Domingo |
À procura da Palavra
Não ao medo!
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DOMINGO XII COMUM  Ano B

"Porque estais tão assustados?

Ainda não tendes fé?”

Mc 4, 40

 

Das muitas imagens de Jesus menino a dormir que conheço, a maior parte delas integradas nalgum presépio, há uma que sempre me faz sorrir quando a lembro. Não sei bem onde a vi, mas recordo-a com nitidez: Jesus está deitado de lado, com uma caveira como almofada! Parece chocante, como deve ter parecido aos discípulos aquele sono sereno do Mestre, no meio da tempestade e do mar alterado. Mas aquele sono oferece-nos uma confiança, faz-nos entrar no mistério da vitória sobre o mal e a morte, derrete o gelo do medo e do abandono. Quantas vezes Jesus insistiu com os discípulos para não terem medo, e até no encontro com o Ressuscitado o temor e a alegria apareceram tão misturados! 

Há momentos em que a natureza impõe o seu respeito. Há situações humanas em que as forças destruidores parecem dominar tudo. Há crises e inseguranças que despertam medos ancestrais. E é sobranceria alguém dizer que nunca teve medo. O que é importante é o que fazemos com o medo: como o dominamos ou nos deixamos dominar por ele, como não desistimos de utilizar a inteligência, como procuramos a verdade em vez de ceder às ilusões! Sempre me irritaram os adultos que gostam de “criar medo” nos mais novos: “Cuidado com o papão!”; “Lá fora estão coisas más!”; “Tu nunca vais conseguir alcançar esse sonho!”. E o pior é quando se encontra alguma semelhança com atitudes religiosas que acentuavam o “medo do castigo de Deus e de ir parar ao inferno” para que não nos afastássemos d’Ele, ou a “exclusão religiosa e social” de quem falhava nalgum preceito religioso. Não, o medo nunca foi caminho para o amor!

Quando os discípulos descobrem o medo, naquela passagem do mar tormentoso à outra margem (símbolo do grande desafio da Igreja, de ir mais além, “ao largo”, ao encontro dos diferentes, às periferias!), Jesus desperta. Dar ordens ao mar e ao vento é um símbolo da vitória sobre a morte, aquela que gera o maior medo. E o assombro dos discípulos remete-nos para a surpresa, para o desejo de conhecer ainda mais Jesus, e não fazermos da fé um amuleto ou uma alavanca. É o dinamismo da surpresa que ajuda a vencer o medo do futuro. Haverá sempre a tentação de ficar a olhar para trás, manter-se à margem a molhar os pézinhos, conservar o que se tem, controlar a criatividade. São modos “simpáticos” do medo nos dominar! Mas viver com Jesus é apostar mais no risco e na ousadia, no despojamento para adquirir um tesouro, na alegria de tudo trocar por uma pérola, na coragem de passar à outra margem.  

Ao começar o seu pontificado, o Papa que agora chamamos S. João Paulo II, fazia à Igreja e ao mundo um convite: “não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder!” Foi desta frase que me lembrei ao subir de novo à barca do evangelho de hoje. O homem que causa admiração aos discípulos é Deus connosco que continua a maravilhar. Com Ele vencemos os medos, e não haverá margem nenhuma da vida que nos seja estranha. O que nos prende ainda a barca ao cais?

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