Editorial |
P. Nuno Rosário Fernandes
Por um escutismo católico
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Um pouco por toda a diocese, e não apenas, o ano pastoral já vai em velocidade cruzeiro. Neste, são contemplados todos os dinamismos, inclusive as atividades escutistas que encontramos em grande parte das paróquias.

Com mais de 100 anos de fundação, este movimento juvenil fundado em Inglaterra por Baden Powell é considerado atualmente o maior em todo o país, e tem expressões diversas, na procura de proporcionar uma formação integral àqueles que se predispõem a crescer pelo jogo, pela disciplina, pelo serviço, pelo encontro, pela entrega, pela espiritualidade e pela religião. Estas últimas estão muito presentes na essência do movimento, sobretudo tendo em conta que o militar inglês, que começou por fazer um simples acampamento para rapazes, afirmava-se como cristão anglicano.

Mais tarde, um sacerdote jesuíta, francês, vai fundar o escutismo católico. Após uma chávena de chá com Baden Powell, o padre Jacques Sevin, tomando contacto com a realidade deste movimento, decide fundar os escuteiros católicos em França. Era o ano de 1913, às portas da Primeira Grande Guerra Mundial. Em 13 de fevereiro de 1918 é fundado, então, o primeiro agrupamento clandestino, sem uniforme, com o nome de ‘A Companhia dos Guias’. Na base está uma lei e promessa própria, alicerçadas pela oração inspirada em Santo Inácio de Loyola.

Sobre este novo modo de fazer escutismo, católico, o próprio Baden Powell considerou a obra do padre Sevin como “a melhor realização do meu pensamento”.

Esta ideia foi, de facto, uma grande obra, com reconhecimento mundial que tem formado homens e mulheres sob valores humanos e cristãos, lançando-os para a vida com um olhar diferente sobre o mundo.

Porém, há uma questão que muitas vezes se coloca e sobre a qual me vou detendo na reflexão. Se o escutismo tem uma base religiosa, e o escutismo católico é, ele mesmo, um movimento da Igreja Católica, porque tantas vezes a espiritualidade não é cuidada e os valores do Evangelho parece que são desvalorizados? Corro o risco de ser injusto, mas o escutismo, para muitos pais, é mais um centro de atividades interessantes e desafiantes onde colocam os seus filhos, proporcionando-lhes a experiência do ar livre e a oportunidade de algumas horas. Para os próprios, o escutismo pode ser um momento de convívio com os amigos e a oportunidade de fazer umas coisas giras, chegando inclusive a passar umas noites fora. Para os chefes, de responsabilidade dada ao cuidado dos que lhes são confiados, o escutismo é visto como uma missão a desempenhar. Porém, onde nem sempre está presente a religião, uma vida de prática cristã ou a coerência na vida para o testemunho aos mais novos. É um desafio que vai estando presente e que, pela exigência na formação e no acompanhamento por parte de quem é responsável, pode proporcionar um escutismo católico mais parecido com o original. 

Na perspetiva do padre Sevin, no escutismo pretende-se levar a Boa Nova através do jogo, mas todo o jogo tem de ser preparado: “Toda a atividade, seja ela qual for, prepara-se na oração”.

Esta semana foi apresentada, em três cidades do país (Porto, Braga e Lisboa), uma fotobiografia do padre Jacques Sevin, da autoria da Madre Madeleine Borcereau, a 3ª Prioresa das Irmãs de Santa Cruz de Jerusalém, congregação feminina fundada por aquele sacerdote jesuíta. Será, certamente, um instrumento útil para conhecer e voltar às origens.

 

P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt

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