Tem início este Domingo a 14ª Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos dedicada às questões da família. Subordinada ao tema ‘A Vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo’, esta assembleia quer, acima de tudo, encontrar caminhos para uma maior valorização da família descobrindo e acentuando o seu lugar e procurando “reforçar a sua centralidade ativa na comunidade cristã”. Este poderá ser, segundo o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, que participa neste sínodo, um dos frutos desta reunião magna do episcopado mundial cujo instrumento de trabalho reflete nesta dimensão: “A comunidade cristã renuncie a ser uma agência de serviços, para se tornar, pelo contrário, num lugar no qual as famílias nascem, se encontrem juntas, caminhando na fé e partilhando percursos de crescimento e de intercâmbio recíproco” (IL, 53).
Refletindo sobre este artigo do Instrumentum Laboris para este sínodo, dou por mim a sentir-me interpelado sobre a responsabilidade que temos, como comunidade cristã, em toda esta crise de valores que se repercute na crise da família, no modo como a família é apresentada, na forma como os governos a defendem ou não, nas novas formas de ser família que se impõem ou que determinados ideais nos querem impor. Mas mais importante, ainda, é a forma como cada um é capaz de defender a família. A sua família, a família da comunidade, a família da Igreja, a família do mundo onde cada vez há menos comunicação. Embora a tecnologia nos possa transportar cada vez mais longe e de modo mais rápido e eficaz, vamo-nos percebendo mais isolados num mundo que vamos criando, onde deixa de haver a verdadeira comunicação. No entanto, não é tempo de nos lamentarmos mas de acordarmos para uma realidade que pode mudar se cada um fizer a sua parte. Se nos sentirmos em culpa será ocasião para acolher a misericórdia de Deus e deixar que essa nos renove e permita recomeçar. Por vezes, parece que nos deixamos adormecer numa anestesia à qual nos acomodamos e assim perdemos a capacidade de mudar o rumo que pode estar ao nosso alcance. A comunidade cristã deve ser esse lugar de encontro, de partilha, de experiência concreta de uma vida fundamentada na fé, onde existe a comunicação. Mas existe essa comunicação? Não estaremos a criar e alimentar ruídos que impedem a comunicação? A comunicação também é comunhão, e o próprio Deus ao comunicar-Se entrou em comunhão connosco. Se na família, na comunidade, no mundo existir a verdadeira comunicação, que passa pelo diálogo, pela escuta, pela humildade, pela disponibilidade para perder, será possível chegar a essa comunhão. Na comunicação, porque não a podemos restringir, está sempre presente a relação interpessoal e por isso mesmo deve ser possível o diálogo, o perdão, a reconciliação que torna eficaz o mesmo ato de comunicar. Talvez tenhamos, por isso, entre a comunicação e a misericórdia um ‘encontro fecundo’ por descobrir. O Papa Francisco vai ajudar-nos nesta descoberta.
P. Nuno Rosário Fernandes, diretor
p.nunorfernandes@patriarcado-lisboa.pt
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
A Santa Sé acaba de divulgar o tema da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026....
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Domingo é o Dia Mundial das Missões. Há 99 anos, decorria o ano 1926, o Papa Pio XI instituiu o Dia Mundial...
ver [+]
|
![]() |
Pedro Vaz Patto
No âmbito das celebrações do ano jubilar no Patriarcado de Lisboa, catorze organizações católicas (Ação...
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Há notícias que nos entram pelo coração adentro deixando-nos um misto de sentimentos. A nomeação do P.
ver [+]
|