DOMINGO DE RAMOS Ano A
"Salva-Te a Ti mesmo;
se és Filho de Deus, desce da cruz.”
Mt 27, 40
Os dias de Páscoa são densos. Não são pesados ou dolorosos mas têm uma profundidade diferente de todos os outros. Ser-me-ia difícil vivê-los em viagens ou desligado de comunidades com quem pudesse celebrar os momentos centrais da fé em Cristo. E até a primavera convida a recordar o percurso doloroso das sementes, que germinaram e subiram da escuridão da terra, para alcançar o sol. Quantos caminhos semelhantes são os meus e os nossos?
Por estes dias morreu Manuel Forjaz, o professor e empresário que, nos últimos tempos, testemunhou a tantos como é possível abraçar a vida, e encontrar-lhe sentido mesmo quando um cancro nos parece derrotar. Apenas o conheci pelas imagens e palavras que a televisão e os jornais nos fizeram chegar. De paixão e de amor à vida se escreveram os seus 50 anos e o livro que nos deixou intitula-se: “Nunca te distraias da vida”. Fez-me lembrar a frase que ouvi ou li em algum lado: “O importante é não morrer antes do tempo” ou, como diz no início de um poema, Sebastião da Gama: “Que a Morte, quando vier, / não venha matar um morto”!
Entramos na semana santa guiados por São Mateus com o relato da paixão de Jesus, revelador de compromisso e doação, até ao fim. A ceia pascal abre para o futuro da presença de Jesus no meio dos seus discípulos; a oração no jardim apresenta um modelo de oração de confiança e de consciência da dor que o amor até ao fim sempre comporta; ao ser preso Jesus confirma o compromisso pela não-violência. Nada pode deter a sua fidelidade ao Pai e aos homens. Quanto mais cresce a tensão à sua volta, e se levantam vozes, gritos e últimas tentações, mais Jesus se remete ao silêncio. Todas as palavras já foram ditas; as poucas que pronuncia até à cruz são para revelar a identidade de Filho, a missão de perdoar, a comunhão com o sofrimento de todos os homens e mulheres. Não, Jesus não se salva a si mesmo porque veio para salvar todos; não desce da cruz porque todo o amor verdadeiro tem dores de maternidade, e a morte é condição para a vida em abundância.
As negações de Pedro revelam a sua e a nossa fragilidade. Como é difícil não ceder à revolta e projectar caminhos mais fáceis de salvação! E apesar dos “nãos”, sabemos como Pedro e nós amamos Jesus. E como Pedro nos é oferecida a oportunidade de manifestar esse amor, de não nos fecharmos na culpa. Por isso, viver por dentro estes dias, é sempre aprender que é possível amar mais e melhor. Que o fim torna-se princípio, e convida a um passo mais largo. Que todos os caminhos de paixão se fazem com outros, e com Jesus, que naquela Páscoa começou a inventar tantos modos de se fazer presente! Que “até ao fim” nos é dado viver?
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