DOMINGO XXVII COMUM ANO B
“Quem não acolher o reino de Deus
como uma criança,
não entrará nele.”
Mc 10, 15
Muitos olhares, ouvidos e expectativas convergirão para o Sínodo dos Bispos sobre a missão da família na Igreja e no mundo, que se inicia, neste Domingo, em Roma. Também convergiram para Jesus, no Evangelho de Marcos deste Domingo, os rostos atentos dos que lhe perguntaram sobre a possibilidade de um homem repudiar a sua mulher. E depois de sublinhar a dureza de coração que gerou o facilitismo de Moisés, claramente favorável aos homens, Jesus sublinhou o essencial: o amor é dom e compromisso, e Deus é a sua fonte inesgotável.
Muito se escreveu e escreverá sobre a união do homem e da mulher, sobre o matrimónio e a vida familiar, sobre a indissolubilidade e as feridas de uniões fracassadas. Mas as razões (ou a falta delas) daquilo que une e desune um casal são tantas como é a realidade de cada relação, o seu passado e o seu futuro. Do encantamento inicial à fidelidade que é "o amor ao longo do tempo" a aprendizagem de dois "serem um só" é fruto de tantos factores que só a humildade os pode alicerçar. Jesus, mais do que procurar respostas para os sofrimentos do casamento, aponta o ideal que o deve sustentar: a união esponsal não é mágica nem imune ao sofrimento, e, contudo, querida por Deus, é uma vocação sublime e maravilhosa. Assente na alegria de um dom recíproco, participa da acção criadora de Deus, mas, como tudo o que é essencial, só cresce se for verdadeira, e corrompe-se quando não é alimentada. Como acolher e valorizar aqueles que só realizam este ideal numa segunda união? Viverão, aos olhos de Deus, um "amor de segunda qualidade"?
Mais do que decisões "revolucionárias" pergunto-me como irá propor o Sínodo da Família o amor e a misericórdia na vocação matrimonial e familiar a que Deus chama. A santidade proposta por Jesus deixou de atrair a humanidade, simplesmente porque Ele derramou o perdão e abriu caminhos de futuro a quem era "imperdoável" e vivia como excomungado? Será a santidade ainda um "triunfo individual" para quem não se "corrompeu" com as fragilidades do mundo, ou uma graça "comunitária" para quem muito "é perdoado, porque muito amou"? A verdade que liberta tem muito mais a ver com a realidade que precisa de ser salva, do que com o ideal (felicidade para quem o vive e o testemunha) que é preciso oferecer a todos.
Como viveremos o amor-misericórdia do ano jubilar que se aproxima? Acolhendo e abraçando-o como uma criança, não será?
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