O Papa Francisco falou do perdão na família. Na semana em que lembrou os Cardeais falecidos no último ano, o Papa celebrou Missa num cemitério de Roma e encontrou-se com os empresários cristãos italianos. Investigações no Vaticano levaram à descoberta de irregularidades financeiras e à detenção de um padre e uma leiga.

1. Na audiência geral de quarta-feira, dia 4 de novembro, o Papa Francisco falou do perdão, em especial, na família. “Não se pode viver sem perdoar, ou, pelo menos, não se pode viver bem, especialmente em família”, garantiu Francisco. “Todos os dias cometemos erros, uns contra os outros. Devemos corrigir estes erros causados pela nossa fragilidade e pelo nosso egoísmo. Mas o que é preciso fazer imediatamente é curar as feridas que causamos, é recompor as ligações que destruímos na família”, acrescentou.

Na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco lembrou também o Sínodo dos Bispos sobre a família, que decorreu no passado mês de outubro, e o Jubileu da Misericórdia, que começa oficialmente no próximo dia 8 de dezembro. “No Sínodo vimos que a capacidade de perdoar não é só uma maneira de evitar as divisões em família, mas também um suporte para a sociedade, para que seja menos má e menos cruel. Certamente as famílias cristãs podem fazer muito pela sociedade e pela Igreja. Por isso desejo que durante o Jubileu Extraordinário da Misericórdia as famílias descubram de novo o tesouro do perdão recíproco”, exortou o Papa, na audiência pública semanal.

2. Na Missa celebrada em memória dos Cardeais que faleceram no último ano, o Papa Francisco refletiu sobre o “serviço à Igreja”. “Quem serve e dá, parece um perdedor aos olhos do mundo. Na realidade, precisamente perdendo a vida, encontra-a. Porque uma vida que se despoja de si perdendo-se no amor, imita Cristo: vence a morte e dá vida ao mundo. Quem serve, salva. Ao contrário, quem não vive para servir, não serve para viver”, referiu o Papa, na Missa celebrada na Basílica de São Pedro, no Vaticano, no passado dia 3 de novembro.

O Papa recordou também o amor de Jesus, presente na sua Páscoa. “Na Páscoa de Jesus vemos juntos a morte e o remédio para morte e isto é possível pelo grande amor com que Deus nos amou, pelo amor humilde que se baixa, pelo serviço que sabe assumir a condição de servo”, afirmou Francisco, lembrando a entrega de Deus na Eucaristia, ao “dar-nos a sua vida, uma vida que nos salva da morte e nos enche de esperança”.

3. Na solenidade de Todos os Santos, no passado dia 1 de novembro, o Papa Francisco celebrou Missa no Cemitério del Verano, em Roma. Na homilia da celebração, Francisco propôs o caminho das bem-aventuranças para atingir a santidade. “É um caminho difícil porque vai contra a corrente, mas o Senhor diz-nos que quem vai por esta estrada é feliz”, sublinhou o Papa, reforçando que “este é o caminho da santidade e é o mesmo caminho da felicidade”. “É o caminho que percorreu Jesus, é Ele próprio este caminho: quem caminha com Ele e passa através d’Ele entra na vida, na vida eterna”.

Neste mesmo dia, na habitual oração do Angelus, na Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa mostrou-se preocupado com regresso da violência à República Centro-Africana. “Os dolorosos episódios que nos últimos dias exacerbaram a delicada situação da República Centro-Africana suscitam na minha mente vivas preocupações. Faço um apelo às partes em confronto para que ponham fim a este ciclo de violência”, afirmou Francisco, que sublinhou a intenção de viajar até Bangui, capital daquele país, no final de novembro.

4. Numa audiência com a União Cristã dos Empresários e Dirigentes de Itália, que decorreu no passado sábado, 31 de outubro, na Sala Paulo VI, no Vaticano, o Papa Francisco valorizou a importância dada à formação, em particular no aprofundamento do Magistério social da Igreja. “É um nobre trabalho, sempre que se deixe interrogar por um significado mais amplo da vida; este permite-lhe servir, verdadeiramente, o bem comum, com o seu esforço de multiplicar e tornar mais acessíveis para todos os bens deste mundo”, lembrou Francisco aos cerca de 7 mil participantes no encontro. Na conclusão do seu discurso, o Papa afirmou que a economia e as empresas têm necessidade de ética para o seu funcionamento. “Não de uma ética qualquer mas de uma ética que ponha no centro a pessoa e a comunidade”.

No mesmo dia, o Papa Francisco expressou o seu pesar pelas vítimas do acidente da companhia aérea russa KogalimAvia, que aconteceu na madrugada do passado sábado, dia 31 de outubro, na península do Sinai, no Egipto. No telegrama enviado ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Papa assegura as suas orações pelos que morreram e pelos parentes das vítimas, e invoca sobre a Rússia e todos os socorristas “a força e a paz de Deus”.

5. Uma investigação interna levada a cabo por especialistas financeiros do Vaticano terá descoberto uma série de irregularidades e ilegalidades envolvendo o departamento que administra o Património e a carteira de ações e investimentos da Santa Sé (APSA). Segundo um relatório interno que foi visto, nos últimos dias, pela Reuters, o administrador de um banco familiar italiano utilizou contas na instituição para cometer uma série de fraudes. A investigação interna do Vaticano já foi entregue ao procurador-geral da Santa Sé, que abriu a sua própria investigação criminal. Foi também enviada para as autoridades italianas e suíças, para verificação, uma vez que várias das transações envolvem instituições destes países.

Entretanto, a polícia do Vaticano deteve um padre e uma leiga, no passado fim-de-semana, pela suspeita de terem divulgado informação confidencial da Santa Sé a jornalistas. O padre espanhol Lucio Angel Vallejo Balda e a leiga italiana Francesca Chaouqui eram, respetivamente, membro e secretário da comissão criada pelo Papa em 2013 para supervisionar a reorganização da Cúria romana, nomeadamente das divisões económicas e administrativas. Chaouqui foi libertada depois de ter manifestado vontade de colaborar com a investigação. O padre Balda, que era atualmente secretário da prefeitura para os assuntos económicos da Santa Sé, permanece detido.