Lisboa |
Conclusão da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Patriarcado de Lisboa
A aparição prolonga-se em missão
<<
1/
>>
Imagem

Milhares de fiéis acompanharam a despedida da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima no Patriarcado de Lisboa. Na Missa que decorreu no passado Domingo, 7 de fevereiro, nos Jerónimos, o Cardeal-Patriarca de Lisboa classificou o momento como “estímulo do Céu para o caminho sinodal” e desejou, como consequência, a “missão”.

 

Nos últimos dias de visita à Diocese de Lisboa, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima percorreu as ruas da capital e levou milhares de fiéis ao Mosteiro dos Jerónimos para a Missa conclusiva da visita. Na tarde do passado Domingo, 7 de fevereiro, na igreja de Santa Maria de Belém, o Cardeal-Patriarca começou por lembrar a “autenticidade evangélica”, que esteve presente na vida dos pastorinhos de Fátima, há um século atrás: “Crianças da Serra de Aire, com a vida e a cultura que podiam ter, naquele lugar e naquela altura, ouviram a Senhora a lembrar-lhes palavras essenciais do Evangelho, precisamente de penitência e oração, conversão e entrega a Deus e, por Deus, aos outros. E eles próprios se transformaram na exemplificação mais clara da mensagem recebida, de que nada nem ninguém os conseguiram demover (...) porque toda a aparição verdadeira se prolonga em missão necessária”, salientou.

 

Autenticidade

Para D. Manuel Clemente, as figuras bíblicas – lembradas nas leituras da celebração –, os pastorinhos de Fátima, todos os fiéis presentes na celebração e as “multidões que seguiram a Mãe de Jesus na sua imagem peregrina, ao longo destas três abençoadas semanas” em que percorreu a Diocese de Lisboa são a “aparição prolongada em missão e estímulo do Céu para o caminho sinodal, no ‘sonho missionário de chegar a todos’”. “Não há aparição da Mãe de Cristo, como foi a de Fátima, que não ganhe autenticidade por estas duas notas essenciais: projeção missionária e envolvimento eclesial”, lembrou o Cardeal-Patriarca.

Na conclusão da homilia, D. Manuel Clemente dirigiu uma oração a Nossa Senhora de Fátima (ver caixa) onde pediu uma sociedade que “reconheça o valor da vida como o primeiro dos valores” e desejou que as crianças “contem com a complementar referência feminina e masculina, indispensável no seu todo ao crescimento humano”.

  

________________


“Reavivar o espírito cristão do povo português, pela devoção a Maria”

 

Entrevista ao cónego Nuno Isidro, Vigário Geral da diocese, por ocasião do final da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Patriarcado de Lisboa.

 

Que balanço faz destas semanas em que a Imagem Peregrina visitou o Patriarcado de Lisboa? Pode destacar dois ou três momentos?

Antes de mais, esta visita da Imagem Peregrina foi programada e acompanhada pelo nosso Vigário Geral e moderador da Cúria, o cónego Francisco Tito, a quem todos os diocesanos do Patriarcado, aliás, como já o fez o senhor Patriarca publicamente, agradecemos vivamente. Depois, creio que, por todas as notícias que foram chegando à Vigararia Geral, tudo aconteceu segundo os objectivos delineados pelo Santuário de Fátima e pela Conferência Episcopal. A proposta de envolvimento da Igreja viva em Portugal na celebração próxima do centenário das aparições de Nossa Senhora e, com isso, reavivar o espírito cristão do povo português, pela devoção a Maria, Senhora de Fátima, como caminho de conversão a Jesus e oração intensa ao Pai misericordioso, foi o que aconteceu nas três semanas da visita ao nosso Patriarcado. Mesmo com alguns atrasos, que já eram previsíveis, mesmo com o sentimento de ‘desgosto’ de tantas pessoas, quando a presença da Imagem, na maior parte dos lugares, foi apenas de alguns minutos, creio poder dizer que o sentimento geral foi de um grande aproveitamento espiritual para todos os que se envolveram neste encontro de acolhimento de Maria nas nossas vidas.

Os momentos da chegada, com a celebração da Missa em Alcobaça, e da partida, na celebração no Mosteiro dos Jerónimos, foram a marca de tudo o que aconteceu, envolvendo todos os lugares onde a Imagem Peregrina passou. E, certamente, os momentos marcantes essenciais foram aqueles em que cada pessoa, no seu íntimo e nas expressões da fé comum, falaram coração a coração com a Mãe de Jesus. É a beleza deste encontro que reaviva em cada um e na comunidade toda o seguimento de Jesus que Maria nos veio ensinar.

 

Da Benedita a Lisboa, milhares de pessoas aclamaram Nossa Senhora de Fátima e tornaram visível uma forte devoção. De que forma esta expressão de fé contribuiu para tornar mais próxima a mensagem de esperança deixada por Nossa Senhora em Fátima, em particular junto dos que mais sofrem e que a Ela recorrem?

O lema desta visita, que nos uniu na oração ‘Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor’, revela o sentido da nossa esperança. Não são os nossos méritos que nos fazem merecer a assistência misericordiosa de Maria. É a nossa miséria que Deus quer resgatar. E, por isso, em Fátima, envia-nos a mensagem do Evangelho de Jesus, chamando-nos à penitência, à oração, à conversão a Deus. A fé em Jesus leva-nos a viver a esperança da Salvação com a ousadia de acreditar que Deus é o princípio e o fim da nossa vida. Em Deus, a vida de cada pessoa, em qualquer circunstância em que se encontre, revela o Amor com que Deus nos enche. Os mais debilitados pelas doenças ou pela idade, são o espelho da pequenez de cada um de nós. E, ao mesmo tempo, são sinal da grandeza, da glória de Deus, que pesa sobre as nossas vidas. Por isso, Maria ensina-nos a rezar também nas situações de sofrimento: "O Senhor fez em mim maravilhas". Os sacrifícios por que passamos são sempre fonte de graça para quem se oferece a Deus, pelas mãos de Nossa Senhora.

 

A visita da Imagem Peregrina aconteceu num tempo em que a Diocese de Lisboa está em Sínodo. De que forma a mensagem de Fátima contribui para a caminhada sinodal e qual o principal legado que a sua visita deixa na diocese?

O Sínodo convoca-nos para ‘o sonho missionário de chegar a todos’. O senhor Patriarca chama-nos a contribuir, segundo a condição em que cada um se encontra, para que a Igreja, acompanhando o dinamismo que o Papa Francisco tem proposto, responda sinodalmente à construção de comunidades cristãs vivas, no testemunho missionário da misericórdia de Deus para todos. Numa das Missas com a presença da Imagem Peregrina, o senhor Patriarca provocou-nos para esta resposta, acentuando que a "aparição prolonga-se na missão". São muitos os exemplos disto na Sagrada Escritura. Então, sentimos que a mensagem, na aparição da Senhora do Rosário em Fátima, e o fervor de devoção a Nossa Senhora manifestado nesta visita pelas multidões que a Ela acorreram, são mais um estímulo a continuarmos o trabalho de preparação do Sínodo Diocesano e a esperança de que, este, confirme que o Evangelho de Jesus Cristo continua a ser a única Boa Nova que dá vida em abundância, pela fé comungada entre nós e comunicada a quantos ainda não o reconhecem.

 

________________


Oração a Nossa Senhora de Fátima

 

Mãe de Deus e nossa Mãe, Nossa Senhora de Fátima, Rainha de Portugal e do mundo inteiro:

Fazei-nos seguir o vosso Filho, no apelo evangélico à decidida conversão a Deus e ao serviço do próximo, sobretudo dos que mais precisam de ser acolhidos, respeitados e amparados, ao longo do percurso completo da vida de cada um.

Olhai por todas as mães, para que recebam o dom dos seus filhos, desde o momento da sua conceção, contando com o apoio dos seus familiares e duma sociedade que legal e praticamente reconheça o valor da vida como o primeiro dos valores, imprescindível base de todos os demais.

Olhai pelos pais, para que os filhos contem com a complementar referência feminina e masculina, indispensável no seu todo ao crescimento humano, que essencialmente a requer.

Assim foi convosco e com o Menino que concebestes e depois destes à luz; com o Menino que criastes do presépio de Belém ao exílio do Egito e a Nazaré da Galileia. E sempre contando com a paternal figura de José, que vos aceitou por esposa e adotou Jesus, assim mesmo acompanhando os dois o seu «crescimento em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens» (cf. Lc 2, 52), verdadeiro objetivo de toda a educação.

Sabemos que não deixais de olhar por nós, atenta como estivestes ao que faltava nas bodas de Caná e indicando-nos Jesus como resposta ao que carecemos de mais definitivo e importante. Consagramo-nos por isso ao vosso amor materno, que é também o amor que Vós própria consagrais a Deus e a todos nós, por amor de Deus.

Como mãe e mestra, ensinai-nos a estar igualmente próximos das necessidades dos outros e a acompanhá-los na vida e até à morte natural, não lhes faltando nunca com os cuidados e a convivência onde o amor realmente se comprova, em especial na doença e na agonia, como Vós mesma estivestes junto à cruz do vosso Filho.

Ensinai-nos sempre e avivai-nos agora a verdade de Cristo. Hoje como então, é pela maneira como nos amarmos que todos nos reconhecerão como seus discípulos. - Assim o fostes Vós, ó Mãe de Misericórdia! Assim o seremos convosco, os que aqui estamos com gratidão e compromisso, para que a Mensagem que deixastes em Fátima realize em nós e por nós o Evangelho de Cristo!

 

D. Manuel Clemente,

Cardeal-Patriarca de Lisboa

texto por Filipe Teixeira; fotos por Arlindo Homem
A OPINIÃO DE
Pedro Vaz Patto
Se algumas dúvidas ainda subsistissem sobre o propósito do Papa Leão XIV de dar continuidade ao caminho...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
Com grande oportunidade, o Papa Leão XIV acaba de divulgar uma importante Exortação Apostólica sobre...
ver [+]

Tony Neves
‘Amou-te!’ (‘Dilexi te’), sobre o amor para com os pobres – quase todos...
ver [+]

Guilherme d'Oliveira Martins
A Santa Sé acaba de divulgar o tema da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026....
ver [+]

Visite a página online
do Patriarcado de Lisboa
EDIÇÕES ANTERIORES