A “religião e o diálogo das civilizações” foi o tema do painel que reuniu três líderes religiosos, no passado dia 22 de maio, no Centro de Congressos do Estoril, em Cascais, com o Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, a destacar a educação como uma solução para a paz.

“A corrupção que as religiões podem sofrer ultrapassa-se com educação”, salientou o Cardeal-Patriarca de Lisboa, na sua intervenção, onde também destacou duas causas comuns da atualidade que aproximam as religiões. “A ecologia e a causa dos refugiados são causas comuns que devem concitar da parte dos líderes religiosos e de pessoas que se afirmam religiosamente um interesse muito particular. Creio que, com estes pares de motivações, podemos efetivamente criar futuro”, salientou.

No painel que foi moderado pelo jornalista Henrique Cymerman, o Sheikh David Munir, Imã da Mesquita de Lisboa, manifestou interesse em ver o Islão “considerado como uma das religiões da Europa", com vista a travar fundamentalismos e distanciou-se dos autores do autoproclamado Estado Islâmico, na Síria. “Sinto muita dor ao verificar que infelizmente, muitos dos muçulmanos fazem coisas que não têm nada a ver com o Islão”, salientou. O responsável muçulmano em Lisboa concordou ainda com a necessidade de uma educação com vista à paz. “Temos de combater, educando as pessoas, explicando às pessoas o que elas estão a fazer, não é o que deveriam estar a fazer, como também a crença que eles têm – a crença não permite fazer aquilo. É um caminho que temos que caminhar”, referiu.

O rabino Abraham Skorka, reitor do Seminário Rabínico Latinoamericano e amigo próximo do Papa Francisco, lembrou a importância do diálogo político para a construção da paz e afirmou que “as ideias e os ideais são hoje em dia religiosos. A religião tomou o lugar que a política ocupava no século XX”. Este responsável religioso apontou o estimulo das crianças e das gerações seguintes “com alegria, com amor” para romper com um clima de “ódio”, lembrando a ultima viagem do Papa Francisco a Israel. “Essa é a grande solução para o problema da paz”, concluiu.