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À procura da Palavra
Ser o maior
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DOMINGO XXIV COMUM Ano B

"Jesus então perguntou-lhes:

«E vós, quem dizeis que Eu sou?».”

Mc 9, 35

 

Escutar este evangelho em ambiente de campanha eleitoral fez-me pensar imediatamente na “ambição” que líderes e partidos vão, directa ou indirectamente, revelando. Como poderia haver um verdadeiro confronto se não se desejasse “ser o maior”, “ficar em primeiro”, “ter mais votos do que os outros”? E o pior é que, às vezes, parece que se concretiza o popular rifão: “em casa onde não há pão, todos ralham, e ninguém tem razão”! Mas o pão até parece que vai havendo, só que, infelizmente, anda mal distribuído, e encontrar juntos os caminhos para a justiça e para a dignidade de vida acessivel a todos, não cativa o interesse, porque aí, “todos seríamos maiores!”

A glória, a grandeza, o excesso, a fama, sempre enredaram as aspirações humanas. Mesmo quando o começo se reveste de humildade e alegria em servir o bem comum, nenhum de nós está isento de lhes resistir. E lembro-me como no filme “O advogado do Diabo”, com Al Pacino e Keanu Reaves, o tentador acabava por afirmar: “a vaidade é o meu pecado preferido!” Seja no dito orgulhoso da pequenita de seis anos que diz às amigas que tem “mil vestidos de carnaval”, ou no excesso de fotografias em que se expõe a toda a gente o sítio luxuoso das últimas férias, este desejo de “mostrar”e de “aparecer” pode ser gosto de comunicar, mas vai criando algumas doenças novas.  

Perante a insistência de Jesus em falar aos discípulos num final desastroso daquela campanha messiânica, eles preferem “assobiar” para o lado. É verdade que quando a realidade é dura e difícil, exigindo o nosso compromisso é tentador afastarmo-nos dela. Conta-se que, em 1917, quando andava a revolução russa nas ruas, os dignatários da Igreja ortodoxa russa debatiam acaloradamente as cores dos paramentos litúrgicos! Não é preciso ir tão longe, pois encontramos vários exemplos, até nas nossas vidas menos revolucionárias, das vezes em que nos enredamos em questões insignificantes e em guerras dispensáveis. Discutir sobre qual dos discípulos era o maior, quando o Mestre falava de sofrimento e morte, podia ser medo perante este modo desconhecido de triunfar, mas também a velha (e sempre nova) “mania das grandezas”!

Ser o último e o mais pequeno não é convite à passividade ou ao complexo do Calimero (o pintaínho preto dos desenhos animados, que se lamentava de ser vítima de injustiça por ser pequenino)! É descobrir a grandeza de cada um pelo que é, e pelo que é chamado a ser e a fazer pelos outros. É despir-se das aparências e libertar-se do desejo de fama. É saber que o seu valor está no que é e não no que tem, e não precisa do que é exterior para “ser inteiro” (como dizia Fernando Pessoa). Assim, na criança, como símbolo desta “pequenez” podemos receber Jesus, “o maior”, porque a sua grandeza não oprime ninguém, antes eleva todos!

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