O Cardeal-Patriarca de Lisboa lembrou que “muito do futuro do Sínodo Diocesano depende do empenho e do estímulo” do clero. Na Jornada Sinodal do Clero, que decorreu em Torres Vedras, D. Manuel Clemente desejou ainda que o Sínodo Lisboa 2016 contribua para “o protagonismo familiar na evangelização”.
“O melhor que está a aparecer e que está a confirmar o nosso caminho sinodal de Lisboa é a validade do contributo evangelizador das famílias. Para elas próprias e para as outras famílias”, apontou o Cardeal-Patriarca, num encontro que pontualizou o que está a ser feito pela diocese no âmbito do Sínodo Diocesano Lisboa 2016.
No Centro Pastoral de Torres Vedras, no passado dia 3 de novembro, perante cerca de duas centenas de padres e diáconos, D. Manuel Clemente apelou ao esforço do clero neste último ano de caminhada sinodal. “Muito do futuro deste ano que falta, até à realização do Sínodo Diocesano propriamente dito, no final de 2016, depende do nosso empenho, do nosso estímulo, para que os grupos sinodais permaneçam e outros se criem. Há tanto trabalho para fazer, para que quando chegarmos a novembro/dezembro do próximo ano disponhamos de um conjunto de experiências, ensaios, reflexões que sirvam de base à reunião sinodal”, lembrou.
“Um programa para ser levado muito a sério”
Na sua intervenção, D. Manuel Clemente lembrou ao clero de Lisboa que a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ foi apresentada pelo Papa Francisco como “um programa para toda Igreja”, que “tem que ser levado muito a sério e concretizado em cada Igreja particular”. “Para levar a sério e concretizar este programa, cada Bispo deve suscitar a cooperação dos organismos colegiais. E o primeiro dos organismos colegiais que o Papa Francisco refere é precisamente o Sínodo Diocesano”, recordou.
O quarto trimestre da caminhada sinodal de Lisboa, com o tema ‘A dimensão social da Evangelização’, teve início em setembro passado e prolonga-se até dezembro. O Guião #5, entre janeiro e março do próximo ano, vai ter como tema ‘Evangelizadores com Espírito’ e será o último desta etapa de reflexão da diocese. “Com tudo isto resultará que, depois da Páscoa de 2016, terei oportunidade de convocar o Sínodo Diocesano propriamente dito – que se segue ao anterior, que foi em 1640! – e a Comissão Preparatória, com todos os resumos que foram sucessivamente feitos a partir das reflexões que os grupos nos enviaram, vai fazer o ‘Instrumentum Laboris’, ou seja, o documento de trabalho. De tudo isto, vamos ver o que fica para o futuro da nossa diocese. Este é o caminho sinodal”, resumiu o Cardeal-Patriarca.
Comunidades e discípulos missionários
D. Manuel Clemente manifestou depois o desejo de que o Sínodo Diocesano, “como é propósito do Papa Francisco”, “transforme toda a realidade eclesial em comunidades missionárias, e transforme todos os cristãos, que são discípulos de Cristo, em missionários”. “Rezo e tenho a certeza de que o que vai sobrar do Sínodo Diocesano é haver, realmente, mais católicos na Diocese de Lisboa convictos de que são cristãos, são missionários, e têm de dar testemunho; assim como teremos mais comunidades que ganharão também essa consciência, que não vivam isoladas para si próprias, mas como sujeitos ativos de uma missão permanente e criativa”, desejou.
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A intervenção dos Bispos Auxiliares de Lisboa
D. Joaquim Mendes: “Insistir na conversão missionária das comunidades, no encontro com Jesus Cristo, para se poder fazer iniciação cristã. É necessário formar comunidades missionárias.”
D. Nuno Brás: “Colocar a reflexão sinodal na pessoa de Jesus Cristo. O que tem raízes é o que é feito por Cristo, por isso temos de O colocar no centro das nossas vidas e das nossas comunidades.”
D. José Traquina: “A comunhão da Igreja faz-se nas diferenças que há entre nós. De destacar o apelo à conversão e ao testemunho. O sagrado da questão é a densidade do amor de Deus.”
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Comentários, em seis pontos, tendo como base os contributos que os grupos sinodais enviaram para a Comissão Preparatória do Sínodo Diocesano
FÉ
“As estruturas são um obstáculo. É preciso mudar, porque impedem a transmissão da vida. As estruturas têm sido mudadas mas os problemas não ficaram resolvidos.”
“Família e Igreja, se querem transmitir a fé, têm de ser santas. O ambiente social não é muito diferente daquele para onde foram enviados os primeiros cristãos. Não podemos recusar fazer parte da solução.”
“Não é possível iniciação cristã sem rutura da nossa parte, clero: é preciso mudar os métodos, o ardor, as expressões. Envolver jovens e famílias. Reconhecer a importância da pastoral familiar na juventude e relacionar as duas. Arriscar e atribuir responsabilidades aos jovens nas paróquias.”
Cónego Francisco Tito, Vigário‑Geral e Moderador da Cúria Patriarcal
COMUNIDADE
“Uma comunidade em Lisboa não é igual a uma comunidade do Oeste, mas na essência há algo em comum: fazer viver o Evangelho, dar espaço para que o Evangelho viva verdadeiramente nas pessoas.”
“O programa está traçado: ‘O sonho missionário de chegar a todos’, o que implica criatividade. É importante fazer surgir a ação, que as paróquias sejam capazes de sair, como o Papa Francisco apela tantas vezes.”
“Estabelecer comunhão na comunidade e entre a comunidade e a Igreja. Procurar fazer com que os grupos paroquiais sejam capazes de viver na unidade. A caminhada sinodal precisa da oração da comunidade, porque estamos à procura das respostas para a nossa diocese, rumo a uma Igreja mais missionária.”
Padre Nuno Rosário Fernandes, pároco de Benfica e diretor do Departamento da Comunicação do Patriarcado
FAMÍLIA
“A família é o porto seguro da nossa vida. A missão da pastoral familiar é fazer pontes, que ligue todas as outras estruturas paroquiais.”
“Temos de tornar a família mais eclesial e a Igreja mais familiar. Na pastoral familiar temos de procurar evangelizar a família como um todo e acompanhar todas as etapas da vida dos casais, desde os primeiros anos de casamento, ao nascimento dos filhos até ao envelhecimento. E acompanhar também as situações de fragilidade, como a doença.”
“Famílias evangelizadoras: a família tem de se entender como sujeito da evangelização. Viver a fé em família, na oração, na profissão de fé, torna-a foco de evangelização para a sociedade. Há que colocar a família no centro da ação da Igreja. Não podemos evangelizar a sociedade sem começar pela família.”
Padre Rui Pedro Carvalho, diretor do Sector da Pastoral Familiar
PRESBITÉRIO
“O Sínodo Diocesano não é uma iniciativa só nossa nem é pontual. É a tentativa de responder a um programa que o Papa quer para toda a Igreja. Não é facultativo. O Sínodo Diocesano é um acontecimento que não pode ser olhado de fora, passivamente à espera de resultados. O Sínodo vai dar o que ele já está dar.”
“A importância de vivermos unidos e unidos na missão. As verdadeiras amizades constroem-se em torno de um projeto comum. Necessitamos de um projeto comum, assumido por todos como prioritário. Estabelecer metas e prioridades muito concretas. Este pode ser um dos grandes frutos do nosso Sínodo Diocesano.”
“Saber com clareza para onde queremos caminhar e onde investir o melhor das nossas energias, estabelecendo prioridades, sem deixar de responder a quem nos procura.”
Cónego Luís Alberto Carvalho, pároco de Nossa Senhora de Fátima e coordenador da pastoral na cidade de Lisboa
SINODALIDADE
[O orador apresentou uma parábola, com base na visita pastoral de um Bispo a duas paróquias ‘fictícias’, com novos párocos há cerca de um ano]
“Uma paróquia absolutamente dependente do seu prior, o qual, certamente cheio de boa vontade, mas esgotado e esmagado com tamanha carga sobre os seus ombros – que, todavia, ele próprio carrega porque não delega nem partilha –, fica sem tempo, sem predisposição e sem condições para um adequado exercício do seu ministério sacerdotal.”
“Uma comunidade permanentemente chamada à coresponsabilidade e à participação, onde (quase) todos se sentem colaboradores primeiros do seu pároco, a quem reconhecem a autoridade de um guia bom pastor.”
“Para o Bispo, tornou-se, então, muito clara a ideia: como meta, a missão; como método, a sinodalidade.”
Diácono Duarte João, membro da Equipa de Seleção e Formação dos Candidatos ao Diaconado Permanente
MISSÃO
“A missão é clara para todos nós. Ela é-nos delegada pelo próprio Senhor Jesus Cristo quando, nas suas últimas palavras, a sintetiza de forma muito clara: ‘Ide e fazei discípulos’.”
“A melhor forma de ir ter com quem já não vem ter connosco é procurando o lugar onde eles se encontram. Procurá-los na naturalidade e na espontaneidade da própria vida. Sem medo.”
“É preciso deixar o modelo de uma Igreja muito clerical, ou pelo menos estruturada a partir de uma ideia clerical. Há que encontrar linguagens e metodologias que vão ao encontro dos afastados. Desejo que este Sínodo Diocesano proponha modelos diferentes de comunidades paroquiais.”
Padre Paulo Franco, pároco do Parque das Nações e diretor do Secretariado da Ação Pastoral
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Quatro projetos de evangelização apresentados durante a Jornada Sinodal do Clero
iVangelho
Projeto da paróquia de Monte Abraão que nasceu da necessidade de explicar e dar pistas para colocar em prática o Evangelho. Semanalmente, desde abril de 2014, publica um vídeo no site (www.ivangelho.com), com diversos padres, de Lisboa e outras dioceses, mas também religiosos. Os vídeos já obtiveram mais de 75 mil visualizações e num colégio o iVangelho é a oração da manhã para 500 miúdos. No Advento haverá novidades.
Missão País
É um projeto de universitários para universitários, que nasceu em 2003, com 20 estudantes da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Até hoje já existiram 154 missões, em 75 terras de Portugal. Em 2016 haverá 43 missões, feitas por 39 faculdades diferentes, que vão envolver 1800 universitários (em Lisboa serão 33 missões, com cerca de 1400 estudantes). É um tempo forte de encontro com Jesus Cristo, com os outros e para os outros.
Missões familiares
Iniciativa criada na paróquia da Póvoa de Santo Adrião, impulsionada pelo Sínodo Diocesano, que desafia famílias praticantes, a pretexto de um acontecimento cultural na paróquia – seja uma conferência ou exposição –, a convidarem pessoas afastadas da Igreja mas que tenham simpatia ou admiração pela fé cristã. Segue-se um convite para um encontro em casa da família cristã, para debater o que tinham visto e para dar conhecer o Evangelho.
Religiosidade popular
A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitou as paróquias do Sobral, algo que não acontecia há 50 anos, com o pároco a salientar que a religiosidade popular dá muito à Igreja. De destacar a preparação da visita, com catequeses, e os momentos de oração durante a feitura das flores para Maria. A visita de Nossa Senhora chegou a todos, até os não católicos enfeitaram as suas casas, estiveram presentes, participaram.
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