispo Auxiliar do Patriarcado lembrou precisamente o Patrono Mundial do Escutismo, pedindo aos escuteiros para travarem “o bom combate da fé”. “Não podemos viver mergulhados e anestesiados num consumismo desenfreado, escravos numa qualquer rede, desinteressados de meditar sobre a nossa vocação e o nosso lugar no mundo, deixando enfraquecer o carisma do Espírito Santo que Deus concede a cada cristão. Não podemos viver sem convicções fortes. Não podemos viver considerando a amizade e a afetividade como uma coisa banal. Não podemos viver centrados em nós mesmos como se cada um fosse o centro do mundo. Ainda que facilmente vos assalte a tentação da infidelidade à Promessa, do egoísmo e da preguiça, esforçai-vos por ser fiéis, generosos e trabalhadores”, alertou o prelado.
Bondade e firmeza
Nesta Missa campal, com que terminou o São Jorge 2016, D. José Traquina exortou depois à valorização da Comunidade. “A vida em Comunidade, na família, no Agrupamento, na Paróquia, tem as suas exigências mas também um grande valor para o bom crescimento de cada um dos seus membros. O Bando, a Patrulha, a Comunidade, é o espaço onde todos têm o seu lugar e se sentem bem. Ali se cultiva o espírito de serviço, dedicação a um projeto, interesse por crescer bem e com êxito, sem esquecer que o ‘Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas’”, referiu, citando a Lei do Escuta.
Em Vila Franca de Xira, o Bispo Auxiliar de Lisboa deixou igualmente “uma palavra de estímulo” aos dirigentes. “A vossa grandeza de alma terá a medida do vosso ideal e da vossa consideração por cada um dos jovens que Deus colocou na vossa missão. O Dirigente do CNE deve distinguir-se: nem autoritarismo nem permissividade, mas bondade e firmeza, muito amor à juventude, muita paciência, procurando viver em espírito de serviço e alegria”, manifestou D. José Traquina, sublinhando ainda que “a dedicação dos dirigentes e dos assistentes, em colaboração com as famílias, é importante para a felicidade de todos e para o futuro da Igreja e da sociedade”.
Construir uma sociedade
O chefe da Região de Lisboa do CNE – Corpo Nacional de Escutas, João Carvalhosa, considera que “a cara dos miúdos” é o melhor ‘barómetro’ para aferir o sucesso da organização de mais um Dia de São Jorge. “Ainda agora um dirigente me dizia que viu logo que o Dia de São Jorge estava a correr bem pela cara dos miúdos. Quando eles estão contentes, quando vemos os miúdos a jogar com gosto, quando vemos os miúdos a estarem aqui felizes, para nós é o melhor indicador e isso basta”, refere ao Jorna VOZ DA VERDADE este responsável.
Observando que o Dia de São Jorge “é uma festa da Região”, João Carvalhosa enaltece os “laços sociais” que se criam entre os vários escuteiros. “Nós estamos a construir uma sociedade. É muito interessante ver como estes miúdos, que se encontram somente uma, duas ou três vezes por ano, ao longo de 20 anos criam laços sociais. Conheço pessoas há 30 anos, que os encontro no São Jorge e são meus amigos, mesmo não os vejo mais durante o ano todo”, lembra.
Parceria, unidade, ligação
Há cerca de um ano, quando assumiu funções de chefe da Região de Lisboa do CNE, João Carvalhosa frisou ao Jornal VOZ DA VERDADE que iria trabalhar para “proporcionar um melhor escutismo aos miúdos”. Questionado sobre o que tinha sido possível realizar, este responsável salienta “a boa ligação entre as várias estruturas”. “A nossa opção estratégica em termos de gestão da Região foi trabalhar em parceria com as Juntas de Núcleo. Nós não temos grandes equipas regionais, porque consideramos que as nossas equipas são os núcleos. Isso tem sido conseguido, temos trabalhado muito em conjunto, temos tomado decisões em conjunto. Esta é uma forma de trabalhar em patrulha, que nos permite focar mais nos miúdos do que nos adultos – seja na parte pedagógica ou na do desenvolvimento”, refere.
Nesta parceria com os núcleos, a formação de dirigentes ganhou uma nova metodologia, segundo revela João Carvalhosa. “O que fizemos foi descentralizar a formação para os núcleos, à semelhança do que já tinha sido feito no passado. São por isso os núcleos que fazem as unidades de formação. Não autonomamente, mas em concertação connosco e com os restantes Núcleos da Região de Lisboa. Isto permite diversidade, que é importante, mas também uma unidade na formação”, aponta.
Frisando que “o escutismo tem de viver na paróquia e com a paróquia”, o chefe da Região de Lisboa do CNE assegura: “Nós somos um movimento da Igreja, temos essa consciência e não queremos deixar de o ser. Estamos agora a fazer uma revisão total dos normativos do Corpo Nacional de Escutas e um dos princípios basilares que não será nunca para mexer é que nós somos da Igreja. A ligação do escutismo à Igreja é muito forte”. Reconhecendo que a ligação escuteiros-paróquia “não é perfeita em todos os agrupamentos”, João Carvalhosa sublinha ainda que este é “um trabalho que tem de ser feito com calma e ponderação, de parte a parte”.
Crescer com qualidade
A Região de Lisboa do CNE – Corpo Nacional de Escutas tem atualmente cerca de 13.300 escuteiros e 2.300 dirigentes, em mais de 130 agrupamentos. “Lisboa é uma Região muito grande. Somos a segunda maior do país, depois de Braga – que é o local onde se fundou o escutismo no nosso país e que tem uma tradição muito grande –, e temos aumentado o número de elementos”, manifesta o chefe regional, sublinhando que “há o desejo de crescer, mas crescer com qualidade”. “O escutismo é o maior movimento juvenil, não só do país como do mundo. Mesmo em termos de dirigentes, que são voluntários, temos 14 mil em Portugal e julgo que 7 milhões no mundo. É uma coisa absolutamente extraordinária”, salienta João Carvalhosa.
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“O escutismo é maior do que o nosso agrupamento”
Assistente regional de Lisboa do CNE – Corpo Nacional de Escutas desde novembro, o padre Jorge Sobreiro viveu no passado dia 23 de abril o seu primeiro Dia de São Jorge nesta nova missão. “Este foi um dia de alegria e de festa. O São Jorge vale pela festa que é, pelo encontro de todos os escuteiros da região, e não tanto pelas atividades. As atividades são importantes, e as secretarias pedagógicas de cada secção preparam uma atividade para cada secção, mas isso já os escuteiros têm ao longo do ano. O Dia de São Jorge é um dia de festa, de encontro, que permite que cada escuteiro possa fazer a experiência e perceber que o escutismo é maior que o seu agrupamento, é maior do que a realidade paroquial do seu agrupamento”, observa este sacerdote, de 37 anos, ao Jornal VOZ DA VERDADE.
Frisando que a sua ligação ao escutismo “começou em 2006, como assistente do agrupamento 997 de Azueira”, o padre Jorge lembra que “os escuteiros não são só o maior movimento da Igreja, com mais jovens e mais voluntários, mas também a maior associação juvenil do país”. “A importância do escutismo é a meta do ideal e do percurso escutista. O B.P. [Baden-Powell, tenente-general do Exército Britânico, fundador do escutismo] tem este ideal que é o de formarmos homens; nós, cristãos, temos este ideal que é a construção do homem novo. O que nós pretendemos, quando começamos a ‘trabalhar’ com um lobito, é que ele vá crescendo e que no final da caminhada de caminheiro, aos 22 anos, viva a partir do homem novo – unidos a Cristo, recebendo a vida nova”. Neste sentido, segundo o assistente regional de Lisboa do CNE, “o escutismo não é um movimento à parte da Igreja, o escutismo é um movimento da Igreja, onde os jovens vão crescendo em Igreja e fazem caminhada de Igreja”.
Sobre a sua missão na Junta Regional de Lisboa, o padre Jorge Sobreiro aponta à comunhão. “A grande missão de uma Junta Regional é unir a região numa causa comum. Penso que isso é algo que está a ser conseguido. Como assistente, a minha meta é ser sinal e voz da presença da Igreja e ser também um pouco a voz do senhor Patriarca na região”.
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