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À procura da Palavra
Presentes “inúteis”
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EPIFANIA DO SENHOR Ano C
"Abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes:
ouro, incenso e mirra.”
Mt 2,11


Já esquecemos a correria pós-Natal da troca de presentes que não serviam ou não funcionavam, e até já foi limpo o lixo que os embrulhos de papéis e fitas coloridas provocaram. Foi o Natal possível, bom ou sofrido, tão igual e tão diferente de tantos outros, com o fio que os une a todos, que é Jesus a lembrar-nos de novo que onde estiver o amor Deus aí está! Voltar a falar de presentes parece uma concessão a “nuestros hermanos” que só os irão oferecer na noite de reis, mas perdoai-me essa fraqueza. Nos muitos ou nos poucos presentes partilhados foi sempre um pouco de cada um de nós feito dom.  

Os presentes dos Magos inspiram-me a alegria dos presentes “inúteis”. Sim, são preciosas as camisolas e as meias, e as mil e uma coisas “que nos faziam falta” e nos vão lembrar o rosto de quem ofereceu sempre que as usarmos. E seria tão bom cada pessoa poder receber o que lhe falta, principalmente quando a desgraça e a miséria marcam a vida de tantos, às vezes mais perto de nós do que imaginamos. Mas há presentes que não se destinam às necessidades básicas e “alimentam” e “vestem”, “aquecem” e “encantam” outras necessidades mais esquecidas. São os que fazem uma festa dentro de nós, porque a sua “utilidade” é a beleza que nos comunicam, a bondade que nos comove, a verdade de sermos amados. Quem nunca recebeu e ofereceu presentes assim?  Presentes que lembram passados vividos e abrem para futuros sonhados. Presentes que nos ensinam a alegria de viver e de nos darmos!

Há um ano, por ocasião do discurso de Natal à Cúria romana, o Papa Francisco fez de “médico” que diagnosticava uma série de “doenças curiais”, oferecendo o presente (“envenenado”, diriam alguns!) de uma verdade corajosa e coerente com o seguimento de Jesus Cristo. Este ano, pela mesma ocasião apresentou uma espécie de “antibióticos” a que chamou “catálogo das virtudes necessárias”, para a “Cúria e para todos aqueles que querem tornar fecunda a sua consagração ou o seu serviço à Igreja”. Leio-o como um presente para mim e para todos nós. Um dos tais presentes que apontam futuros cheios de esperança. Formando um acróstico com a palavra “misericórdia” o Papa apresenta as seguintes virtudes:  Missionariedade e pastoreação; Idoneidade e sagácia; ESpiritualidade e humanidade; Exemplaridade e fidelidade; Racionalidade e amabilidade; Inocuidade e determinação; Caridade e verdade; HOnestidade e maturidade; Respeito e humildade; Dadivosidade (“tenho o vício dos neologismos”) e atenção; Impavidez e prontidão; FiAbilidade e sobriedade. Pode parecer a receita “ilegível” de alguns médicos, mas partilho-a com o convite a ler a “posologia” que o Papa apresenta para cada uma.

Como o “ouro, incenso e mirra” que são presentes “inúteis” para um bébé recém-nascido, mas testemunham a fé no Deus e Homem verdadeiro que nos olha com os grande olhos de criança, assim os presentes que nos estimulam a viver em plenitude. E quem não os tem para oferecer?

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