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A uma janela de Roma
Presos, doentes e voluntários no centro do Jubileu da Misericórdia
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Foram anunciadas iniciativas para o próximo Jubileu da Misericórdia. Na semana em que destacou a coragem dos homens e mulheres que aceitam o desafio do matrimónio cristão, o Papa visitou uma paróquia de Roma e encontrou-se com os Cursilhos de Cristandade. O Papa Francisco e o presidente de Cuba, Raul Castro, vão-se encontrar este Domingo, 10 de maio.

 

1. O Vaticano anunciou esta semana algumas iniciativas para o próximo Jubileu da Misericórdia (www.iubilaeummisericordiae.va), que tem como lema ‘Misericordiosos como o Pai’. A iniciativa proclamada pelo Papa Francisco, com a abertura a 8 de dezembro deste ano e o encerramento a 20 de novembro de 2016, inclui gestos concretos de misericórdia. Francisco não quer um Ano Santo concentrado em Roma e pede a cada diocese especial atenção às exigências locais e que haja uma Porta da Misericórdia em cada catedral, ou santuário particularmente importante.

O calendário das celebrações inclui, no entanto, algumas datas significativas. Destaque para o jubileu dos voluntários (a 4 de setembro), dos adolescentes crismados (a 24 de abril), dos doentes (a 12 de junho) e dos presos (a 6 de junho). Neste último caso, por exemplo, o Vaticano está a estudar a hipótese de alguns reclusos saírem das prisões para celebrar o Ano da Misericórdia, pessoalmente, junto do Papa Francisco. De resto, já no passado mês de março, um grupo de presos da prisão de Pádua – acompanhado de voluntários que os visitam – participou e saudou o Papa na audiência que concedeu ao movimento Comunhão e Libertação, na Praça de São Pedro. Durante todo o Jubileu prevê-se, da parte de Francisco, múltiplas iniciativas de misericórdia – simbolicamente junto das “periferias existenciais”.

 

2. A tradicional catequese das quartas-feiras no Vaticano foi dedicada à beleza do matrimónio cristão. O Papa Francisco lembrou que o casamento não é simplesmente uma cerimónia com mais ou menos “fotos” ou “flores”, mas um sacramento que gera uma nova comunidade familiar. “O sacramento do matrimónio é um grande ato de fé e de amor: testemunha a coragem de acreditar na beleza do ato criador de Deus e de viver o amor que leva a ir cada vez mais longe, para além de si próprio e também para além da própria família”, explicou, na Praça de São Pedro, em Roma. “A vocação cristã para amar sem reservas e sem medida é aquilo que, com a graça de Cristo, está na base também do livre consentimento que constitui o matrimónio”, acrescentou, agradecendo a coragem dos homens e mulheres que aceitam o desafio do casamento e apresentando-os como “um recurso essencial para a Igreja e para o mundo”.

Durante a audiência-geral, o Papa associou-se ainda às celebrações do 70º aniversário do fim da II Guerra Mundial, em território europeu, que se vai assinalar em várias capitais, ao longo dos próximos dias. “Confio, por intercessão de Maria Rainha da Paz, os votos de que a sociedade aprenda com os erros do passado e que diante dos conflitos atuais que estão a dilacerar algumas regiões do mundo, todos os responsáveis civis se empenhem na busca do bem comum e na promoção da cultura da paz”, desejou.

 

3. O Papa visitou, no passado Domingo, 3 de maio, a paróquia Regina Pacis, nos arredores de Roma, tendo sido acompanhado por uma multidão que foi surpreendida pela visita um parque de diversões vizinho. O local conta com a presença de um grupo de religiosas católicas, que acompanham os feirantes e vivem em autocaravanas. “A alegria não se compra no mercado nem se ganha a jogar no parque de diversões, a alegria é um presente do Espírito Santo e nós cristãos devemos pedi-la”, explicou Francisco, ao encontrar-se com um grupo de jovens escuteiros, a quem pediu que tenham “caras alegres” e que “saibam ver o lado positivo da vida”, para o poder oferecer aos outros.

O Papa chegou junto à igreja da Rainha da Paz no habitual automóvel utilitário, mas optou por passar a pé pelo meio das pessoas que o esperavam, durante alguns minutos, cumprimentando e abençoando os presentes. Francisco, que teve ainda tempo para as ‘selfies’ antes de se encontrar com um grupo de idosos e pessoas com deficiência num campo de basquete. “Agradeço ao Senhor porque nesta comunidade se toma conta dos idosos e dos doentes: quando na comunidade eles não têm cuidados, falta alguma coisa”, lembrou. O Papa sublinhou que este é um trabalho feito em favor dos “pobres de Deus” e pediu orações por si, “já um pouco velho e um pouco doente, mas não muito”.

A visita prosseguiu com a celebração da Missa, durante a qual Francisco voltou a condenar os que “bisbilhotam” ou “esfolam” o seu próximo com más palavras e “negócios sujos”.

Antes de voltar ao Vaticano, o Papa argentino saudou as pessoas que tinham ficado fora da igreja, completamente lotada. “Obrigado pelo vosso caloroso acolhimento. Levo-vos no coração”, declarou.

 

4. O Papa encontrou-se, no passado dia 30 de abril, com o Movimento dos Cursilhos de Cristandade, reunidos em Roma para celebrar a Ultreia Europeia nos 70 anos de difusão do movimento no mundo. Francisco recordou que “o ardente desejo de amizade com Deus” dos Cursilhos ajudou milhares de pessoas em todo o mundo a “crescer na vida de fé” apostando em “relações de amizade autêntica” e acompanhando as pessoas no seu caminho. “Um caminho que parte da conversão e passa através da descoberta da beleza de uma vida vivida na graça de Deus e chega até à alegria de tornar-se apóstolos na vida quotidiana”, frisou o Papa.

 

5. O Papa Francisco vai encontrar-se com o Presidente de Cuba, Raul Castro, neste Domingo, 10 de maio. A visita, que antecede a viagem do Papa a Cuba em Setembro, é "estritamente privada", segundo o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi. Este será o primeiro encontro entre o Papa Francisco e o líder cubano, mas segue-se ao histórico acordo de restabelecimento de relações diplomáticas e comerciais entre os Estados Unidos e Cuba, anunciado em dezembro passado. Na altura tornou-se público que o Vaticano tinha desempenhado um importante papel de mediação do conflito entre os dois estados.

Bento XVI e João Paulo II visitaram Cuba durante os seus pontificados, mas nem Raul Castro, nem Fidel, seu irmão e antecessor na presidência cubana, visitaram antes a Santa Sé.

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