O Carnaval, com as suas loucuras e exageros, já passou. Mas, infelizmente, não passaram aquelas notícias e aqueles acontecimentos que há bem pouco tempo julgávamos que fossem simplesmente impossíveis no séc. XXI já entrado e que estamos a viver – aquelas notícias internacionais e nacionais mas, igualmente, aquelas que nos dizem respeito e que tocam tantos que vivem à nossa volta e conhecemos: guerras, mortes, sofrimentos, fome, miséria.
Não fosse a certeza da graça de Deus e o olhar que ela nos dá (nos exige mesmo) sobre o mundo em que vivemos e onde, apesar de tudo, descobrimos tantos sinais da presença de Deus, e quase éramos levados a não querer sair de casa.
Mesmo assim, para além dos propósitos que cada um assume como meta a atingir no início de mais uma Quaresma, e daqueles que são constantes e propostos a todos e a cada comunidade em cada ano que passa e que têm a ver com a oração (porque a fonte do nosso existir é Deus, e sem Ele nada podemos), o jejum (porque não são as modas nem o mero prazer a comandar a nossa vida) e a caridade (porque o olhar para os outros, particularmente para os que mais precisam, não é apenas nosso mas o olhar e o agir do próprio Deus), penso que não seria de todo desajustado se nesta Quaresma (e não apenas aos cristãos) propuséssemos um simples passo. Trata-se de aprender (reaprender, talvez) a sermos mais humanos.
Com todo o ritmo do quotidiano, com toda a globalização que nos torna indiferentes, com as formas de pensar que subtilmente nos vão impondo como se fossem a coisa mais natural do mundo, fomos perdendo em humanidade. Tornámo-nos pouco humanos. A desgraça e a morte tornaram-se habituais, comuns, e fizeram-nos insensíveis. Não nos indignamos. A maior parte das vezes, nem sequer sofremos. Fomos perdendo primeiro a razão e a razoabilidade; depois, segui-se-lhes o fim da consciência e da noção do bem e do mal, para logo depois, se ir despedindo o coração. Terminaremos por perder o Homem. Ficaremos apenas com o animal que destrói e devora.
É por isso que talvez valesse a pena, nestes dias que nos separam da Páscoa (que constitui o maior hino alguma vez proclamado em favor da humanidade), que procurássemos todos reaprender a ser mais humanos. Apenas um pouco mais. E que disso nunca desistíssemos.
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