Márcia Rodrigues é uma jovem médica com uma vida marcada pela Missão. Nasceu no dia 13 de maio de 1983 em Faro e foi batizada no dia 25 de dezembro desse mesmo ano em Albufeira. As duas datas, são também um estímulo e uma orientação para toda a sua vida: ser humilde e colocar-se ao serviço tal como Maria o fez.
A catequese e a vida familiar foram fundamentais para a formação cristã da jovem Márcia, sobretudo quando, a partir do 10º ano e após a escolha da área científico-natural, surgiu um período conturbado de dúvidas de fé, face às certezas da ciência.
Cuidar dos outros
“Na minha busca pessoal de ‘querer ajudar os outros’, tornou-se óbvio que ‘ajudar’ passava por ‘cuidar’ e, por isso, o curso de Medicina foi uma escolha natural.” Márcia teve que despedir-se da sua terra natal e do conforto do lar para partir para Lisboa, para entrar na Faculdade de Medicina. No entanto, o próprio curso foi sempre uma confirmação da sua vocação de estar ao serviço dos outros: “o principal estímulo sempre foi a relação com os doentes – a eles, procurei dar o meu melhor, com a maior dedicação possível, mas certamente recebi mais do que alguma vez fui capaz de lhes dar!” Nesta dádiva aos outros, aconteceu com naturalidade a sua reaproximação à Igreja, uma “aproximação tímida e tacteante”, através de um pequeno grupo de reflexão na Faculdade de Medicina de Lisboa. Em grupo, participavam na Eucaristia no Hospital de Santa Maria e na Missa das Universidades. E foi precisamente numa Missa das Universidades que Márcia conheceu os Leigos para o Desenvolvimento: “desde logo, senti-me atraída pela missão, mas ainda não era o momento certo.”
Chamada a algo mais
No 3º ano do Internato Complementar de Genética Médica, Márcia sentiu que era chamada a algo mais, e foi então que se recordou dos Leigos para o Desenvolvimento: “apesar de gostar da minha profissão, naquele momento, sentia-me incompleta e senti que tinha mais a oferecer… para mim, ser voluntária não era um passatempo, nem tão pouco um capricho a satisfazer numas férias quaisquer, mas sim uma forma de estar, a ‘minha’ forma de estar.” Assim, em Outubro de 2011, iniciou a formação anual dos Leigos para o Desenvolvimento: “o receio inicial da perspetiva de uma missão de longa duração foi progressivamente desaparecendo, para dar lugar a uma aproximação genuína a Deus, num rico percurso de crescimento espiritual e pessoal. Deixei de tratar Deus na 3ª pessoa do singular e passei a tratá-lo por ‘Tu’, pois descobri o Seu amor e a revelação desse amor incondicional e a Sua presença constante passaram a ser a minha força.” Esta formação trouxe consigo dois importantes compromissos para a vida de Márcia: o primeiro foi o sacramento do Crisma, que recebeu no dia 27 de Maio de 2012; o segundo, dois meses depois, foi assumir a disponibilidade para partir em missão.
Partir em missão para estar ainda mais perto d’Ele
No final da formação dos Leigos para o Desenvolvimento, “sentia-me cada vez mais chamada a partir em missão e, através do ‘Sim’ que recebi, pude dar resposta a esse chamamento. Acreditava, tal como hoje acredito, que estar em missão é estar ainda mais perto d’Ele. Em missão, transfiguramo-nos, procuramos ser espelho de Jesus Cristo na vida daqueles que nos rodeiam. Em missão, vamos além daquilo que julgávamos ser os nossos limites e vamo-nos conhecendo melhor, nas nossas fragilidades e nos nossos talentos.” Márcia partiu em missão para Benguela no dia 27 de setembro de 2012 e regressou a Portugal no dia 27 de setembro de 2014. Foram precisamente dois anos repartidos entre Benguela (Angola) e Cuamba (Província do Niassa, Moçambique) onde Márcia ganhou “duas novas famílias, seis novos irmãos. Cada uma das minhas comunidades foi (e ainda é) uma família para mim e, sem dúvida, uma das maiores graças que recebi! Juntos, partilhámos momentos de grande alegria e comunhão, ultrapassámos desafios, imprevistos e dificuldades, através da oração, do respeito mútuo e do amor fraterno, sempre unidos por algo muito superior a nós, Aquele que sempre nos amparou e deu sentido à nossa missão.” O seu tempo de missão foi repleto de trabalho com crianças e jovens, profissionais de saúde e “mamãs” (como tratavam as senhoras), procurando formar e capacitar, no âmbito de projetos de saúde e de empoderamento de género e também de acompanhamento pastoral em Benguela, na Casa do Gaiato e em Cuamba, na Pastoral Universitária. “Procurei formar e capacitar, mas quem sofreu maior transformação e capacitação fui eu própria.”
Regressar para continuar a Missão
“Em Missão, recebi a maior dádiva da minha vida e a pessoa que hoje sou, apesar de ser feita do mesmo barro e ser trabalhada pelas mãos do mesmo oleiro, é infinitamente mais rica e consciente da vida e do mundo que a rodeia… No regresso a Portugal e ao hospital onde trabalho, procuro dar continuidade à missão, tentando perceber qual o caminho a seguir para melhor fazer render os talentos que recebi de Deus, na entrega constante e no serviço aos outros, para que os frutos desta planta que sou possam saciar quem me rodeia e, assim, cumprir a vontade de Deus… grata, dia após dia, por tudo aquilo que d’Ele recebo e alimentada por esta transbordante vontade de servir.”
![]() |
Guilherme d'Oliveira Martins
A Santa Sé acaba de divulgar o tema da mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial da Paz de 2026....
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Domingo é o Dia Mundial das Missões. Há 99 anos, decorria o ano 1926, o Papa Pio XI instituiu o Dia Mundial...
ver [+]
|
![]() |
Pedro Vaz Patto
No âmbito das celebrações do ano jubilar no Patriarcado de Lisboa, catorze organizações católicas (Ação...
ver [+]
|
![]() |
Tony Neves
Há notícias que nos entram pelo coração adentro deixando-nos um misto de sentimentos. A nomeação do P.
ver [+]
|