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O terrível preço da liberdade dos Cristãos no Paquistão
Hoje vamos fugir
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Ninguém ouviu falar ainda nos Nadeem, ao contrário de Asia Bibi, condenada à morte por blasfémia. Eles são uma família vulgar, vivem no Punjab, são cristãos e têm três filhos: um rapaz e duas meninas. Por causa delas, por quererem convertê-las à força ao Islão na escola que frequentavam, tiveram de fugir. Perderam tudo mas continuam livres. Não atraiçoaram a sua fé.

 

Durou apenas meia dúzia de minutos. Perante a ausência deliberada do advogado de acusação, o juíz do Supremo Tribunal de Lahore, Anwar Ul Haq, foi forçado a adiar, uma vez mais, a decisão sobre o recurso apresentado por Asia Bibi, condenada injustamente à morte por blasfémia a 8 de Novembro de 2010. A nova audiência ficou marcada para 16 de Outubro. Até lá, apesar do desespero e da impotência, os advogados desta mulher cristã nada podem fazer. Ela continua detida numa cela na prisão feminina de Multan e, com a excepção de uma visita por mês do marido e das duas filhas, pois a prisão fica a oito horas de autocarro de Lahore, onde vivem. Asia Bibi passa os dias a rezar. É assim que encontra forças para resistir ao medo, à angústia das horas, à incerteza do que lhe vai acontecer. Se o Supremo Tribunal não se decidir a seu favor, não haverá mais recursos possíveis para a pena de morte. Mas ela diz-se confiante.

 

Tragédia silenciosa

É raro o dia em que não se oiça falar de histórias de cristãos acusados de blasfémia. Os Cristãos ocupam, muitas vezes, o lugar mais baixo no complicado sistema de castas que compõe a sociedade paquistanesa. São como os intocáveis. Sem recursos, desprezados por quase todos, não conseguem defender-se quando são acusados de blasfémia. E qualquer mentira serve para isso. Asia Bibi é bem o exemplo da tragédia silenciosa que se vive no Paquistão.
Lahore é uma cidade grande situada na província do Punjab. Provavelmente, Asia Bibi nunca ouviu falar em Maqbol e Nabeela Nadeem. São um casal cristão, vivem em Khanewal, e têm três filhos: um rapaz e duas meninas, Ngam, Noor-e-Sahar e Nisha.

 

Conversão forçada

Ao contrário da maioria da população cristã, os Nadeem estavam bem integrados na sociedade. Ela dava aulas numa escola secundária administrada pelo Exército da Salvação e ele tinha uma pequena loja de bairro. As crianças, com 14, 12 e 8 anos de idade, frequentavam uma escola pública. No Paquistão, no ensino público os estudos islâmicos são obrigatórios. Ou seja: as meninas tiveram que aprender e recitar alguns versículos do Alcorão na presença de outros professores e alunos. Tal como a blasfémia que corre depressa de boca em boca até se tornar em verdade absoluta, também neste caso alguém disse que aquelas meninas, cristãs, se tinham tornado muçulmanas e deviam, por isso, passar a ter educação religiosa correspondente. Os Nadeem foram informados disso e ficaram em pânico. São muitas as histórias de jovens cristãs sequestradas, convertidas ao Islão e que nunca mais são restituídas às suas famílias.

 

Recomeçar tudo de novo

Que fazer? A pressão para “entregarem” as suas filhas foi aumentando de tom. Sem ninguém que os defendesse, decidiram fugir. Ninguém ia atraiçoar a sua fé. Nabeela demitiu-se da escola, ele fechou a loja e foram-se embora. Agora estão em Yohanaabad. Apesar de tudo, tiveram alguma sorte. Nesta cidade há uma escola dirigida por uma comunidade cristã anglicana e Nabeela conseguiu logo trabalho. Nadeem está ainda desempregado. Os dias são compridos em Yohanaabad. O salário de Nabeela é muito pequeno para as despesas de toda a família. Mas, ao menos, estão todos juntos e ninguém foi violentado na sua fé. São muitas as famílias forçadas a fugir, tal como os Nadeem, só por serem cristãos. Asia Bibi provavelmente nunca ouviu falar nos Nadeem nem conhece as suas filhas. Em comum, porém, têm a mesma fé, rezam as suas orações na mesma língua e conhecem, como poucos, o que é a perseguição por causa da religião. Asia Bibi continua detida numa cela em Multan. Os Nadeem fugiram de casa, deixaram tudo o que tinham para que as suas filhas não fossem sequestradas e convertidas ao Islão. É longo e penoso o caminho que os Cristãos têm de percorrer no Paquistão.


www.fundacao-ais.pt | Tel. 217 544 000

texto por Paulo Aido, Fundação Ajuda à Igreja que Sofre; fotos por Lusa
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