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A propósito da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima ao Patriarcado de Lisboa, o Secretariado Diocesano do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF) preparou uma reflexão e uma saudação a Nossa Senhora.
Reflexão
“Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?”(Lc 1,43), exclamou Santa Isabel quando Maria, tendo concebido pelo poder do Espírito Santo e advertida pelo Arcanjo S. Gabriel de que sua parente concebera e estava no sexto mês “ ela, a quem chamavam estéril”(Lc 1, 36) chegou a sua casa.
Também nós, podemos fazer nossas as suas palavras, exprimindo o nosso regozijo por a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima – a nº 1 que percorreu já o mundo inteiro – estar, de 17 de Janeiro a 7 de Fevereiro, a percorrer a nossa Diocese, estimulando-nos a que preparemos o nosso coração para celebrarmos com muita unção, gratidão e júbilo o centenário das aparições da Virgem Mãe em Fátima.
Nunca é demais recordar que, Nossa Senhora apareceu no Patriarcado de Lisboa. Efectivamente, Fátima era uma paróquia da nossa Diocese pois, a Diocese de Leiria havia sido suspensa no século XIX e foi restaurada precisamente por causa das aparições, em 1920, o que se compreende pela necessidade de averiguar da veracidade das mesmas. Entretanto o Pe. Formigão foi designado para esse trabalho e, de tal maneira se empenhou que é conhecido como «o quarto pastorinho de Fátima».
Também é bom recordar que, neste ano de 2016 estamos a celebrar as aparições do Anjo que apareceu às crianças e se apresentou “Sou o Anjo de Portugal”. Há a convicção de que foram pelo menos três as aparições do Anjo que, em certa medida, prepararam as de Nossa Senhora. E foi o Anjo quem ensinou aos pastorinhos como fazer a Adoração ao Santíssimo Sacramento e mais, lhes deu a Primeira Comunhão. Tradicionalmente o Santuário de Fátima comemora as aparições angélicas no dia 21 de Março.
Curiosamente podemos discorrer que as aparições no lugar de Fátima teriam obedecido a um projecto específico pois, aparecendo naquele lugar era na diocese cabeça do Império Colonial Português e, obviamente, acontecendo aqui esta manifestação do Céu seria levada a todo o lugar por mais afastado que estivesse, porque Portugal «uno e indivisível» espraiava-se pelos vários continentes.
Mesmo, do ponto de vista geográfico, Fátima fica aproximadamente ao centro do Portugal continental porque mais ou menos equidistante da fronteira norte do país e do limite algarvio; por outro lado também mais coisa, menos coisa, à mesma distância da orla litoral e da fronteira com a vizinha Espanha.
As aparições de Nossa Senhora em Fátima deram-se num período bastante conturbado da nossa história. Há quase sete anos que a República tinha sido instaurada e a nação ainda não encontrara estabilidade e paz; por outro lado estávamos na I Grande Guerra e muita da nossa juventude estava a combater em França.
Nossa Senhora veio rasgar janelas de esperança num país tão dilacerado pelas lutas internas, pela sangria da população jovem a sofrer e a morrer por causa da guerra na Europa, em grande parte pelas ambições expansionistas de algumas nações e filosofias ateias, pela perseguição à Igreja nesta nossa Pátria.
Claro que Nossa Senhora não veio anunciar facilidades, e até revelou dificuldades que esta nossa Europa iria conhecer; porém não se limitou a informar os perigos que corríamos mas também apresentou remédios para a prevenção e quais os resultados a esperar. Ela pediu oração – “Quero que rezem o Terço todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, só Ela lhes pode valer” (3ª aparição)-; reparação – “quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?” (1ª aparição) -, conversão – “é preciso que se emendem e peçam perdão dos seus pecados; se fizerdes o que vos digo salvar-se-ão muitas almas e terão paz”(6ª aparição). Nossa Senhora revelou-lhes que “a Rússia converter-se-á”(3ª aparição) e que o Santo Padre teria muito que sofrer, revelação que fazia parte do chamado «segredo de Fátima» que tanta tinta fez correr e sobre o qual tanta especulação se fez, mesmo depois de o segredo ter sido revelado. A verdade é que as revelações de Nossa Senhora se concretizaram.
É do conhecimento de todos que o Santuário de Fátima se tornou num centro de Peregrinações que, de todo o mundo ali acorrem. Porquê? Foi primeiro o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira quem afirmou: “Não foi a Igreja que impôs Fátima; foi Fátima que se impôs à Igreja”; e em 1982, no dia 13 de Maio,S. João Paulo II afirmou em Fátima: “…se a Igreja aceitou a Mensagem de Fátima, é sobretudo porque esta mensagem contém uma verdade e um chamamento que, no seu conteúdo fundamental, são a verdade e o chamamento do próprio Evangelho”.
Animados pela presença e pelas palavras que S. João Paulo II proferiu durante a sua visita a Portugal, os nossos Bispos em Julho de 1984, reunidos em Assembleia Plenária, aprovaram os Estatutos do Movimento dos Cruzados de Fátima como «Movimento de formação e apostolado», o qual, em 1997 passou a designar-se MOVIMENTO DA MENSAGEM DE FÁTIMA (MMF) com o fim de promover a vivência e a difusão da Mensagem de Fátima.
O Movimento da Mensagem de Fátima está implantado em todas as dioceses do País e envolve crianças (Sector Infantil: pequenos Mensageiros de Nossa Senhora), jovens (Sector Juvenil) e adultos e, na sua actividade, privilegia os campos pastorais da Oração, das Peregrinações e dos Doentes. O MMF está estruturado a nível paroquial, diocesano e nacional, assentando a sua dinâmica apostólica na paróquia: Grupos de Acção Paroquial.
Infelizmente, na nossa Diocese, na maioria das paróquias o MMF não existe de um modo estruturado, embora se realizem algumas das actividades pedidas por Nossa Senhora ou pelo Anjo, como o terço, a devoção dos 5 primeiros sábados (pedida por Nª. Senhora em 1925, em Tuy), a adoração ao Santíssimo Sacramento.
No próximo ano, vamos celebrar os 100 anos das aparições de Nossa Senhora na nossa Diocese. No nosso exame de consciência não deixemos de nos pôr a questão: como tenho respondido aos apelos que Nossa Senhora fez em Fátima? É que temos responsabilidade tanto a nível pessoal, como comunitário porque somos Igreja. Como baptizados temos o dever não só de dar uma resposta pessoal aos apelos de Deus (que, por vezes, nos podem ser dirigidos através da Mãe), mas também a nível comunitário, procurando colaborar com os pastores que Deus coloca à frente do Seu povo, pois a evangelização, a santificação, a salvação de todos, também passa por cada um de nós.
Queira Deus que a visita de Nossa Senhora à nossa diocese, com passagem por tantos dos nossos lugares e paróquias, nos leve a reflectir: “Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?” e queiramos nós na docilidade ao Espírito Santo corresponder com Amor.
Saudação
Senhora de Fátima!
Raínha e Senhora nossa,
aqui estamos a Vossos pés!
Socorrei nossa fraqueza
dai-nos sempre fortaleza
P’ra vivermos nossa Fé;
Fé dia a dia incarnada
no tecido do nosso viver
feito daqueles gestos banais
todos os dias iguais
repetidos sem cessar:
hoje, amanhã e depois,
no emprego, em nossa casa,
no convívio social,
no apostolado apressado,
daqueles poucos minutos
que logramos arranjar
p’rà consciência calar…
pois tantas vezes nos acusa,
do pouco que a Deus damos,
e tanto tempo esbanjamos,
a destruir, criticar,
quando todo o tempo é pouco
para sorrir,
para agradecer,
para construir,
para amar…
Rainha e Senhora nossa,
perdoai nossa ousadia,
mas nesta hora singular,
em que nos vindes visitar,
preferimos chamar-Vos MÃE!
É que a Mãe está tão próxima
dos filhos que em dor gerou,
que por eles baixou à terra!
E a corte celestial,
ficou suspensa do seu gesto,
tão grande, tão maternal…
pois veio dizer a Seus filhos,
como fugirem do Mal.
Veio apontar os caminhos,
da penitência e conversão,
do amor e reparação,
p’ràs almas todas salvar.
Isto é coração da Mãe,
é dádiva até ao fim,
por amor de todos,
por amor de mim…
De mim, que é cada um de nós:
dos presentes e dos ausentes,
e até daqueles que não querem
escutar a sua voz,
dizendo em amor sussurrado,
ao ouvido de qualquer:
“Para seres sempre feliz
faz aquilo que Ele disser!”
Mãe, Mãezinha de todos nós,
escutai nossos lamentos,
silêncios de sofrimentos,
tão grandes que até transbordam,
em catadupas de dor,
em que se mistura amor…
Amor dorido, sentido,
que mal nos cabe no peito!
mas, Vós, ó Mãe conheceis,
porque de nós estais tão perto,
porque acima de tudo sois MÃE!
Mãe nossa, Mãe dos homens,
Mãe de toda a humanidade,
Mãe dos ricos e dos pobres,
dos plebeus e dos nobres,
Mãe do Papa, dos sacerdotes,
dos casais e mais dos filhos,
dos anciãos e dos jovens,
das crianças e bebés,
dos justos e pecadores…
Mãe do Céu, Mãe da Terra,
Mãe de todo o Universo…
Olhai, Mãe compadecida,
cheia de misericórdia
p’ròs Vossos filhos aflitos,
para todos nós que contritos,
pedimos com humildade,
nos ensineis a caminhar,
pelas sendas da Verdade,
da Virtude e do perdão,
da concórdia e caridade,
p’ra um dia na Eternidade,
cantarmos numa só voz:
MÃE DE DEUS E MÃE DOS HOMENS,
SANTA MÃE, ROGAI POR NÓS!