O Patriarca de Lisboa estimulou o novo Bispo Coadjutor de Beja, D. João Marcos, a “procurar a tantos”, nas planícies alentejanas ou por perto, que ainda não conhecem o Reino de Deus. Antigo membro do presbitério de Lisboa, D. João Marcos foi ordenado Bispo no passado Domingo, 23 de novembro, nos Jerónimos.
A igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos, encheu-se para a ordenação episcopal de D. João Marcos. Foram muitos os cristãos, uns familiares, outros amigos, outros ainda antigos paroquianos das paróquias onde o novo Bispo Coadjutor de Beja foi pároco, que quiseram estar presentes na sagração do mais recente membro do episcopado português. Foi no passado Domingo, 23 de novembro, sendo Bispo sagrante o Patriarca de Lisboa. Referindo-se ao novo Bispo Coadjutor de Beja como “estimado irmão e amigo”, D. Manuel Clemente lembrou que a ida de um padre da diocese para terras alentejanas não é algo inédito. “[D. João Marcos] seguirá um caminho já feito por anteriores bispos auxiliares de Lisboa, que daqui seguiram para a mesma diocese irmã: D. Manuel Santos Rocha, D. Manuel Falcão e D. António Vitalino, que é o seu atual pastor. Deus o acompanhará onde o envia, em Cristo que sempre nos espera na variada Galileia deste mundo”.
Os sentimentos do próprio Deus
A celebração de ordenação episcopal de D. João Marcos decorreu no dia da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, com o Patriarca de Lisboa a sublinhar a pertença dos cristãos ao Reino. “É realmente belo e esplendoroso o Reino que hoje celebramos. Mas tem como condição indispensável o acolhimento prático de Cristo presente em cada ser humano. É a nossa conduta neste ponto que garante ou não em cada dia se pertencemos ou não ao Reino eterno”. Citando, depois, a profecia de Ezequiel – «Eu próprio irei em busca das minhas ovelhas e hei-de encontrá-las […]. Eu as levarei a repousar, diz o Senhor Deus» –, escutada na primeira leitura, D. Manuel Clemente apontou a missão dos Bispos: “Em Lisboa ou em Beja, ou seja aonde for, não encontramos melhor definição do trabalho a fazer: Procurar, encontrar e levar todos ao prometido repouso. Foi essa a vida de Cristo, é esta a missão dos cristãos, é este, muito especialmente, o sagrado ministério dos pastores do Povo de Deus”. O Patriarca de Lisboa explicou depois cada um dos termos: procurar, encontrar, levar. “Temos de procurar a tantos, mesmo sem esperar que nos procurem a nós! A Igreja apostólica é um envio permanente, e ‘em saída’, como agora a quer o Papa Francisco. As planícies alentejanas alongam-se muito, mas a procura também se faz por perto, de quem está aí mesmo ao lado e ainda não foi devidamente ouvido ou sequer notado. E temos de encontrar realmente, com o que tal significa de coincidência com o outro, como é, como está, como espera ou quase desespera. Encontrá-lo e deixar-se encontrar, com vontade de ir ou disposição de acolher, para que os rostos se definam, os sentimentos se expressem e os caminhos se reabram. E temos de repousar por fim, em existências dominicais autênticas, que em cada ‘dia do Senhor’ encontrem no louvor divino e na convivência comunitária a harmonia e a paz que deixam respirar o mundo”. Para D. Manuel Clemente, “o mais importante, naquele trecho de Ezequiel, é serem estes, e sobretudo, os sentimentos do próprio Deus”. “E, neste ponto, tocamos o âmago da espiritualidade pastoral, pois que participa por graça e encargo da prontidão divina em buscar e encontrar a cada um e em levar-nos a todos ao repouso da perfeita comunhão. Por isso todo o rito acontecerá em oração. Para que no novo bispo aconteça e se assinale a presença de Cristo, o rei-pastor. Para que Deus seja, realmente, tudo em todos!”, terminou o Patriarca de Lisboa, dirigindo-se especialmente a D. João Marcos.
Família surpresa
De entre as muitas centenas de pessoas que participaram na ordenação episcopal de D. João Marcos estiveram presentes muitos familiares do novo bispo. Uma das suas irmãs, Piedade Sequeira, partilha ao Jornal VOZ DA VERDADE a alegria daquele momento. “É uma surpresa enorme e uma grande alegria. O meu irmão é uma pessoa tão simples e, por isso, nunca o imaginei como Bispo”, aponta. Esta irmã destaca “a verdade” das palavras de João Marcos que foi escutando ao longo da sua vida. “Sempre me tentou transmitir as coisas com simplicidade mas com muita verdade. Aprendi isso com ele”, lembra.
Também uma das sobrinhas do novo Bispo, Sara Pereira, recorda alguns dos momentos mais marcantes passados com o ‘tio João’, como carinhosamente o trata. “Ele tem celebrado todos os sacramentos da minha família. Guardo, na memória, os Natais que passámos juntos, no Milharado e, mais tarde, em Camarate ou Apelação, em que íamos à Missa do Galo”, refere. Esta sobrinha, que recebeu a notícia da nomeação de D. João Marcos com “surpresa”, projeta “muitos frutos” para a nova missão do seu tio. “Vai ser difícil mas, ao mesmo tempo, dará muitos frutos. Sair e ir para Beja é pôr-se na vontade de Deus”, refere Sara Pereira, que garante ter “uma família muito contente” com a ordenação episcopal de D. João Marcos.
Agradecido
No final da celebração, numa alocução escrita, o novo Bispo Coadjutor de Beja começou por lembrar o seu percurso formativo, a sua família e os primeiros anos como sacerdote, no Patriarcado de Lisboa, agradecendo a Deus. “Eu Te bendigo porque me deste a vida numa família cristã, e fizeste crescer em mim a graça batismal. Dou-Te graças pelos meus pais, pelas minhas irmãs e outros familiares e pelos meus formadores e colegas nos Seminários do Patriarcado e na Paróquia de Nossa Senhora dos Anjos. Dou-Te graças pela minha formação teológica no Seminário dos Olivais e no Instituto Superior de Estudos Teológicos e pelo meu percurso na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Agradeço-Te os primórdios da minha vida de presbítero na equipa sacerdotal da Merceana (...). Dou-Te graças por me teres oferecido o Caminho Neocatecumenal como ajuda para o meu crescimento e como instrumento pastoral para renovar as paróquias na esteira do Vaticano II”.
Num momento que recebeu muitos aplausos, D. João Marcos dirigiu-se depois, de forma especial, à Igreja de Lisboa, que o “acolheu”, destacando os últimos Patriarcas da diocese. “Dou-Te muitas graças, Senhor, pelos Patriarcas que deste à Igreja de Lisboa e que foram para mim verdadeiros pais na fé”. “Querida Diocese de Lisboa que na adolescência me acolheste e me formaste, que servi como presbítero durante quarenta anos e que agora tenho de deixar: como Deus te ama! Não esqueças a gesta evangelizadora que te glorificou no passado. Abre-te ao sopro do Espírito que dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus, para proclamarmos que Jesus é o Senhor, e assim renova a face da terra. Que a alegria do Evangelho e o testemunho da caridade de Deus sempre resplandeçam no rosto dos teus pastores e nas tuas comunidades cristãs, na sua rica diversidade”, frisou.
Dirigindo-se depois aos seminaristas do Seminário dos Olivais e do Seminário ‘Redemptoris Mater’, e também aos presbíteros e diáconos que acompanhou enquanto diretor espiritual, D. João Marcos deixou uma mensagem emotiva. “Obrigado pela vossa amizade. Rezai por mim, permanecei firmes no Senhor, amai-O generosamente, servi-O com alegria! A vida e a felicidade de muita gente dependem da vossa fidelidade”, sublinhou.
Por fim, aos cristãos de Beja, presentes em grande número no Mosteiro dos Jerónimos, o novo Bispo Coadjutor manifestou a sua inteira disponibilidade para a nova missão: “A partir do próximo Domingo [30 de novembro] estarei inteiramente ao vosso serviço. Vós sois o jugo que o Senhor agora me chama a levar unido a Ele. Sei que o ministério episcopal é, de si, um jugo pesado, mas também sei por experiência que são verdadeiras as palavras do Senhor que me assegura: Porque Eu estou contigo, «o meu jugo é suave»”.
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